Hélio Schwartsman > EUA criam universidade em que é proibido cancelar Voltar
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Numa metáfora que Quine atribui a Neurath, este diz: estamos num barco em alto mar e temos que reconstruir o conhecimento e crenças que herdamos dentro desse barco. Ciência e filosofia estão dentro do barco. Temos que reconstruir o sistema de dentro; trocando as partes que não funcionam. O cancelamento tem que ser eliminado, conjuntamente pela ciência e pela filosofia moderna. Uma nova tarefa pragmática, movida pelo falibilismo, tentativas e erros.
A.J.Ayer, da filosofia analÃtica, publicou "Linguagem, Verdade e Lógica" em 1936. Tinha vinte e poucos anos e analisava o princÃpio de verificação como critério para determinar se uma sentença era significativa. Em 1946 disse que a paixão da juventude o impediu de ver os problemas out fi ósofos apontavam. O pensamento crÃtico é desenvolvido com debates. Se termos como referência, significado, verdade , correspondência, são adequados na justificativa de nossas crenças. O cancelar se discute.
O cancelamento envolve uso da linguagem, de vocabulário especÃfico e certos pressupostos. A filosofia sempre se preocupou com a busca da verdade utilizando métodos mais adequados ou cientÃficos. Descartes admitia o dualismo mente e corpo. Rorty, utilizando a filosofia analÃtica identifica mente e corpo, e propõe uma filosofia neopragmática que rejeita a mente como espelho do mundo, mas onde o entendimento e a sensibilidade fazem uso da história, da prática social; novo esquema e conteúdo.
O politicamente correto é civilizatório até certo ponto. O espÃrito "bully" que imperou até a década passada (desrespeitando minorias e achando tudo isso "merecido e engraçado") tem que ser combatido. Mas sabemos que muita gente tem ultrapassado o bom senso e interditado o debate público por ninharia, problematização doentia, paranoia. Não dá, mesmo, para apoiar essa onda anti-intelectual. Esse delÃrio já ganhou espaço demais nas universidades, nas redes sociais e na mÃdia.
E há uma grande diferença aÃ: lá nos EUA são os próprios estudantes que custeiam seus cursos universitários!!! Aqui os canceladores identitários e racialistas são custeados por nós!!! Já que isso provém das Universidades Públicas Brasileiras
Pedro Américo, o meu post foi uma resposta ao do José Flávio, que repetiu a cantilena do liberalismo tupiniquim, que se diz contrário às "intervenções do governo na liberdade das pessoas", a ponto de achar que o ensino universitário poderia ser autossustentável apenas com as anuidades dos alunos. Claro que o financiamento do poder público é fundamental e que doações de particulares podem contribuir muito, embora também possa dar margem ao "eu pago, eu posso influenciar nas ementas".
Não entendi Luiz. Doações do governo e particulares não ajuda na pesquisa e desenvolvimento, formando pessoas cultas? Não vejo problema, muito embora lá a prioridade e para o ensino fundamental e médio, que e gratuito e de qualidade. Não e a toa que são desenvolvidos.
José Flávio, o grande erro dos admiradores do sistema americano de universidades particulares é achar que estas são totalmente independentes de verbas públicas, logo do "governo", logo são "livres" (eu acrescentaria: para fazer qualquer coisa, inclusive incentivar o racismo, por exemplo). Na verdade, todas eles dependem de doações de particulares, que podem querer mandar nos currÃculos, e do próprio governo, que financia áreas de pesquisa mais custosas. O mito Liberal é só um mito...
E eu achando que o foco de nossa preocupação deveria ser a fragilidade da nossa resistência à destruição das universidades públicas brasileiras, por um gover no despó tico...
O conflito apontado pelo texto é intrÃnseco à própria formação da universidade e tem sido enfrentado dentro de sua dinâmica, sem necessidade, eu acho, de soluções moralistas de fora da vida universitária, como esta proposta.
A cultura do cancelamento é sinônimo de mediocridade e universidades não são lugar para mediocridades.
Espero que seja a primeira de muitas. É preciso tirar os Robespierre e a sua consequente histeria do comando. Civilização só existe quando respeitamos o direito do outro contestar o que defendemos. Ou isso, ou nos render a dogmas, um caminho sempre mais fácil.
Caro Hélio, interessantÃssimo: artigo despretensioso, mas que me deu o que pensar. Acho meritória a iniciativa relativamente à s ideias, tão quanto válidas as ações de seu exemplo - se sou judeu, porque comprar bolachas de um nazista? Contudo, não creio que o nazista deva ser impedido de vender sua bolacha - afinal de contas, são bolachas, não ideias criminosas. A sociedade decidiu que aquelas ideias nazi não podem ser vendidas (praticadas), mas não as bolachas. Mas isso permite que [continua...]
Apesar de também me alinhar com os resistentes ao politicamente correto ainda que compreenda a maioria das motivações dos que assim agem, privilegio no texto a posição intransigente, absoluta, necessária e inegociável da natureza ontologicamente plural do espaço e atitude universitária, lá o politicamente correto como filtro de legitimidade temática é uma regressão civilizatória, uma invasão pedagógica e uma mutilação intelectual. Parabéns Hélio. O tema merece aprofundamento factual
[continuação]...permite que o nazi viva com suas ideias, desde que não as pratique, id est, mate judeus ou pretos ou mesmo deixe de lhes vender seu produto. No caso da universidade, isso significaria poder discutir "porque o nazismo tem horror aos pretos?" mas não impedir que um deles participasse da discussão ("aqui não entram pretos"). Será uma armadilha? Aceitar a existência da ideia, mas não sua prática? Porque se ela não puder ser desconstruÃda, perdurará. O bagúio é bem lôko, mano Hélio..
O mundo funciona como um pêndulo.
inversão pedagógica e não invasão pedagógica
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