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Chega a ser cômico ver as pessoas chamando os escravos de escravizados como se isso mudasse alguma coisa do que aconteceu séculos atrás
Extremamente lúcido o texto. O exagero tira a seriedade e abre brecha para a ridicularização de uma causa que é nobre e necessária. Tem que se ter bom senso, senão o que é sério vira motivo de chacota.
Gostaria de uma coluna do articulista sobre o uso do gênero neutro, que para mim também soa como algo imposto e não uma evolução natural e gradual da lÃngua. Me interessa muito a opinião dele como entendido que é do assunto. Se esse artigo já tiver sido escrito, gostaria do link.
Renata comentou um comentário meu (e já respondi agora :-) ). Retribuo agora comentando-a: apenas um palpite, mas creio que o gênero neutro será passageiro...
Obrigada! Coluna já lida e apreciada.
https://www1.folha.uol.com.br/amp/colunas/sergio-rodrigues/2020/11/fiquem-calmes-amigues.shtml
Excelente!
Temos que rejeitar a novilingua do politicamente correto, que em geral é hipócrita e cientificamente falsa.
Essa questão de dizer que não existiu escravos e sim escravizados também merece alguns questionamentos. Aqueles em condição de livres que eram capturados e trazidos ao Brasil poderÃamos dizer que foram escravizados. Ao passo que os nascidos no regime, na época, escravocrata ser uma instituição legal já eram, por nascimento, escravos e não escravizados. Com esse raciocÃnio da "patrulha" os brasileiros não são brasileiros, mas na realidade "abrasileirados".
Caro, o que Rodrigues quis salientar - ecoando o autor estadunidense - com emprego de escravizado ao invés de escravo, talvez seja que ninguém seja escravo por natureza, como se a escravidão fosse uma essência (pensamento de Aristóteles), uma disposição natural. Ela é uma instituição. PassÃvel de crÃtica. Se era escravo em um dado ordenamento jurÃdico. Filhos de escravizados poderiam vir um dia a ser forros, livres. Portanto, nunca é-se escravo, apenas se está (transitoriamente) na escravidão.
Continuação. Dessa forma, após o registro do assento de nascimento, não serÃamos brasileiros e sim "abrasileirados". Na acepção do termo nem deverÃamos nos considerar brasileiros, pois preteritamente isso era sinônimo entre outras coisas de ser criminoso. Mas a patrulha...
Texto razoável. O autor está equivocado quanto à palavra mulato, ela não é pejorativa. Segundo o Dicionário de Arabismos da LÃngua Portuguesa, de Adalberto Alves, editado pela Imprensa Nacional-Casa da Moeda, S.A. Lisboa, Portugal. A palavra tem origem Ãrabe "muwallad" e foi incorporada ao português com a expansão islâmica no ano de 711. Significa misto e designava os filhos dos árabes com os brancos. O Belo animal mula tem esse nome por ser um mestiço. Logo, mulato não deriva do animal.
Eu penso quase o mesmo. Refraziaria: muwallad, em árabe, é filho de árabe com mãe não-árabe. E a maior prova de que mulato não vem de mula (ou de mulus, masculino, como era em latim) é que nunca existiu um verbo mular (para miscigenar), e portanto não faz sentido que mulato seja particÃpio passado de um verbo inexistente. Nem em português, nem em espanhol. Em espanhol "muwallad" deu origem também a "muladÃ", com um sentido que se afastou daquele em árabe.
Pra refutar esses argumentos é só recorrer ao esquecido dicionário: Aurélio, Houaiss, Caldas Aulete, mas creio que isso não vai resolver até porque esses dicionários são de lÃngua portuguesa. Segundo Djamila Ribeiro, os negros falam "pretuguês" e não português, então, acredito que não seria viável comprovar que essas palavras não seriam racistas através de um "dicionário de brancos".
Foi exatamente essa a minha impressão sobre aquele artigo, mas calei. Maior infelicidade ainda por ele ter sido publicado em razão do Dia da Consciência Negra.
A Paranóia e o neopuritanismo antiracial, que em tudo enxergam racismo, tem na FOLHA sua maior fonte de divulgação e obsessivamente tenta a todos os dias criminalizar e culpar os brancos pelos insucessos dos negros. Há vários artigos e escritores ganhando dinheiro nessa pregação. Perigoso isso!
Comentario perfeito, tem muito malandro querendo ganhar sem trabalhar no meio dessa historia. Impossivel nao lembrar do livro 1984 de Orwell com esse policiamento idiotizante hehehe
E ai de quem criticam, são taxados de racistas e fazem até campanha de cancelamento da pessoa em redes sociais e pressionam que a pessoa até perca o emprego por causa disso mas, a própria Folha de SP lidou com isso ironizando as crÃticas dizendo que a própria de longe seria racista porque a própria deu espaço para os negros coisa não muito comum em outros lugares até um tempo atrás, enfim, veremos até onde essa militância vai dar.
Todos aqueles que querem viver em uma sociedade livre e unida deveria repelir os extremos. Deveria repudiar a patrulha. Observe, não as pessoas, que deveriam ficar no campo de suas ideias malucas. Mas a sociedade deve ter mecanismos de repelir essas ideias malucas do campo da prática. Quando esses discursos ganham corpo econômico, como ocorre hoje com empresas querendo lacrar, o perigo vai muito além do abstrato, podendo virar semântica permanente no telefone se fio da sociedade.
Excelente artigo! O bom senso tem passado longe de muitas posições que se opõe à razão.
Que temos que combater o racismo machismo e muitos ismos é incontestável, mas não criando outros mecanismos de perseguição e lacraçao a todos que achamos que não se enquadram, pq isso se torna um ismo tão perigoso qto o fascismo e o nazismo, só que com sinal invertido , pois, o nÃvel de desconstrução de quem não se adequar aos novos rumos ditados por essa turma é tão violento quanto!!
É histórico no Brasil a falta de padronização de objetos e disso se justifica que inclusive as telhas tipo francesa também tenham problemas de encaixe entre as de fabricantes diversos, porém as patrulhas dizem que a falta de padronização de telhas do tipo colonial envolve uma questão de preconceito racial. E a francesa é o quê? Eu e uma amiga, com compleição fÃsica um tanto maior que a média nacional, se fossemos fabricar telhas nas coxas certamente essas seriam miúdas. A patrulha é patética.
Esse artigo teve a virtude de tirar da toca muitos bolsonaristas enrustidos dentre os assinantes da Folha. :-)
Oi Renata, acho que você entendeu meu comentário ao avesso. Me referi ao que me pareceu ser um exagero na posição de diversos dos comentaristas. Mas minha posição pessoal é pela cautela com relação a tais tentativas de revisão dos termos da lÃngua. E também de respeito e atenção à s motivações que levam a revisões.
Comentario infeliz, tipico de reacionarios de sinal trocado hehehe
Eu sou crÃtica dessa patrulha censora da linguagem e não sou bolsonarista.
Parabéns pela análise lúcida. Patrulhismo é ação que combina com queima de livros, censura, Index, etc. Tá faltando mais abertura para ressignificar, melhor que brigar com palavras é investir na semântica
Quem daqueles da minha idade não lembra do samba de Ataulfo Alves: Oh Ô, mulata assanhada/Que passa com graça/Fazendo pirraça/Fingindo inocente/Tirando o sossego da gente!- Pois é! Eu me apaixonei por essa mulata e durante muito tempo a procurei para casar e viver feliz em sua companhia!
Mais uma prova da importância da liberdade de expressão. Uma agência responsável por 'dizer a verdade', supostamente corrigindo erros de outros, lembra o 1984 do Orwell.
E cada grupo disputa sua vez como grande irmão. Esse tipo de intervenção cobrou um preço elevado no passado e, parece, não aprendemos nada com isso pois continuamos a praticar controle social, exercendo nossa hipocrisia ao tentar pasteurizar as pessoas e criando guetos ao invés de derrubar muros. Só geram discórdia. No fundo, somente a busca pelo poder.
Não faz muito grupos feministas nos EUA exigiram a mudança da palavra " history" por "herstory" , em combate ao machismo.
Houve também um evento feminista na Bahia que foi denominado “ovulário” ao invés de “seminário”.
Agência de checagem nem deveria existir. É outra estrovenga fascista que se usa da pretensa "autoridade" do jornalismo para tentar desmoralizar o pensamento oposto. Banalizaram a palavra ciência. Usam a ciência como um carimbo quando querem descredenciar alguém. E o fazem não pela busca real da verdade, mas sim pelo patrulhamento ideológico. E o maior perigo, redes sociais usam isso para calarem pessoas.
Prezado senhor Marcos, brilhante resposta, muitos deveriam ter essa lucidez.......
Querido Julio Cesar, quando a ser bolsonarista, não me enquadro em nada que termine com ista. Nem bolsonarista, nem petista, nem morista, muito menos humorista. Mas cá entre nós, estamos todos no mesmo barco e precisamos fugir desse negócio de polarização. Precisamos esquecer o que nos afasta do real, do que abstrai para além da necessidade. E isso tanto a extrema direita, quanto a extrema esquerda o fazem da pior maneira.
Meu querido Julio Cesar, não é bem assim. Agência de checagem, quando serve de parâmetro para o usuário refletir e decidir se aceita ou não (e não de ação de fato), sim, concordo que seria bom existir, mas somente é útil se feita por um comitê amplo e aberto (sabermos que está curando). Hoje essas agências são caixas pretas, eivadas de ideologistas politiqueiros. E o maior perigo: estão sendo usadas por redes sociais para bloquearem usuários. Cuidado com os dógmas. Eles um dia vão te calar.
Muito pelo contrário, Marcos. Agências de checagem são importantÃssimas. Só quem defende fake news pode ser contra elas (tipo... muitos bolsonaristas. É o seu caso?). Mas elas têm que ttabalhar de modo correto e confiável.
Assim que construÃmos entendimentos e evoluÃmos o senso crÃtico, milÃmetro a milÃmetro.
Esse movimento de patrulha da linguagem é tipicamente um movimento fascista. Aliás, os movimentos anti-racistas e outros estão se transformando em um grande perigo ao rotular toda uma geração como culpada por algo que aconteceu há séculos. Uma pessoa de pele clara já nasce criminoso aos olhos dessa gente. O mesmo modus-operando do nazismo, ao criminalizar um conjunto de pessoas por algum atributo e demonizando esse grupo de pessoas. O termo "homem-branco" para essa gente é sinônimo de mau!
Ser branco, homem e heterossexual virou o novo pecado original. Já se nasce com ele. Mas, ao contrário do “original-original”, que é “lavado” com o batismo, pra esse novo não tem perdão. E não importa o quanto o cara se arrependa ou peça desculpas, está condenado à s fogueiras simbólicas da inquisição social e digital. Curioso que muitas vezes quem faz esse tipo de coisa se diz crÃtico de religiões. Mas age igual aos mesmos fanáticos da Idade Média.
Acho que faltou eu acrescentar que o que extrapolou o bom senso é a patrulha, não o q vc escreveu.
Perfeito seu comentário. Extrapolou em muito o bom senso, sempre deixado de lado.
A um dado momento da Revolução francesa tentava-se 'limpar' os nomens, de lugares, de famÃlia' dos elementos aristocráticos. Assim a cidade de Grenoble se chamava, por pouco tempo, Grelibre (xô ao nobre). Só Grenoble vem de Gratianópolis, ou sejs, o 'nobre' da cidade referida vem de pólis, cidade, e não de nobre. Ignoro se o G. Orwell do 1984 conhecia esse fato, mas ele teria gostado vert os acontecimento de hoje em dia * .
JULIO CESAR DE SIQUEIRA BARROS, 'xô aos nobres' não reside em "Grelibre", mas na atitude que provocou a interpretação errada de 'Grenoble vs Grelibre'. Na época revolucionária houve outros casos, "Bourg-la-Reine' a rainha foi cortada do nome, durante um tempo.
Muito bom!!! Bem lembrado. Grenoble: city in southeastern France, from Roman Gratianopolis, named for 4c. roman emperor Flavius Gratianus. During the French Revolution the city was briefly renamed Grelibre, as if from noble.
Grelibre não tem como significar xô ao nobre. Parece haver algo de errado em sua descrição dos dados...
Bárbaro o artigo, muito bom o comentário do articulista, mas com o verbo judiar ele escorregou na maionese e judiou do leitor. Se o articulista que domina os termos da linguagem foi, no mÃnimo, ideológico na sua interpretação, que dirá de nós, os 99,9% dos brasileiros, que não dominamos a etimologia e temos dificuldade na comunicação. Que tal usarmos "bárbaro" pensando como os gregos e romanos o entendiam?
Sou preta e essa patrulha também me preocupa. A ideia de trocar o termo "esclarecer" por "escurecer" desconsidera um fato: a fisiologia da nossa visão. Nós(pretos, brancos, amarelos) enxergamos em cores e precisamos de luz para enxergar. É por isso que não pintamos nossas paredes de preto. É por isso que as religiões, incluindo as africanas, consideram o branco como sÃmbolo da pureza. Já repararam nas roupas brancas de pais e mães de santo? Qual é a cor de Oxalá? Será que ele é racista?
Pois é, Marlene, essa de esclarecer por escurecer, mostra o quanto o pessoal perdeu o bom senso.
Minha cara Marlene, o seu comentário é de grande lucidez.
Correndo o risco de ser perseguido pelas patrulhas antimachistas e antiviolência e, pior?, ser rotulado de minion, eu vou dizer: Marlene, você “matou a pau”!
Excelente. Às fico chocada comigo mesma quando digo 'judiação'. Acontece que cresci assim, sem a consciência da origem da palavra. Estou tentando eliminá-la, conscientemente, mas é mesmo um processo. Policiamento demais nada adianta.
*Às vezes
Muito interessante. Parabéns à Folha por contra argumentar a Agência Lupa, que é da própria Folha, de forma tão construtiva. Não sei se o texto saÃra em outros locais, mas por estar na Folha talvez fosse necessário informar que a Agência Lupa é da Folha.
Artigo sério e muito bem pesquisado (imagino, assumindo que esteja tudo certo). Obrigada pelo empenho.
Somos pródigos em futilidades. Preocupar com a invasão de cultura alienÃgena é que deve ser motivo de preocupação. Anos atrás, na antiga terra da garoa, hoje do orgulho gay, no Maksoud Plaza, no dia da Consciência Negra, onde pude abraçar o simpático e simples Martinho da Vila, havia lindas mulheres negras de reluzentes cabelos longos. Nenhuma de cabelos crespos como são os cabelos do poeta Martinho.
José Mário, mas que bobagemÂ… O texto aborda questões profundas que você chama de futilidades e vem com uma mistura maluca de crÃtica a neologismos “alienÃgenas” e provocações estilÃsticas de cunho racista. Para esclarecer: a lÃngua é viva e aceita neologismos de qualquer origem. Ela não morre por isso, mas adoece por razões que a coluna aponta.
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