Ilustríssima > Consagração da Semana de 22 impôs falsa ideia de que São Paulo foi o berço do modernismo Voltar
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O texto cumpre um papel importante de questionar a historiografia, de desvelar alguns processos de sua fixação. Ele incomodará a muitos, abrirá o debate, o que é salutar. Mas gostaria de destacar ponto menos chamativo: é preciso conhecer o Bilac das crônicas jornalÃsticas, muito diferente daquele dos poemas parnasianos e assim situá-lo no grupo de autores eleitos pelo autor como "modernos". Bilac substituiu o próprio Machado na crônica semanal do arrojado "A Gazeta de NotÃcias" ;)
Prevejo rancores, mágoas, replicas, tréplica. Professor Fischer mexeu num vespeiro. Vão sobrar ferroadas pra tudo quanto é lado.
O melhor texto que li nos ultimos tempos na folha. Obrigado
O pensamento maniqueÃsta não tem lugar na academia? É claro que sim. Excelente texto. Sorte que não havia o nosso marketing na época, senão seria pior, para o horror de Adorno. Hoje, no nosso zeitgeist, tudo pode virar "história", de Pablo Vitar, Maju e Emicida, até o Sertanejo Universalizado fomentado pelo AGRO(quenãoé)POP
Mais uma "tradição inventada".
A própria posição respeitável ocupada pelo autor que, inclusive, acabou de publicar um livro importante deveria ser motivo suficiente para que ele submetesse esse seu artigo a uma autocrÃtica: ninguém tem o direito de produzir tantas falácias achando que não existam leitores capazes de contestar solidamente a sua opção de criar maniqueÃsmos para poder exercer sua crÃtica. Quando os argumentos não se sustentam por si, é preciso que o argumentador se imponha essa autoanálise.
eta! de volta ao bairrismo. q coisa!
Sou professor e leio textos dos modernistas de 22 não por uma necessária glorificação da SAM. Trabalho porque são textos divertidos, brasileirÃssimos, agradáveis, não queixosos de um brasil miserável, mas antenados para as nossas contradições. Tanto melhor, quando lemos, por exemplo, Mário ao lado de uma letra de modinha ou de samba. Oswald em aproximação ao tropicalismo ou à poesia marginal. O "MacunaÃma" ao lado da Bruzundanga Barreteana. Só faltava essa: defenestrar a SAM em seus centenário.
Gosto muito e, sobretudo, respeito LuÃs Augusto Fischer. Por isso mesmo posso argui-lo sobre o seguinte fato: sua linha argumentativa é falaciosa. Ele precisou exagerar sobre a exaltação à SAM como uma glorificação que apagou os outros modernismos. Não foi verdade. Oswald morreu no ostracismo; Mário, desiludido. Os modernistas arrebentaram a boca do balão, sim. E quem quer que tenha consciência disso, não o faz pela desqualificação, por exemplo, de um Lima Barreto, ou de um Pixinguinha.
Você tem toda razão. O texto se constrói por inteiro sobre o exagero. Só no mundinho do autor a SAM exerce este papel na história cultural do PaÃs.
Corrigindo: Gosto muito de L. Augusto Ficher e, sobretudo, o respeito. No mais, confirmo o que penso: seu texto nesta Folha é falacioso. Seu maniqueÃsmo é, sim, um modo estranho que faz pensar que, para se antecipar à s intermináveis efemérides que se darão no ano que vem, houve uma estratégia de dar inÃcio ao debate ao modo do que vem ocorrendo hoje: uma ameaçazinha de cancelamento - sempre aplaudido por uma legião de entusiasmados midicult.
Pelo amor de Deus, como é que você afirma que não está atrás de heróis e vilões e, dois parágrafos depois, acusa alguém de operar uma "lamentável manobra intelectual" e uma "perversa invenção"? Faz o Bosi parecer um propagandista de regime barato.
O que era dominante até o inÃcio do século 20 era a ideia de cultura como algo vindo da Europa, particularmente da França. Mas ao lado disso, havia também uma tendência a buscar nos próprios povos algum tipo de identidade própria. Nesse ponto acho que o Mário de Andrade foi o grande nome do movimento, no que diz respeito à sua pesquisa musical meticulosa pelo interior do paÃs. Outro gigante nessa mesma linha, que aliás também participou da semana, é o Villa Lobos.
Texto excelente! Claro, elegante e longe do espÃrito treteiro do nosso tempo. Sou nordestino, da Bahia. A elegância do texto faltou em alguns comentários bairristas que pipocaram. Mas o bairrismo é um efeito secundário de nossa integração nacional mea boca feita durante a Independência. Paulistanos, cariocas ou baianos, somos, todos, mais provincianos do que nossa vã integração nacional há de admitir. Esse pré-modernismo brasileiro vai estourar logo ali, em 22.
Este "pré-modernismo" que, segundo o autor, foi a impostura intelectual de Augusto Bosi?
não me interessa quando começou, se com com Cabral ou ..., mas que aconteceu em São Paulo, aconteceu. E foi o velho e estroina Oswald de Andrade quem quem fez a única profecia com o seu Manifesto Antropófago: nós acabarÃamos antropófagos, se não de ideias e suculenta carne estrangeira, mas de esquálidos nós mesmos, mas primeiro estamos ensaiando com ossos em restos de açougues e lixões. Estão servidos? Ossos modernÃssimos, como diria o velho Mário, que nunca saiu totalmente do armário...
Pois é Dr. LuÃs, Nem uma linha sobre a Padaria Espiritual, precursora da semana de 22. O Brasil não é apenas Rio e São Paulo (arrrggghhh!!! duas bhooosstas). Mas pra que falar de coisa de nordestino/cearense, né doutor?. Apesar disso, a região continua inundando o paÃs com boa produção cultural, que vai além de modismos.
Uma distinção a fazer é entre SAM e modernismo. E devemos ver a emergência de São Paulo a partir de 22 como contraponto necessário ao império carioca. A tese de Fischer de todo modo faz sentido, apesar de algumas injustiças. Sérgio Buarque manteve no jornal carioca Diário de NotÃcias, ao longo dos anos 40 e 50, uma seção de crÃtica literária que não abona irrestritamente o modernismo. Discute a Geração de 45 sem preconceitos, entre outros temas. E o prestÃgio de Graciliano nada deve ao de Mário.
São Paulo sempre esteve na vanguarda do universo brasileiro e ainda esta e isto causa uma certa angustia naqueles que não são nascidos aqui ou não fazem parte do universo paulistano que é único no Brasil. Tentar desqualificar esta grandeza é difÃcil, em um estado que abriga a maior cidade do paÃs, cosmopolita aonde abriga varias culturas do mundo, além, a dela própria que é extremamente rica. O resto é equivoco .
Dizer que São Paulo sempre esteve na vanguarda do universo brasileiro é ignorar que por mais de três séculos os centros econômicos e de efervescência cultural foram outros. Para citar alguns: Salvador, Recife, Ouro Preto, Diamantina, Rio de Janeiro... Sem deixar de contar a produção de outros artistas de todas as regiões do paÃs.
Excelente artigo sobre os traçados que resultaram numa SAM com traços mais vigorosos da capital da cultura financeira, não apenas nos anos 20, mas até hoje. Senti falta de uma lupa sobre essa efervescência cultural do Rio, mencionada, mas que só um outro artigo daria conta. Parabéns.
Quando não tem uma revolução para chamar de sua, gaúcho esculacha a dos outros.....
A ideia do artigo parte de um equÃvoco: confundir um evento de sucesso com pretensão de paternidade. São Paulo era uma cidade provinciana e conservadora, e contra isso se insurgiram intelectuais do porte dos Andrade, Mario e Oswald, Tarsila, etc. São Paulo tornou- se uma metrópole moderna, cosmopolita e aberta a influências varias muito graças ao choque da Semana de 22 e das Bienais de Arte e do movimento concretista, em que somos expoentes mundiais.
Complementando o que eu estava dizendo, o que fica de 22: a ideia de coletivos de artistas que se organizam para fazer eventos anti-establishment e a noção de experimentação com a linguagem, que em 99% dos casos é um saco e mais parece um cacoete. E que em 1% dos casos muda a arte e a literatura para sempre.
Texto verdadeiramente bem escrito, sem uma gota de chatice. Legal. Sobre o debate em si: minha visão é que o autor tem mesmo um ponto. Por outro lado, sinto que ele enxerga essa oposição como mais importante na atualidade do que é (straw man argument). Não vejo essa ideia de que “nada de bom aconteceu fora de 22” sendo disseminada; pelo contrário, Machado sozinho é mais importante do que o movimento inteiro e os currÃculos escolares e universitários de hoje tendem a fazer jus a isso.
Bravo! De fato, sem demérito, só um fato, não há uma sequer expressão artÃstica (popular) atual, cuja origem tenha sido SP. Tudo importado, por muito dinheiro e pouca originalidade. Claramente, na esteira dos modismos (aqui também sem, necessariamente, deméritos) ou manifestações culturais naturais de outros estados. Para ficar só no Rio, vide escolas de samba e blocos de carnaval. Lamentavelmente, no teatro preferem (sem sucesso, ainda bem) ser Broadway. Urge uma Semana da Criatividade de 22!
Ok, Benedito, contribuições importantes. Gosto de todas elas. Mas falava sobre originalidade. Ruptura. Não vejo SP produzi-las.
São Paulo deu originalidade e modernidade ao rock brasileiro (Mutantes, Titans,Rita Lee) ao punk (Ratos do porão) ao rap ( Mano Brown, Emicida), vanguarda paulistana ( Arrigo Barnabe, Itamar Assumpção) foi inovador no teatro com ( Plinio Marcos,José Celso MartÃnez, Antunes Filho) e na poesia concreta (Irmãos Campos). Algumas contribuições contemporâneas e revolucionárias da metrópole.
Raymundo Faoro já dizia que o Brasil começou sem "Povo", nasceu de um projeto burocrático de "estamento" que se consolidou pela exploração do colonialismo europeu. Séculos se passaram até que a República surgisse também sem "Povo". E finalmente em alguns focos embrionários das cidades bastardas que sobraram do séc. XIX a turma (elite letrada) influenciada pelo underground cosmopolita (europeu) tenta se libertar do colonialismo escravagista para ajudar formar a cara da nova República.
Não, Professor. A SAM22 foi feita em São Paulo justamente, como o senhor argumenta, pela "ânsia de ruptura. Isso, sim, é que nasceu, ou renasceu, com o modernismo paulista". O ranço, também, era com o poema funcionário-público e a arte subvencionada, aceita nos salões da jovem República, do Parnaso com miasmas. Portanto, acho que o senhor, como A.Bosi, errou.
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