Sérgio Rodrigues > Estamos na maré da pós-verdade Voltar
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Sérgio, carÃssimo, que joelhaço abdominal... Excelente que os caras tenham apontado os limites da pesquisa e os riscos inferenciais, sinal de qualidade; cheira tão bem que vou tentar ter acesso artigo, se for aberto. É um "jeitão norte-americano" de fazer análise de conteúdo, essencialmente quantitativo, diferente de uma corrente francesa tipo Laurence Bardin, mais interpretativa, que demandaria IA. Mas temo que o nÃvel de distorção dos fatos ao qual chegamos, na ponta da criação [continua]
[cont.]... da criação dessas fábulas, tenha origem num certo mau-caratismo. Não tudo, certamente, mas como você mencionou o trAmpismo... Este, parece-me basicamente instrumental para a pppiicaretagem, mais do que deliróide. E, em relação ao olavão, ouvi o Reinaldo Azevedo fazer um relato muito interessante sobre uma guinada de um pensamento mais racional rumo à tosqueira reaça com a qual se fez popular. Não o desculpa pelo estrago, mas humanizou uma figura quadrupédica: foi bipede, no passado.
Como não existem limites para a linguagem, ela continua de forma ininterrupta a dar vocabulário para a maré da pós-verdade, desestabilizando a frieza do racional e criando um local de sentido para interpretações emocionais e projeções idealizadas. É o avatar orientado pelas verdades inautênticas ou construção afetiva das necessidades do 'sapiens'? Superficialidade atraÃda por fundamentos pessoais ou autonomia crÃtica da linguagem da condição humana? (Claudia F.)
O que complica a equação da pós-verdade é que há método e cálculo em toda essa loucura. Entre as pessoas escolarizadas no Brasil as que mais consomem e produzem fake news são oriundas das áreas de ciências exatas e biológicas. As emoções nunca foram o forte dessa turminha de privilegiados. Entre os menos escolarizados, a pós-verdade só não encontra terreno entre os trabalhadores organizados. E estes estão quase em extinção.
Pós-inteligência. Ouvir discurso esdrúxulo e entender normal. Um dos contextos da pós-verdade deve ser a pós-inteligência, não é?
A pós-verdade começou no inÃcio do século XX, com os filósofos kantianos analÃticos e semanticistas e sua lógica simbólica, Peirce e Frege, reduziram a semântica a um cálculo matemático de predicados, que acabou influenciando a posterior lógica computacional e seus algorÃtmos manipuláveis, com desprezo à questões ontológicas e metafÃsicas. Recentemente um filósofo de mesma linha Searle, procura recuperar uma certa lógica vamos dizer vital, a partir do estudo da mente e neurociência, bom sinal.
Muito interessante o estudo. Os anos 80 foram o inÃcio da computação pessoal, da Apple e Microsoft. Mesmo antes da internet, o fato de cada um ter um computador em casa chacoalhou aquele mundo do comando centralizado. Era mais evidente na URSS, mas empresas como a IBM também simbolizavam esse sistema de hegemonia do sistema sobre o indivÃduo, da razão sobre as emoções.
A coisa grande a que se refere o jornalista já é evidente num passar de olhos pelas redes sociais. Nem precisa contar palavras. Em a Era do vazio, Gilles lipovestsky perpassa este tema.
As emoções foram desacreditadas até as ultimas consequências no século passado. O homem era super racional para tudo: cientifico, pragmático, metódico era iluminismo, realismo, darwinismo.... Nesse século homem pendeu a balança para emocional tudo para os psicanalistas freudianos, os dadaÃstas, modernistas, ultra românticos.... o problema é que as pessoas viram a chave totalmente! mas se parar no meio do caminho a chave tava era bom.
Muito esclarecedor.
Eu não consigo entender as atitudes do jornalismo profissional. Entendo que redes sociais e derivadas alimentam e fortalecem o pós-verdade, que por tabela impulsionam o pseudojornalismo, o pseudointelectualismo, o polemismo, o pedantismo e a lacração, tudo que vai contra o bom e velho jornalismo. Muito raramente vemos no jornalismo opiniões condenando o pós-verdade, ou pelo menos indicando que não é bom e deve ser superado. Nessa lenidade vai levar outros 40 anos para superar isso. Estranho?
Acabo de conversar com um amigo baiano (que não é o Risério, mas poderia ser): estamos prevendo a "revanche dos iluminados" que virá assim que o Brasil virar essa página funesta. O básico do pensamento dialético agoniza. Aqui escreve alguém que já foi censurado pela turma do Bozo, e, agora, assiste às censuras florescentes da esquerda.
Que esquerda? Aquela bancada pela Fundação Ford?
Para mim agora faz sentido que tenha começado por volta de 1980, antes eu achava que tinha começado nos meados da década de 90 quando a internet se populariza e surgem os primeiros blogs e em seguida as redes sociais puxadas pelo Orkut. Em 1979 muitas coisas aconteceram e podem ter influenciado esta nova era: invasão do Afeganistão pela URSS, revolução islâmica e a queda da monarquia no Irã, atentado terrorista na mesquita de Meca, primeira (e breve) incursão israelense no LÃbano e a segunda...
... em 1982, que durou 18 anos, a chegada de Reagan e Thatcher e a consequente predominância do neoliberalismo no mundo, a reforma de Deng Xiaping reorientando a economia chinesa, etc. Com tantas coisas importantes acontecendo era de esperar que formadores de opinião ficassem confusos e a opinião pública que os segue, mais ainda. Interessante que ninguém notou onde tanta confusão ia acabar?
Concordo, Sérgio, a coisa deve ser mesmo muito grande, reforçou a mistificação no trato das relações sociais, deu fôlego para fundamentalismos á direita além de criar uma nova direita pós moderna travestida de esquerda que abandonou a macro análise pelas visões relativistas e fragmentárias, reforçou o irracionalismo, nas ciências humanas isso foi devastador, preparou o caminho para a extrema direita!
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