Demétrio Magnoli > O Império que não quer cair Voltar
Comente este texto
Leia Mais
Só não concordo com a parte que diz que o avanço da otan para leste é um erro histórico. A otan não avança sozinha, por conta e iniciativa próprias. Os paÃses interessados é que pedem pra entrar na aliança. Se a organização está avançando, é porque os paÃses do leste querem assim.
Uma boa perspectiva histórica. Uma grande mancada do inÃcio do século 20 foi o apoio militar direto russo à Sérvia, enchendo a bola do nacionalismo, o que resultou na grande guerra e pouco depois na queda e morte do próprio czar. A situação da Rússia atual lembra a do mundo germânico entre guerras, ansiando por recuperar o que perdeu. Uma espécie de maldição da múmia. Nesse ponto acho que a Otan é apenas uma desculpa conveniente.
Mais uma vez a História se repete, o mais forte ataca o mais fraco. Se a Humanidade continuar neste caminho, não haverá futuro, mais cedo, ou mais tarde será responsável pela sua própria extinção.
O que esperar de alguns colunistas se a própria Folha possui uma análise parcial dos fatos? A História é complexa, envolve diversas nuances e interesses, porém o Magnoli tende sempre à simplificação, parece ser um sujeito excessivamente apegado às próprias crenças, com seus heróis e inimigos de estimação. O jornalismo brasileiro precisa, urgentemente, superar o reacionarismo tosco! Sugiro à análise do colega de comentários Said Ahmed.
Faltou falar de impérios, e desde o inÃcio eles sempre estiveram presentes. Cairam três na primeira guerra, um deles se travestiu de império soviético, e também caiu. Tenho a impressão que não deixarão de existir enquanto existirem nações fortes e nações fracas (é a desigualdade em outro nÃvel), e é bom lembrar que não somos uma nação forte, apesar do tamanho. Assim como a Ucrânia, existem muitas nações pobres que não passam de peões no tabuleiro, no jogo das nações fortes. É a nossa condição...
A soberania acaba por ser relativa, pois as nações fortes ficam a expandir seus domÃnios aproveitando os flancos das pobres. Como escrevi outro dia, o poder foi tomado em 2014, após o então governo ter desistido de assinar acordo com a União Europeia e ter assinado um com a Rússia, desencadeando manifestações e a tomada do poder. Eram acordos que trariam recursos à Ucrânia. A meu ver, houve disputa de alinhamento em cima das dificuldades econômicas que o paÃs enfrentava.
Obrigada pelos esclarecimentos Said. Infelizmente a parcialidade de alguns jornalistas empobrece o debate.
...e deverÃamos engajar todos os esforços para sair dela e nos fazer livres e independentes de fato. Qualquer nação em situação de peão está correndo sérios riscos. O império americano (termo rejeitado por muitos) tem menos a ver com extensão territorial e tudo a ver com o verbo imperar. Lembrem que no mundo o dólar americano impera e é instrumento de dominação e coação, como visto nas sanções aplicadas nos últimos dias. Os leitores lembrarão de outros enlatados que vem de lá, além do dólar.
A OTAN não é o que parece ser. Diz ter um fim defensivo mas já tem vários antecedentes ofensivos. Quando um paÃs entra para o pacto, torna-se alvo. Numa eventual guerra que envolva um dos membros, o bloco torna-se uma coisa só, e todos são alvos. Se houver uma disputa entre Polônia ou Lituânia em relação a Kaliningrado ou outra fronteira russa qualquer, a Rússia seria atacada e poderá responder atacando qualquer um, inclusive Alemanha, França ou Reino Unido. Há outros problemas com a OTAN. Um...
...deles a instrumentação da OTAN pelos EUA em sua polÃtica externa. Isso subordina os membros aos EUA, anulando em partes suas independência e soberania, sobretudo dos membros mais pobres. Onde fica o discurso de mundo livre nesta situação? Comer na mão do Tio Sam não é ser livre. Outro problema é o histórico de alguns membros. Por exemplo, se houver guerra entre Hungria e Romênia (membros novos), quem intercede a favor de quem? Melhor seria a adoção de pactos menores, regionais.
A Ucrania é um campo de batalhas. Na segunda guerra, para os nazistas chegarem a Moscou (Napoleão idem), precisaram primeiro invadir a Ucrânia, uma república soviética. Se o antistalinismo na época (provocado pela fome) fez brotar simpatias pelo nazismo que perduram até hoje (batalhão azov e cia.), foi um erro, dois erros não resultam em acerto. Fora isso, qual a importância ucraniana do ponto de vista cultural, econômico, etc.? Os ucranianos erraram por não manter independência e neutralidade.
Os ucranianos erraram ao abrir mão do arsenal nuclear que herdaram da antiga União Soviética. Era o terceiro maior do mundo.
O maior erro da Ucrânia foi que quando a União Soviética acabou, os governantes ucranianos abriram mão do arsenal atômico que herdaram da URSS, era o terceiro maior do mundo, só perdendo para os dos E.U.A. e o da Rússia. Se tivessem mantido este poderio nuclear teriam sido atacados pelos russos?
Mmmmm,caro Said, agora sim, agradeço por um contraponto à "culpa russa" que faça sentido e traga elementos para organizar uma noção mais ampla. Continuo achando o Russo um filho da Putin, mas agora começo a compreender o bordel como um todo, com esta sua e outras, inclusive de textos jornalisticos um pouquinho mais bem pensados. GratÃssimo!
O discurso de Putin de fato revelou quem ele é e suas reais intenções. Não vê quem não quer ver.
Conheci uma ucraniana aqui no Brasil. Ela e os ucranianos abo-minam três coisas, o regime implantado após 1917, Stalin e os russos. E hoje acrescentaria Putin nessa lista de sangui-nários. E Anne Applebaum, em seu, A fo-me vermelha; a guerra de Stalin na Ucrânia, nos mostra até ás vÃs-ceras vazias, famé-licas e secas o que foi o Holomor. O h-orror, o h-orror, o h-orror...
Demétrio, prezado, um grande mérito deste texto é botar a Ucrânia no centro da análise. Somente ontem, e me falha criticamente a memória ao não lembrar seu autor, foi que li o primeiro texto nessa direção, em que o olhar se fixou sobre o tÃtere e não sobre os titereiros - aliás, já que falo em ouvir a Ucrânia, minha imagem foi ruim. Dessa longa história, pouco entendo; entretanto, qualquer bÃpede tem motivos para desconfiar profundamente do Pudim de Polônio-Novichok: o cabra é uma peste.
Olá Marcão! Sobre seu comentário, nesta discussão sobre a Ucrânia procuro ficar em cima do muro: os dois lados tem razões sólidas mas também os dois lados merecem umas boas pauladas. O discurso de Putin foi desprezado (''Veja Ãntegra do discurso de Putin que anunciou invasão da Rússia à Ucrânia'' em 24/02), taxado de propaganda e fake news, mas ali tem bons argumentos, que nem justificam a invasão, nem justificam o desprezo ocidental em relação as demandas russas desde a queda da URSS.
O texto é pÃfio e seu pior trecho é "A expansão da Otan para leste, um erro histórico do Ocidente, não é a causa da invasão russa, mas o pretexto encontrado pelo chefe do Kremlin", que nada mais é do que parte do esforço dos "bem-pensantes" para apagar da História a causa deste conflito: primeiro relativiza, depois inverte e em breve nem se ouvirá falar da questão da "convocação" da Ucrânia a entrar na OTAN. Tudo será culpa do atávico imperialismo russo e da maldade de Putin.
A Otan foi o pretexto do lobo para comer o cordeiro. Putin disse que a Ucrânia era um Estado inviável e corrupto. Muito generoso exportará uma corrupção do bem.
Putin já disse que a maior catástrofe foi o fim da URSS. Sim, a expansão da Otan é o pretexto que o lobo encontrou para jantar o cordeiro. Em 1939 Hitler precisou tomar uma estação de rádio Alemã para dizer que os poloneses queriam invadir Berlim.
Esclareça-nos mais, cândido Luiz, ou ficamos na ignorância...
Luiz , isso mesmo !!! O Articulista como sempre viaja na imaginação pÃfia . Única coisa que a Rússia queria saber se a Ucrânia iria entrar na otan? Aà não deram a devida atenção a Rússia está apenas fazendo o dever de casa !!! Se resguardando a sua segurança!!! Demetrio viajou na maionese pra variar .
Putin já havia dito que o fim da URSS foi uma tragédia geopolÃtica. Ele fez fake news sobre a história da Ucrânia, mas parecem estar certos os analistas que afirmam que uma nova ordem mundial se inicia. Uma nova divisão do mundo, com o fim da hegemonia unilateral americana e a ascensão do Oriente. Impressionante o mega-gasoduto entre Rússia e China.
É, Ricardo, o bagúio tá desmontando, o que virá é uma interessantÃssima incógnita, porque culturalmente confrontativo "conosco", judaico-cristãos já meio mofadinhos.
"Desapareceram os impérios Alemão, Austro-Húngaro e Turco-Otomano. Contudo, graças ao triunfo dos revolucionários bolcheviques, sobreviveu o Império Russo, apenas convertido na URSS." Nem no ensino fundamental se ensina assim: acaso após os acordos pós-1ª guerra outros impérios como Britânico, Francês e Português deixaram de assistir? Fora o império americano na Am. Lat.
O denominado "império da URSS" surgido pós primeira guerra e guerra civil. Consolidado após segunda guerra e, pós "guerra fria" desmantelado, agora reage como um "urso" ameaçado e amedronta o "ocidente". Será que iremos ter bom senso na "geopolÃtica"? Para não mergulharmos na insensatez. Ah! E o Chinês?
Demétrio se refere à Europa, à configuração do mapa daquele continente, aos impérios que se espalhavam em solo europeu e foram desfeitos, dando lugares aos paÃses, repito, da Europa. Nem no ensino fundamental se deveria ler mal desse jeito um texto tão claro. Mas se um professor de História demonstra essa dificuldade, o que esperar das crianças?
100.000.000 de brasileiros passam fome atualmente no Brasil. Me digam isso não é um genocÃdio pensado e arquitetado pelos atuais nazistas q atualmente arruinam o paÃs e q contam com jornalistas dispostos a enganar a todos em troca de alguns tostões??
Marcos, além da fome, chegaremos ao 650 mil brasileiros mortos em decorrência da pandemia, que evidencia o método do desgoverno de Bolsonaro: "deixar morrer".
Inaceitável justificar um genocÃdio com outro. Uma violação com outra. Um estupro com outro.
Partilho de sua revolta contra o governo Bolsonaro, mas dizer que passamos por algo semelhante a um genocÃdio nazista é uma cusparada na cara dos milhões de vÃtimas de Hitler. Alckmin também foi chamado de ''nazista'' há alguns anos quando mandou desocupar as escolas invadidas por alunos arruaceiros. Nota-se que não há critério para dirigir o apelido a adversários (que, em alguns anos, podem ser aliados, como no caso de Alckmin). Se tudo é nazismo, nada é nazismo.
E o que isso tem a ver com a coluna, camarada?
Armas nucleares não estão no futuro da Ucrânia e sim no seu passado. Na Folha de São Paulo, 15/01/1994 há um texto sobre o desarmamento nuclear ucraniano. O parlamento precisou aprovar e alguns deputados eram contra, diziam que a Ucrânia deveria manter o arsenal como proteção contra a ameaça do "imperialismo russo"(está na matéria). Os caras sabiam com quem lidavam mas já era. A Ucrânia agora será apenas um exemplo melancólico pra quem tem armas nucleares nunca se desfazer delas. Triste legado.
Armas nucleares são muito caras, creio que foi isso que pesou mais na decisão ucraniana. A manutenção por si só exige aportes vultosos, mas se ficar só na manutenção acabam obsoletas, pois é necessário investir em tecnologia e desenvolvimento, acompanhando a corrida nuclear (hoje no nÃvel de misseis hipersônicos). No Brasil tem muitos discÃpulos do Enéas Carneiro que defendem que deveriamos ter armas nucleares, mas não dizem de onde viria o dinheiro.
E quem fica a favor de um golpe contra uma presidente eleita democraticamente, Demétrio? E as invasões dos eua ao Afeganistão e Iraque? O putin tá errado, ele é o agressor. Mas os eua e as potencias ocidentais tb não são tão bonzinhos. Fazem coisas parecidas. Se metem em paÃses soberanos sempre. Apenas eles têm acessores de imprensa melhores por aqui.
O programa de coletivização forçada implantado na Ucrânia eliminou as disparidades materiais, levando à fome ucraniana de 1932 a 1933. Na China houve a fome arrasadora de 1959 a 1961, dada pelo Grande Salto Adiante. Já havia ocorrido a redistribuição e a coletivização forçada nos anos 1950; já havia nivelamento maciço. Milhões morreram. Será que o homem não pode encontrar métodos melhores de nivelar a desigualdade com alternativas menos sangrentas??? É possÃvel um nivelamento pacÃfico???
Não sei quem deve ficar ofendido com a comparação: Bozo ou a Dilmãe?
Demétrio parece seu Sandoval Quaresma. Começa muito bem e na hora de ganhar um dez fala um monte de besteira.
Correto ou não, sei lá. Mas a blague foi ótema! Hahahahah!
Filho da Dilmãe detectado. Dilmãe só tem uma. Me xinguem, mas não falem mal da minha Dilmãe (nem que seja verdade!).
Professores de Historia estão felizes! Finalmente, poderão tirar do armário as teses do materialismo histórico e aplica-las no caso da Ucrânia. Será, mesmo? Mas e o Putin, nova versão de (Ras)putin, um celerado, um manÃaco pelo poder da Grande Russia. Será? Ou é apenas mais um espertalhão no poder que ganha a vida nas comissões que recebe pelo trafico de armas, em que a Russia é lÃder mundial? A Grande Historia se apequenou, vide Trump nos EUA. Essa invasão da Ucrania tem motivos muito banais!
Sou professor de História e não louvo nenhuma invasão: seja russa ou estadunidense no Afeganistão, estadunidense no Iraque ou russa na Ucrânia.
Todas as guerras tem motivos banais, não há justificativa para matar povos
Busca
De que você precisa?
Fale com o Agora
Tire suas dúvidas, mande sua reclamação e fale com a redação.
Demétrio Magnoli > O Império que não quer cair Voltar
Comente este texto