Ilustríssima > Por que o aborto desperta a fúria patriarcal, segundo Debora Diniz Voltar
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Direito ao aborto quer dizer direito ao assassinato de um ser indefeso. É cômodo ver o feto como uma massa de carne indesejável. Somos seres humanos, mulher ou homem tem obrigações perante ao direito à vida.
A mulher deveria decidir essa questão, contudo o Estado ajudaria muito com polÃticas públicas que evitariam e ou amenizariam tal fato. Uma rede ampla e diversificada na saúde, este seria o papel do Estado que se diz laico para atender as mulheres, sofridas de abuso ou não. Com clareza e apoio, a mulher certamente decidiria o melhor prá ela e não para homens ou a sociedade vigente. Esse patriarcalismo religioso tudo dificulta, tudo condena. Nem Jesus aguenta.
Obsessão em eliminar nascituro. Deveria trata sexualidade de forma responsável, não como puro entretenimento inconsequente. Somos frutos da cultura e da natureza. A natureza determina com as suas leis.
A fúria patriarcal começou com a simples possibilidade da mulher poder controlar sua fertilidade, que dirá a interrupção da gravidez. Lembro que a igreja católica proibiu, há bastantes anos, a pÃlula anticoncepcional e ate condenou o uso da camisinha. Trata-se de algo muito arcaico e enraizado: a defesa do privilégio do pater famÃlias. Correto chamar isso de patriarcado.
Generalizar classificações antagoniza a parcela masculina que apoia a causa, mesmo por que, há mulheres radicalmente contrárias ao aborto. Entendo que ricos (para esses tudo) abortam em clinicas de luxo, no Brasil ou no exterior, enquanto pobres (para esses a lei) são atendidos por açougueiros, tentam abortar por conta própria ou são obrigadas a ter filhos. Passou da hora de corrigir essa hipocrisia e conferir o mesmo grau de liberdade a todas.
A minimização do sofrimento deve ser critério de civilização. Se a gestante está sofrendo por não querer ser mãe, deve ter todo o direito de abortar, até a 14ª semana de gestação, pois até essa fase o feto não é um ser humano, pois não tem alma, não tem sensibilidade. A alma só é formada a partir das sinapses entre neurônios, com a sensibilidade, depois da 14ª semana. Mas os crentes adoram o sofrimento, desde que seja dos outros.
Caro Alexandre Pereira (tive um grande amigo com esse nome), a alma é a sensibilidade, que só existe com as sinapses, um fenômeno elétrico.
Como? Sem discutir sobre o mérito da questão do aborto, tens um almômetro, para saber quando a consciência começa? Que argumentação rasa.
Também tenho essa impressão, a de que muitos homens estão em pior situação ao rejeitarem os identitarismos ("isso não me diz respeito, quero ficar longe disso, é algo reducionista"), talvez por se sentirem desestabilizados com o questionamento do modelo de pensamento tradicional, associado em geral ao homem branco descendente de colonizadores, o dito "universal". Sem dúvida, a justiça social passa por um debate qualificado, que inclua as pautas identitárias.
A fúria patriarcal nada mais é do que o abuso milenar que uma parcela significativa de homens impõe contra as mulheres. Essa parcela masculina trata a mulher como um animal semovente que pode ser usada como moeda de troca, pode ser seviciada, estuprada, morta e também deve se submeter à linha de montagem gerando filhos para engrossar as fileiras do poder engendrado por esses inomináveis.
Essa oposição de pautas foi inventada pelo identitarismo que coloca o mesmo na frente do social e nem admite juntar as coisas. Os movimentos sociais sempre disseram que a questão da identidade está dentro das lutas sociais. Os movimentos puramente identitaristas separaram isso. Chegam a afirmar que isso é superior à desigualdade social, quando as duas coisas são combinadas, uma afeta a outra. A desigualdade é maior a grupos especÃficos.
Sinto vergonha do Brasil muitas vezes: quando uma criança de 13 anos era abusada pelo tio e Malafaia começou a xingar o médico que interrompeu a gravidez de assassino e disse que o abusador deveria ser castrado. Nem na Idade Média ouviriamos tamanhas selvageria. Malafaia deveria a muito ter sido preso por todos os males que diz.
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