Djamila Ribeiro > Não concordo com tapa de Will Smith no Oscar, mas entendo a raiva dele Voltar
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Por vezes mulheres assumem um duplo padrão ao criticarem os homens. Ora a mulher chama o homem de machista por ser violento; ora exige do homem que ele use de sua violência para defender a honra da esposa ofendida, caso contrário não seria "homem de verdade" (ou seja, o machismo enrustido das mulheres na intenção sutil de manipular o comportamento do homem.)
O comediante fez uma associação entre a esposa do Will e a linda e talentosa Demi Moore, que interpretou uma mulher nas forças armadas, que se despe de sua vaidade feminina em prol de um ideal. Não foi agressão verbal, mas uma piada inteligente.
Ela deu uma de Sérgio Moro e mandou um selo de "escusável medo, surpresa ou violenta emoção" para absolver o Will Smith.
Estou até agora esperando um pedido de desculpas da Academia e do Chris para a Jada, porque o Will já pediu desculpas por ter perdido a cabeça em um momento tenso da vida dele (esperando o prêmio) diante da humilhação do seu afeto. O que está em jogo pra mim nessa discussão é o quanto damos valor a quem amamos. Como mulher preta já fui muito humilhada. Naquele tapa eu pensei em todos os tapas que gostaria de ter dado em quem me humilhou um dia. Obrigada pelo texto. Por entender a raiva dele.
Mais uma passando pano no agressor. Qual o problema de ter feito piada com a careca da mulher? Quer dizer que se um comediante brincar com as tripas coladas do Bolsonaro ou os nove dedos do Lula, alguém pode tomar as dores e sair dando pancada?
pensei em retrucar seu comentario destacando o contexto e o ambiente onde a piada ocorreu mas desisti: nao se ensina truques novos a caes velhos diz um ditado
A ânsia em censurar tudo o que o que possa ser ofensivo está criando as bases para uma sociedade mais autoritária e moralista. Concordo quanto ao que ela diz sobre Will Smith - não sabemos como reagirÃamos. Mas condeno quem o defende com o argumento de que esse tipo de piada deveria ser proibido. A piada pode ser criticada e, quem sabe um dia, deixe de existir porque as pessoas já não acham aquilo engraçado. Censura, porém, nunca ajudou a criar sociedades mais justas, muito pelo contrário.
Will Smith está destruÃdo após manter um "casamento aberto"com Jada e ela ter tido um affair com um amigo do filho deles. Inseguro e motivo de chacota em Hollywood, primeiro riu da piada,notou que Jada não gostou e agrediu Chris Rock por uma piada leve para americanos. A solução da colunista em impor limites ao humor é censura. Quem define o que é e o que não é humor? O Ministério da Verdade ou os cidadãos? Fazer comédia enquanto escravo do sentimento alheio? ImpossÃvel.
E a gente achando que uma troca de envelopes foi o maior constrangimento pelo qual passou a cerimônia do Oscar, rsrs Djamila, adoro suas crônicas.
Você entendeu foi nada!!! Eu, sendo negro, fiquei envergonhado com esse vexame em rede mundial. Acho que não queremos que o mundo continue colocando em nos o carimbo de violentos, que só entendem a linguagem da violência, e só resolvem as coisas no tapa. E não foi ela quem deu o tapa... Foi ele! Para defender a própria honra e força diante de alguém menor e mais fraco! Parem de malabarismo... Temos que ser os primeiros intolerantes com violência fÃsica! Foi uma brincadeira, não uma piada.
Caso fosse um homem branco esbofeteando um negro, seria racismo? Mas foi um homem negro esbofeteado por outro.
É isso. Com certeza ela "esqueceria" a ofensa a uma mulher e gritaria bem alto: "Racismo". Porque os valores dela são relativos.
E a falta de empatia com o Chris Julius Rock? Ele se controlou e não chorou, e de vÃtima de agressão, virou o agressor. Ele pediu para ser agredido, não é? Ganhador de quatro prêmios Emmy e três prêmios Grammy, conhecido por criar, escrever e narrar o seriado Todo Mundo Odeia o Chris, baseado em sua vida real. Toda criança de famÃlia com dificuldades financeiras se identifica com o Chris ou com o pai, Julius. Agora será conhecido pelo mundo inteiro como aquele que levou uma bofetada no Oscar.
Os relatos descritos pela colunista são violentos e graves. Compará-los com uma piada sobre alopecia empobrecem os fatos da vida real. Como criar uma dosagem para os insultos verbais? Piada sobre alopecia, tapa na cara. Piada sobre câncer, soco na cara e chute mo traseiro. Traição de homem, tiro na cabeça. Traição de mulher que fere a honra do macho, tiro na cabeça e nos filhos. A careca foi comparada com a de uma personagem linda e não a do Kojac.
Comecei um exercÃcio mental de alterar o gênero e a cor de pele de cada um dos envolvidos no caso em questao, supondo que a agressão verbal e o revide fÃsico não fossem alterados em absolutamente nada. Obviamente não tenho como saber como cada uma dessas crônicas seria escrita, mas seriam diferentes suponho eu. A pergunta que me faço é: É "correto" que estas crônicas fossem diferentes para cada uma das possiveis combinações? PoderÃamos ler sobre racismo se W.Smith fosse branco?
O tÃtulo mais em cima do muro que já li.
E, cara colunista, veja que tão logo eu comecei a apresentar parcial discordância daquilo que você escreveu, uma mente pouco esclarecida, ou um robô, já se apresentou e trouxe para questões complexas do seu texto, uma solução simples.
Respeitosamente, apresento então que cada violência deva ser tratada, num primeiro momento, na forma que ela se apresentou. Elementos novos podem surgir e nos fazer concluir que as violências se comunicam por mirar mesmo grupo. Contudo, como ponto de partido, entendo como prudente começarmos pelo começo, observando e analisando o fato, para então expandirmos a análise e por fim chegarmos a uma conclusão. Não pretendo negar as possibilidades, mas proponho apenas começar pelos fatos.
Se uma candidata mobilizou sua lógica pobre, vil, desprezÃvel contra você, e que teve como vÃtima também sua filha, pelo fato de vocês serem negras, isso deve ser veementemente combatido. Contudo, o episódio do show em pouco se comunica com a lastimável violência que vocês sofreram. A violência contra vocês foi por conta da sua cor de pele; a violência contra a atriz foi por conta a deficiência que hoje ela apresenta; a violência contra o humorista foi fÃsica.
Tapa desferido por um branco seria execrado em todos os sentidos. Como quem desferiu o tapa foi um negro, a blogueira passa pano.
Cara colunista, a ver se o que foi ventilado sobre o comediante ter feito uma piada sem saber que a atriz sofre de uma patologia; a saber, se ele sabendo da patologia, resolveu apresentar um gracejo ou então deliberadamente quis tocar em algo sensÃvel a mulher, mas duas coisas são certas: a violência fÃsica ocorreu e e que, tomando como base que o humorista teve a intenção de ofender, ele não dirigiu a ofensa a mulher, porque ela era negra.
''Não dou a mÃnima para o que as pessoas pensam sobre a minha careca. Porque - adivinha - eu a amo.'' (Jada Smith). Parece que alguém andou mentindo sobre como lida com seus dissabores estéticos.
Excelente a abordagem de Djamila, principalmente pela oportuna citação do maior poeta da lingua portuguesa, Fernando Pessoa. Se a reação de Will Smith não foi adequada, ao menos foi instintiva, tomada no calor do momento, e se contrapôs a uma injusta agressão à sua esposa, por alguém que intencionalmente zombou da sua condição, cometendo, ele também, uma ato de violência
A violência teve como de partida o comentário "jocoso" do apresentador do Oscar. Tudo com um sorriso aberto e em busca da melhor piada.. Tudo se justifica para arrancar o riso da audiência e pousar de gênio do humor! Ótimo rir quando a dor é do outro. Aquilo nada mais foi que a humilhação pública da mulher de Smith e o desprezo pela sua dor. Embora, Smith devesse ouvir tudo caladinho reza a lenda! Até agora nenhuma crÃtica à brincadeirinha do humorista engraçadinho!
Até agora estão falando disso !? Vira o disco.
É, foi um ato humano, imperfeito. Mas compreensÃvel no contexto de nossa humanidade. Não foi um ato gratuito, houve um motivo bem claro. O excesso de crÃticas é hipocrisia. Condenação sem julgamento. O pior é que a academia pode punir. Espero que a punição não seja desproporcional.
Tapa em homem não é agressão é corretivo, é desafio para duelo, é resposta a uma injúria, difamação . Se fosse calúnia uns dois ou tres murros na cara seriam justificados.
Não entendi bem a defesa de uma violência fÃsica desmedida ante milhões de assistentes, como a mostrar que tudo é permitido se as razões justificarem, e esse negócio de “clarinha”. O que vem a ser “clarinha”, antônimo de “negrinha”?
"arre, estou farto de semideuses! Onde é que há gente no mundo?". Engraçado... Ao ver o Will Smith caminhar de encontro ao Chris e sapecar-lhe o tabefe pensei exatamente nisso. Só que o semideus seria ele. E como as gentes restantes no mundo podem lidar com o humor? Esse mundo está difÃcil mesmo.
Incrivel, como sempre.
Djamila Ribeiro, você me representa.
Irretocável.
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