Bala de hortelã com banana.

Talvez até alguns apreciem o gosto desta mistura, gosto não se discute, mas é a forma de consumir que diferencia a tipicidade desses dois sabores do quitute. As de banana normalmente se mastiga, as de hortelã dissolvem-se aos poucos na boca. As duas formas de consumo também são bons paralelos aos sistemas de governo parlamentarista e presidencialista.

O presidencialismo é mastigação, ações decisivas mudando o rumo da história. O parlamentarismo privilegia ações diluídas no tempo e por isto, seguras em resultados. Na bala de banana poucos dentes participam da ação, no início os frontais que logo os enviam aos molares. Na de hortelã a boca toda é utilizada e também toda ela recebe o fluído elaborado.

Em um mundo superpopuloso a ação fluída se impõe - sempre há injustiça, pela diversidade atacada, quando poucos participam da elaboração dos resultados. Decisões coletivas, negociadas e parcimoniosas produzem resultados mais vistosos que a impulsividade de poucos as promovendo.

Os sistemas de governo estabelecidos mostram a capacidade de resistência a esses tempos ruins - Boris Johnson foi contido e até se retratou na pandemia. Trump, no entanto, destruiu a democracia americana e Biden não consegue reconstruí-la. Putin e seu parlamentarismo de fancaria (ou semi-presidencialismo) faz guerra. Orban, outro adepto, reina. A França sofre a cada eleição.

No Brasil, Temer defende, por impotência inegável para o papel, o mesmo tipo de fancaria. Bolsonaro, por incompetência, a vive também. Bananas são necessários a alguma estabilidade nessa mistura esdrúxula e não há garantias de que teremos sempre bananas na presidência.

Parlamentarismo é o sistema para grandes massas, o mais justo por contemplar a diversidade, e vivemos um momento no mundo de grandes massas. Isso pode explicar os melhores resultados desses nos tempos de hoje.