Opinião > A neutralidade do educador em tempos de intolerância Voltar
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Vimos na pandemia que não há médicos neutros. Lemos todos os dias que muitos jornalistas não praticam a profissão com isenção. Por que com os professores seria diferente?
“Papai, briga com a fessôra, porque ela não quer que eu faça bullying com colegas. Ela não gosta que u xingue ela! Ora, eu tenho direito de fazer bullying e uma baguncinha, né pai Bolsopata?”
São vários os tipos de escola no Brasil: rurais e urbanas, localizadas na zona central ou na zona periférica das cidades, escolas públicas (municipais, estaduais, federais) e privadas (confessionais, com fins lucrativos, sem fins lucrativos), escolas indÃgenas e quilombolas. Qual escola os pais querem para seus filhos? Em qual escola e para qual público o professor está dando aula? Ter consciência disso é importante. Eu sou favorável ao ensino público, por natureza laico e plural.
Os gregos já nos ensinaram que a educação é polÃtica por natureza. Eles também nos ensinaram que o confronto dialógico de ideias divergentes é formativo por excelência. Nós, professores(as), precisamos encontrar estratégias inteligentes para acolher, de forma democrática e respeitosa, o contraditório em nossas aulas. Qualquer cerceamento de pensamento e expressão em sala de aula deve ser fortemente combatido.
Aprecio a concepção de educação de Hannah Arendt, conservadora, no sentido de conservar o mundo que herdamos, mas também de proteger as crianças contra a instrumentalização em prol dessa ou daquela ideologia - claro, Arendt respondia ao mundo de ponta-cabeça das experiências totalitárias. Na sociedade da informação, impossÃvel realizar esse intento: tratar de temas da realidade da comunidade escolar, conhecer o perfil do alunado para o qual se dá aulas, é o mais razoável.
Em tempos de tintas fascistas e celebração da estupidez, a última coisa que serei é neutro. Covardia é prerrogativa bolsonarista, não nossa.
Prezada Sonia, a mim me parece que a receita de bolo é mais ou menos natural: o professor tem que se mancar que sua função não é doutrinar pra lado algum. Pode não ser fácil, mas é simples, é a mesmÃssima posição que um jornalista - assumindo que siga as melhores práticas do ramo - deve ter ao publicar um conjunto de fatos: apresentar o "outro lado". É pedagógico expor a controvérsia, que é um fato da vida; o quanto antes e mais bem preparados pra lidar com isso, melhor.
Todo mundo tem opiniao, e o professor tem direito a ter uma e expressar e discutir com a escola e alunos, qualquer que seja ela. No entanto, a opinião nao deve se imposta.
Se alguém acredita de fato na neutralidade de um professor, independente de maniqueÃsmo, seja feliz em sua ingenuidade. Tem mais, a imprensa é cheia de especialistas, boa parte com certeza e não generalizado, nunca pisou em uma sala de aula cheio de problemas sociais.
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