Muniz Sodre > Felicidade de gado Voltar
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A episteme nos serve pra diagnosticar os problemas, não sou de modo algum avessa ao ensino de Filosofia nas escolas, aliás, a Filosofia já está no currÃculo escolar, embora a compreensão das regras em si, da Constituição, da Legislação — absolutamente necessárias pra plena formação do cidadão, devessem ser ensinadas, em parte, no Ensino Básico, essas não estão no currÃculo. O Brasil me entristece, de um lado a outro de suas margens, em seu centro, em seu meio e em seu enlace.
compartilho sua tristeza e pesar ; voltamos ao leito seco do arbitrio, dos dentes arreganhados pelos coturnos, da cidadania negada pelos que estao por cima em cima acima, sempre, triste pais negado apagado orfao enxangue de tantas e seculares violencias
Talvez as novas telinhas aonde residam os choros ou risos das ladainhas das “sub-mÃdias” quando uns poucos se alçarão enfim ao camarote ou camarim. E isso não é uma questão qualitativa, e não haveria de ser! Qualidade de vida é paÃs sem pobreza, sem o maior abismo que nos separa, e a Filosofia muda pouco ou quase nada! Nosso abismo é muito maior que a episteme, nossos problemas são arcaicos, nunca solucionados e soterrados sob palavrórios belicosos que seguem garantindo o acesso de poucos.
Variar o logotipo pra que assim possam seguir a viver a sonhar a se encaixar na “classe-mÃdia”?! Quantas tevês cabem num artista? A que levaria essa tal “revolução epistemológica”, com pouca ou nenhuma mudança de acesso? Nosso maior avanço na última década e meia foi um avanço educacional inédito em números, embora ainda aquém da meta, e precário, com pouco, muito pouco, incentivo à Ciência.
passamos de Colônia à Império, de Império à República, com amistosos apertos de mão. O Brasil não existe! Apóio a fomentação da diversidade cultural e a observo de perto, compreendo a importância da identificação com os astros, apesar de eu desprezar idolatria, e o ponto fundamental seguir intocado. A que leva a promoção dos vários que se fundamentam em poucos ainda? Ou ainda, que maravilhosa a descoberta de sermos muitos e diversos!
A configuração do transporte urbano no Brasil é risÃvel! O acesso muda tudo, será por que que é tão falho? Cidades de ninguém, comércio de rua fecha, em geral, as 18hrs, e a tevê nos garante a vida das novelas e BBBs nos saturando de clichês, educando o povo que não existe! Enquanto ricaços nacionais e suas proles vivem em outros mundos, à Paris, aqui vem a explorar o povo, até este morrer de FOME, e o Ãndice de desenvolvimento humano é esse escracho desumano. o Brasil é o pior paÃs do mundo!
“O Brasil não tem povo, tem platéia”’ pois esse povo não é construÃdo, é destruÃdo! O transporte leva ao trabalho e retorna à casa. Em todos os continentes, diversas cidades são munidas de bilhete mensal de transporte, onde 1 bilhete mensal garante o acesso a infinitas viagens em determinada região por todos os dias da semana, incluindo os dias de folga — visto que o trabalhador precisa comer e vestir pra ir trabalhar, além de precisar de lazer. Tal bilhete deve ser garantido pelo empregador!
Talvez, o texto escrito na terceira pessoa do singular possa explicar alguma caracterÃstica dessa terra.
Dizem que o Nixon disse uma vez que os americanos gostavam do Kennedy por representar o que eles gostariam de ser, e o odiavam (ao Nixon) por ser o que seus compatriotas realmente eram. Alguma semelhança com o Bolsonaro?
Seu texto remete àqueles panfletos mimeografadoos que rolavam nas universidades nos idos dos 60/70! Papéis velhos amarelados pelo tempo!
Tenho dificuldades em entender como fazer uma nação sem povo, em um paÃs que o Estado chegou antes de qualquer traço definitivo de sociedade.
Ótimo texto! Temos, porém, que entender a gênese da nossa realidade se desejamos sua transformação. Sem educação concientizadora e a consequente consciência de classe, o povo sempre será plateia. O apartamento dele, dessa consciência nunca foi casual, mas sim um projeto de sociedade, onde a população seja perpetuada como massa indigente e manipulada.
Pra gente ver, sêo Muniz: em tempos d'antanho, "Tapuias" trocavam pau-brasil por colar de contas, e a elite macaqueava europeÃsmo tendo seus pretos no porão. Hoje, nossos concidadãos Ãndios dão mostra de civilidade, defendendo-se publicamente em BrasÃlia, e a elite escravagista... continua a macaquear e a querer serviçais gratuitos. Na platéia, vê-se um contÃnuo que começa no rocinante em alto volume, e segue até o BÃpede, ora falando baixinho. Precisamos meter a boca na qualidade do espetáculo.
Um bando isolado do resto do mundo, e da humanidade, por fronteiras intransponÃveis.
Excelente texto. Entendemos porque pioramos cada vez mais e fazemos.
Sodré, tu sabes, o tema está posto desde sempre. De Sérgio Buarque à Darcy Ribeiro. A questão central é: somos capazes de formar um povo? Caso contrário, diante de um Estado wue desde a Colônia só existe pata explorar, o que vai acontecer? Eu imagino, e temo.
Excelente artigo. E como somos diferentes de nossos vizinhos sul-americanos. Me pergunto: o Bolsonarismo existiria em outro paÃs da América Latina? Seria o Bolsonaro o nosso MacunaÃma? Sério, é muito bizarro, mas penso nisso.
Cara Joana, MacunaÃma não o tinha; o Bozo, tem caráter: mau, muito mau.
Análise precisa da falta de uma identidade nacional brasileira.
Vi um documentário sobre religião, que dizia: tornamos nossas crenças certezas e as confundimos com a verdade, acho que usaram a idéia das doutrinas religiosas, para gadificar a população politicamente falando. Qual será nosso futuro? Como superaremos isso?
Porque se sabe os efeitos nefastos de governos corruptos, mas não fazem nada efitivamente? Fico me perguntando porque com as informações cada vez mais disponÃveis, não se alfabetizam politicamente a plateia, para que nos tornemos um povo. Deveriam usar as mesmas técnicas wue nos tornam gados
alfabetizar politicamente abre os olhos e a consciencia é portanto revolucionario e rubro entao esticam a corda e dao os nós
Excelente percepção. E verdadeira. "O Brasil não tem povo, tem plateia". Essa frase sucinta explica tudo que está acontecendo no paÃs.
As reses compõem um coletivo infeliz. Perderam todas as habilidades naturais, submetem-se mansas ao pastoreio. Não pensam, não têm plano de fuga. Mas não podemos desistir dessas almas mal guiadas! Que o Blues da Piedade seja nossa oração! Que um dia elas mesmas cantem Disparada! Assim seja.
CarÃssimo Marcos de Toledo Benassi, honorável interlocutor ocasional, a “estranha e amarga colheita” brasileira foi replantada nos túmulos evitáveis da pandemia. O significativo hino de Billie Holiday - obrigado por acrescentá-lo ao meu parco repertório musical - continua atual e retrata muito dos últimos quatro anos do nosso paÃs, não apenas na temática racial mas na cultura, educação, economia
Enir, carÃssimo, é bom mesmo que o paÃs se ligue nas suas referências musicais. Ou, daqui a pouco, vamos cantar mesmo é "strange fruit" como hino nacional dos crápulas.
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