Muniz Sodre > Raízes da intolerância Voltar

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  1. Josue Oliveira

    O Rio de Janeiro hoje não é mais a cidade que todos brasileiros admiravam. Eu já vi preconceito contra os cariocas em outras cidades do Brasil. É a extrema decadência em que vive a cidade. Quem a viu nos anos 60, não a reconhece. A cidade que projetou o samba, a bossa nova, o rock-Brasil, é decadente na cultura, na música, em tudo... Seria a intolerância um sinal da frustração do carioca?

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  2. José Cardoso

    É um dos motivos das dificuldades da candidatura Ciro Gomes. Embora nascido em Pindamonhangaba, cresceu e viveu no Ceará, mantendo o sotaque bem nítido. Já o Lula, embora nascido em Pernambuco, assimilou bem o sotaque paulista, e escapa do preconceito.

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    1. Ricardo Augusto de Sabóia Feitosa

      Só se for do preconceito com o sotaque, porque o de classe Lula continua sofrendo.

  3. João Paulo Maciejezack

    Bom dia, Com respeito as opiniões divergentes, a minha é de que no Brasil não existem preconceitos raciais ou homofóbico, mas um muito pior: preconceito econômico! Prova disso é que os ricos e famosos, independentemente da etnia ou orientação sexual, são bajulados pela imensa maioria da população. Logo, diminuir a desigualdade social, dando oportunidades iguais a todos, automaticamente, esvaziaria esse odioso preconceito e intolerância arraigados, principalmente, entre os fracassados.

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    1. Kamilla Santos

      Ser preto e pobre traz maiores consequências negativas do que ser branco e pobre. O preconceito econômico existe. Mas há que se olhar o preconceito com o viés de intereseccionalidade, aplicando corte de gênero e raça.

  4. Raymundo De Lima

    Prof.Muniz, aqui no Paraná, até o nome de Raymundo é indício de origem nordestina, daí o preconceito, inclusive em família "querida". Mesmo sem ter 'cabeça chata' o preconceito é evidente para com nordestinos. Regilião afro, nem se fala, literalmente. Ainda se usa "o pessoal da macumba". São sem vergonha!

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    1. Marcos Benassi

      Hahahahah, Raymundo, eu fui genro de um (falecido) velho Junqueira, mineiro, herdeiro de grão-senhor, sacumé? Aquele treco meio que tetraneto de capitão hereditário. Pois o velhote falava tranquilamente "daquela negrada", sem exatamente "maldade". Era um bagúio bem do tipo lôko....

  5. Marcos Antônio

    Muito estranho é o que está ocorrendo na região metropolitana do Rio de Janeiro onde criminosos destroem objetos e expulsam os terreiros afro da comunidade. Dá impressão que são motivados e ordenados por grupos políticos / religiosos que não querem concorrência ou algo assim.

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  6. Marcos Benassi

    Sêo Muniz, pra variar, mó dedo no'zóio. O sotaque é uma marca muito interessante, porque razoavelmente indelével. Eu, caipira de Piracicaba, mas saído de lá ainda criança, só fui experimentar preconceito quando em Portugal: com a estampa do conquistador, era um igual, mas somente até abrir a boca. Conversivamente, os Tugas dão-se melhor com o carioca, cujo acento se assemelha ao do Sul, da região de Lisboa - lá, aquele que tem valor. O do povo do Norte, "grosseirão", não pega bem. (Continua)

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    1. Marcos Benassi

      Isso é curioso porque o mesmo aqui se dá: ora, na Globo, somente desde pouco os sotaques dos repórteres, salvo nobres exceções, tinha que ser ou carioca ou anódino. Enganchando no colonialismo classe-merdiano, também ela quer identidade com gringo: ao sotaque carioca, some-se o horrível corporativês, dialeto abastardado de mau português com inglês precário, de um ridículo atroz. Pra nem falar no bozofrenês, que incluiu zurros e relinchos, facilitando sua adoção pela alimária. Babel foi pouco.

  7. Vanderlei Vazelesk Ribeiro

    Está aqui um dos furos do PT. Abraçar, sem questionar, a Igreja Universal, sem medo de ser feliz. O discurso da Igreja do seu Edir, historicamente desrespeitava os cultos afros, literalmente demonizando-os.

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    1. Vanderlei Vazelesk Ribeiro

      Sim Marcos. Criar consumidor nunca foi criar cidadão.

    2. Marcos Benassi

      Vanderlei, caríssimo, "demonizar" é também desumanizar. E isso é velha estratégia pra dormir bem após defenestrar o outro: se nem humano é, pra que preocupação ou culpa? Dessacralizar é outra: pastor chutando santa, televisionado, é mote pra detonar sem problemas quaisquer religiões. O pt precisava ter tido o cuidado de zelar por valores com os quais pudéssemos, todos, comungar. Poder consumir, é pouco: amanhã, novos produtos restabelecem a assimetria. A máquina de moer gente vive disso.

  8. SILVIA KLEIN DE BARROS

    Agudo. Excelente. Obrigada!

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  9. Enir Antonio Carradore

    A agressividade, como o racismo, é sempre sinal de impotência e fraqueza, há muito de inveja nesses pretensos racistas. A atuação dos movimentos identitários não é suficiente, são necessários mais intelectuais orgânicos, no sentido gramsciano.

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    1. Marcos Benassi

      Ah, muito grato pelo esclarecimento. Faz perfeitamente sentido, e fazem falta *mesmo*: vale pra intelectual e pra empresário "enricado", que desdenha da expropriação à qual submete seu igual. Aliás, é uma hipótese pessimista que tenho pro apelo que tem a bozofrenia: "finalmente chegou a minha vez de trambicar". Temo que a bozofilia por adesão (i)moral seja o núcleo dos quinzeporcento "raiz".

    2. Enir Antonio Carradore

      Prezado Marcos Benassi, o intelectual orgânico conceituado por Gramsci, vem de uma classe social e continua representando os interesses dessa classe após a ascensão intelectual, quando atua na formação da consciência histórica da classe. Não se trata de uma adesão ao pensamento desse autor italiano, mas de um reaproveitamento de conceito, possível em muitos outros clássicos “superados”,principalmente no trato dos conflitos raciais. Não sei se algum pesquisador trata do assunto dessa forma.

    3. Marcos Benassi

      Putz, caro Enir, minha formação política tardia não me permitiu sair da relativa precariedade intelectual: que será esse "sentido gramsciano" da coisa, de que já ouvi falar, mas que não atino o que signifique? O que percebo é um intelectualismo reverente, citatório, tão precário quanto acrítico - acrílico, de tão liso - que perde o pé das peculiaridades de contexto e histórico, e não monta ou desmonta nada que importe de fato. Disso, o narlóqui e a polêmica identitária nos deram exemplo recente.

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