Marcus Melo > Antipetismo e antibolsonarismo Voltar
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A tese do articulista é bem fundada e correta, preocupa-me apenas uma coisa: chamada falava em falta de moderação. O artigo não fala nisso, mas se falasse seria desonestidade intelectual. Os defeitos corriqueiramente atribuÃdos a Lula são a sua aparente corrupção (não provada) e o seu (suposto) despreparo. Do outro lado, Bolsonaro também conta com aparente corrupção e (comprovado) despreparo, mas possui inúmeros outros defeitos, alguns só seus, como o desprezo pela ciência e pela democracia.
Por fim, o cenário é ainda mais claro nos USA, onde o partido democrata é dominado por uma ala moderada formada por liberais e neoliberais, enquanto o partido republicano está virando uma seita e excluindo/isolando conservadores e libertários dos seus quadros, cada vez mais tomados por reacionários que querem impor valores à terceiros, o que é iliberal e contrário à teoria do dano de J S Mill.
Como se isso não fosse suficiente para afastar qualquer paralelo, Bolsonaro não conta com malha partidária e nomeou o pior time de ministros da história da República, diversos deles anedóticos e com um notório rastro de destruição por onde passaram. A polarização existe e está bem descrita, mas ela não é entre extremos, pois Bolsonaro não enfrenta o PCO pelo Planalto, mas sim o velho trabalhismo brasileiro, tÃmido e presunçoso.
Essa tal 'polarização' surge da fome, da miséria, da barriga vazia, da falta de esperança. PT liderou uma coalizão de centro-esquerda durante três mandatos, e todas as polÃticas públicas feitas para atenuar essa miséria, foi considerada 'populismo' pelos mesmos iluminados atuais. Dá comida e esperança ao Povo, senhor LuÃs Inácio; o resto é conversa de quem está com a barriga e o bol$o cheio, pra financista avarento escutar.
A melhor resposta da sociedade neste momento é o Bozo nem chegar no segundo turno, algo muito provável diante do seu desgoverno e da qualidade dos demais postulantes, inclusive do centro democrático. O segundo turno é muito importante na democracia para incorporar temas relevantes para os outros eleitores, ampliar a base de apoio e legitimar o eleito. Em outubro votem em quem apresentou um projeto para o paÃs. Não se contaminem com o terrorismo dos dinossauros polarizados.
Diziam que a esquerda iria transformar o Brasil na Venezuela, mas foi a direita que transformou. O bolsochavismo avança em grande parte da direita e das Forças Armadas, aparelhando o Estado para se perpetuar no poder. Além da inflação recorde, desemprego nas alturas, e o aumento da pobreza, miséria e fome.
Caro André, o discurso do PT realmente sempre foi cheio de chavões marxistas tÃpicos de quem não leu marx, assim como essa pantomima adolescente de poupar ditadores "de esquerda", mas na prática o PT sempre foi a continuidade do trabalhismo brasileiro, e nos seus 14 anos no Planalto se comportou nas "quatro linhas" da democracia liberal - considerando que isso exista nesse Brasil em que o congresso sequestra o executivo. Ademais, mantiveram a autonomia do Itamaraty, que era a mesma desde Jânio.
Valdeci, não esqueça que a maior parte da esquerda continua apoiando regimes autoritários como o da Venezuela, Nicarágua, etc. Lula disse que a Ucrânia também é responsável pela guerra em curso, o que significa isentar a Rússia pela agressão ao vizinho. O filósofo uspiano Ruy Fausto, um notório esquerdista, escreveu que a esquerda brasileira padece da "anomalia do neototalitarismo". (Foi ele, não fui eu - não culpe o mensageiro).
Não concordo que a suposta polarização seja só contra o PT. Foi o PT o precursor do "nós contra eles". Só que não estava claro quem seriam "eles". Hoje já se sabe que, assim como o bolsonarismo, o PT vê qualquer um que não concorde com suas ideias como inimigo. Os dois são muito parecidos nesse sentido. Giram em torno do ego de seus respectivos "mitos".
Estamos no reino das 'paixões tristes' do Spinoza. O ódio contra o petismo x ódio contra o bolsonarismo. É a tristeza oriunda de motivos diversos da vida de cada um sendo canalizada para o teatro eleitoral.
Sobre Demétrio Magnoli: ele nem disfarça seu ressentimento com a esquerda, em praticamente tudo o que escreve, tentando aproximar o discurso bolsonarista ao da esquerda. O PT atual, a rigor, nem se pode qualificar de um partido esquerdista puro, estando mais alinhado à social-democracia europeia...Falava-se muito de processo de "venezuelização", caso os petistas continuassem a governar o paÃs. Hoje vemos que esse processo está a todo vapor com o bolsonarismo no poder...
Poi Zé, Carlos, a sensação de crÃtica hepática me obscureceu o argumento do Demétrio, que o autor agora recuperou e rebateu. Aliás, na maior categoria . Isso é coisa de gente avançada, o que eu não sou...
Que bom saber do contraditório fundametado ao sr da razão.
Ser ou não ser partidário, eis a questão? Penso que não. Me parece que a argumentação de ambos, sem confessar, mira o modelo estadunidense em que ser republicano ou democrata é parte da identidade social das pessoas. Na maioria das modernas democracias não é assim. E não há problema nenhum nisso. Categorias sublimadas e teleologias confundem, e este parece ser o caso aqui. A diferença essencial entre Vargas e Hitler não está no partido polÃtico, mas nos campos de concentração.
Muito interessante, caro Marcus, esse debate - que agora toma contornos mais densos. Eu me ojerizei do discurso do Demétrio em função da noção de "antipetismo construÃdo pelo PT" - pra mim, simplória -e perdi a parte mais substancial do argumento. É difÃcil romper a lógica discursiva do antipetismo, na medida em que valores morais são indevidamente elevados à categoria polÃtica, por um grupo que não tem partido e não faz polÃtica, faz arranjos contextuais. Blinda-se pela prática antipolÃtica.
Os evangélicos são um partido polÃtico no Brasil. O PT demonstrou fragilidade extrema ao permitir que a Lava Jato destruÃsse a economia do paÃs.
IncrÃvel que mais de 80% dos brasileiros não demonstrem preferência por um partido. E quanto ao último parágrafo, hoje li entrevista do Thomas Friedman em que ele afirma que, com a guerra na Ucrânia, talvez a era do "homem forte" esteja chegando ao fim. Com o Ocidente e os valores democráticos sobressaindo. Veremos.
Poi Zé, Ricardo, o Friedman é o Friedman, mas dá pra ficar bem duvidoso em relação a isso. Não li a entrevista e não conheço o argumento, mas sei não: o populismo engambelatório não tá com pinta de ser subjugado, não...
Ótima coluna. Em tempos de avanço das autocracias - o relatório "Freedom in the World 2002–The Global Expansion of Authoritarian Rule" da Freedom House aponta que somente 20% da população vive hoje em paÃses considerados livres -, o autor lembra que governo e oposição precisam ser leais à s regras do jogo democrático. Parece algo pequeno, mas não é.
Benassi, 42 são considerados livres no relatório, mas a maioria fica na Europa Ocidental onde há paÃses com populações pequenas (10 milhões na Suécia, 5 milhões na Finlândia, assim por diante).
Estamos dentro, Lourival. De acordo com o relatório, o Brasil é um paÃs classificado como livre e que realiza eleições vibrantes com participação da sociedade civil (mas há quem aponte o processo eleitoral como não confiável, pode?).
E nós estamos dentro ou fora desses 20%?
2O, André? Dia desses, acho que foi a colega leitora Irene, não estou certo, falou em 3O, e eu já fiquei horrorizado... Primitivo, não? Credo.
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