Michael França > Filho do porteiro termina universidade, mas não alcança o filho do rico Voltar
Comente este texto
Leia Mais
Michael, carÃssimo, que bela análise: sem nada de pretensiosa, fez integralmente o circuito psico-sócio-econômico-contextual que marca as diferenças de percursos de quem tem grana na famÃlia e de quem não tem. Isso dá pano pra tanta manga de compreensão e intervenção no fenômeno das assimetrias entre gentes, que poderia ser um roteiro pronto. E a música/clipe, mano, que graça: duma singeleza tocante, vou até procurar mais do artista. Valeu, Bro, fiquei feliz de ler - deve ter dado bom debate.
- Michael seu texto é fidedigno, como PaÃs temos muito o que avançar, me senti representado nesse texto.
Aà depende de cada um. Já conheci um filho de taxista, que de gerente passou a diretor da empresa, enquanto um filho de médico rico e sobrinho de polÃtico mais rico ainda acabou despedido, depois de pouco tempo num cargo de chefia.
Valtair, o texto não cita números. Como muita gente pode lembrar de casos com os que citei, as exceções não são poucas.
Meu amigo, o que tu refere são exceções. O texto aborda tendências gerais e não experiências isoladas. Sempre que quiseres avaliar tendências e estatÃsticas, foque no comumente acontece e não em casos isolados. É má-fé ou pura ingenuidade tentar desacreditar abordagens pensadas sobre tendências gerais com casos isolados.
Fazer uma universidade é uma das poucas chances (não garantia) que o filho do porteiro terá para melhorar um pouco de vida. O filho do filho poderá melhorar um pouquinho mais e assim sucessivamente. É um trabalho para gerações e não creio que algum dia atinja a equiparação plena. Mas o conhecimento adquirido propaga no meio em que se vive. Se não abrir portas pelo menos ajuda a abrir as mentes.
hoje, numa reportagem na FSP um empresário do setor de roupas disse que fabricava cinco mil camisas por mês. a preço acessÃvel agora fabrica apenas mil camisas em seis meses, a quinhentos e cinquenta reais cada .
nos paÃses escandinavos a filha do porteiro e a filha do executivo da Volvo/Scania/Nokia frequentam a mesma sala de aula no jardim de infância . Na Finlândia a primeira ministra vai ao trabalho de metrô . Aqui o genocida vai de carro blindado e dez batedores de moto
Caro Marcos, eu advogo a idéia, um tanto quanto arbitrária, mas defensável, de que filho de polÃtico com mandato deveria estudar em escola pública, obrigatoriamente. Suspeito que terÃamos uma revolução educacional. E o impacto social da convivência, tal como você mencionou acima, também seria, provavelmente, bruto.
E? O que fazer? Qual a solução? As polÃticas sociais são um avanço, todavia capital social e cultural deriva de um de história de vida, não tem jeito.
Pra variar, o Michael faz um bom diagnóstico, mas não sugere soluções. É sempre assim.
Pra bom leitor, o roteiro da solução está todo ali.
Filho de porteiro não tem padrinho, essa é a diferença
O integrante da base da pirâmide social enfrenta dificuldades para sair de sua classe social e mesmo com graduação e pós-graduação em universidade de ponta, não consegue o sucesso do filho do membro da elite, porque não tem idênticas relações sociais, profissionais e culturais. Outro grave problema é que o ingresso, com a utilização de cotas, para o Mercado Econômico, não constitui mérito, mas auxÃlio estatal não qualificável. Tudo conspira contra o filho do porteiro! Excelente artigo!
É evidente que quem tem origem social mais privilegiada tem mais chances de construir um futuro profissional melhor. Contudo, é um erro do autor achar que isso é exclusividade do Brasil. Nos EUA, por exemplo, é muito mais fácil um filho de milionário entrar numa Ivy League do que uma pessoa de classe média, mesmo tendo a mesma educação. Inclusive por causa de indicações, endowements etc, coisas que no Brasil não existem. Até prova em contrário, ninguém consegue entrar na USP por ser rico.
Primeiro, agradeço o carinho em responder meu comentário. Mas discordo neste ponto. Pessoas ricas são maioria por terem estudado em escolas muito melhores do que as que tive acesso. O abismo é enorme e eu senti na pele. Espero que tenha melhorado. Me sentia completamente deslocada e vivi tapando os buracos da educação escolar falha que tive. NÃvel cultural profundamente diferente. Pra isso banquei minhas viagens e cursos com meu trabalho, o que os filhos da elite não tem fazer. Custou a saúde.
Muito boa a análise
Escolas públicas e ensino básico de qualidade é um caminho.
Excelente a análise que desmistifica o discurso da educação como salvadora das desigualdades.
Não salva, mas mitiga. Em qualquer paÃs do mundo os filhos das elites serão sempre privilegiados.
perguntar não ofende - a mesa é para depositar um prato de comida / um livro ou para depositar a bunda ? Eu nunca sentei em cima de uma mesa . Para isso existe um objeto chamado cadeira . Também nunca deixei meus filhos fazerem isso . E todos nós "terminamos a Universidade "
Ótimo texto. As empresas multinacionais tendem a ser menos preconceituosas em relação a origem social, as conexões familiares que muitas vezes decisivas para obter cargos e promoções pesam menos. Nas grandes bancas de advocacia essa influência do nome e das conexões é clarÃssima. Se abrirem para os escritórios estrangeiros isso pode melhorar para os que não conseguem lugar no meio dos privilégios.
Não é só o problema da origem e consequentemente do capital cultural, estamos no Brasil, onde acham que um médico vale mais que um pedreiro, onde bacharéis e ricos são chamados de doutores. Mas quem sabe um dia estaremos no nÃvel do Dinamarca!
Na Dinamarca um filho de milionário também tem maiores chances no mercado de trabalho.
Você vive numa sociedade capitalista, nesse sistema sempre existirá uma minoria que viverá da exploração do trabalho alheio, a origem não é cultural, é econômica, diferente do Escravismo ou do Feudalismo a mobilidade social existe, o que não significa o fim da exploração do trabalho, ou se luta por um novo Modo de Produção, ou toda queixa vai soar falsa, bem a gosto do subjetivismo identitário/pós moderno!
Caro Marcos, tenho apreço pelos seus comentários, sei que os tempos são difÃceis, nenhum avanço na direção de um mundo melhor deve ser desprezado, sou crÃtico do individualismo e também do corporativismo segregacionista, não acredito que tragam algo verdadeiramente novo, suas premissas são antigas e circunscritas no âmbito do sistema!
Não creio que, necessariamente, caro Celso, o diagnóstico que você fez leve à conclusão à qual chegou. A exploração do trabalho pelo capital, naturalizada, é de fato um problema; mas o diagnóstico crÃtico e as ações que se pode ter a partir dele, não precisam ser capengas como sua conclusão sugere. Podem ser, verdade, somente epidérmicas, mas podem ter mais densidade, sim.
É possÃvel resolver isso quando se organiza de baixo para cima, oportunidades iguais e maior prêmio pelo esforço, tudo isso em prol do coletivo e não de indivÃduos (liberalismo) ou de grupos (identitário/ culturalista) os dois últimos são apenas padrões diferentes de uma mesma sociedade, por isso, teremos que voltar ao ponto de partida, jogar fora a água e ficar com a criança !
No comunismo os privilegiados são os filhos dos lÃderes partidários.
Muito bacana a análise. A ligação cultural entre os diretores e os alunos de classe econômica privilegiada parece importar porque no favorecimento mútuo o grupo se favorece. Se quisermos ser uma nação rica, temos que ter certeza que todos os talentos são aproveitados. Todos os esforços para deixar a sociedade mais equânime importa. Força, Michael!
Michael França, parabéns pelo texto conciso e cirúrgico. Infelizmente, me sinto profundamente representada por ele. Meu amado pai pedreiro faleceu orgulhoso do meu doutorado que na época se aproximava do fim. Fato é que a gente avança mas o custo/benefÃcio jamais será o mesmo da elite.
Ah, que lindo, Luciana! Que bom que ele pôde vê-la "Doutora" - ou ali na portinha, quase - que alegria. E sua descendência, se houver, que faça bom proveito do seu talento e trabalho. (Esse artigo do Michael salvou o dia, tanta coisa estropiada....)
Não desista, seus filhos e netos já não terão as mesmas condições de desvantagem que você teve. Tirando descendentes da nobreza, todos os milionários já tiveram ancestrais pobres.
Busca
De que você precisa?
Fale com o Agora
Tire suas dúvidas, mande sua reclamação e fale com a redação.
Michael França > Filho do porteiro termina universidade, mas não alcança o filho do rico Voltar
Comente este texto