Hélio Schwartsman > O indivíduo e a modernidade Voltar
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Uma pessoa que se encontra num estado de sofrimento, sejam quais forem as razões, estaria realmente livre para” sair da vida” e deixar outros sofrem?
Excelente!
É, ampliação do conceito de indivÃduo, com grandes vantagens e grandes desvantagens. Caro Helio, não diga que Godard assim não machuca muitos, nem prejudica a memoria do cinema
Correto.
É capcioso tratar o abortamento a pedido como um direito oriundo da ampliação do conceito de indivÃduo. A interrupção voluntária da gravidez é matar alguém quando a vÃtima ainda está no inÃcio da sua existência. É evidente que tal ação é um ataque à vida, a mais básica das garantias fundamentais do ser humano.
Só Deus pode decidir a hora da nossa morte. O suicÃdio é pecado sem perdão, quem o comete vai direto pro inferno. (Rsrsrs) E ainda tem gente pensando como se pensava na idade média.
Bem, meu caro, parece que há muita gente que perde por esperar: pode ficar morrendo devagarinho, porque vai pro inferbo de qualquer modo... Hahaha!
Cada um deve ter a liberdade de escolher o seu destino, pois se isso for errado, apenas ele sofrerá as consequências. Encaro a velhice como a última lição que Deus dará ao homem para refletir sobre a vida. Na velhice e já perto da morte talvez o homem entenda que a riqueza material, beleza fÃsica, aparência social e ego virarão pó, assim como ele...
Não vejo isso como um problema. Se uma pessoa quer mesmo se suicidar não há quem segure. Segundo a OMS, os idosos são o grupo populacional onde o suicÃdio é mais frequente.
Seu comentário está um degrau abaixo do que o colunista propôs refletir. Trata-se de suicÃdio assistido, eutanásia. Procedimentos com suporte social e psicológico para o indivÃduo e seus familiares.
Nem todo mundo quer ser um SÃsifo. Empurrar a pedra deve ser uma escolha, não uma imposição.
Boa. Representa bem nosso dilema: SÃsifo ou Sifú? Hahahahah!
É um paradoxo sim. A evolução deu ao homem a noção de si, do espaço e do tempo. E, no entanto, isso não nos deu controle da passagem de nossas próprias vidas. Não pedimos ou decidimos nascer. Que, ao menos, tenhamos o direito de escolher como morrer.
Como e quando.
O indivÃduo pode ser explicado a partir da frase de Descartes - Penso logo existo. O contexto, no entanto era outro e a frase já não faz tanto sentido em um mundo que uma massa de indivÃduos precisa lutar diariamente pelo direito de existir. O modernista acredita tanto em si próprio que não aceita o fato de envelhecer e se tornar passivo diante da vida e da sua perenidade. Não o condeno, mas existe um capacitismo que precisamos compreender nessa noção moderna da autonomia irrestrita.
Opa, isso é discussão de paga a pena. Fernando, o "direito de existir" deveria nos estar assegurado pelo contrato social - a luta por ele, já foi feita durante um ou dois séculos. A contemporânea, em princÃpio, seria por bem-estar, o que quer que entendamos por isso. Num mundo em que aumenta a longevidade, mas o corpo continua decaindo, não é, creio, a negação do ciclo natural: o controle sobre a própria morte é somente uma extensão das conquistas modernas. Mas dá pano pra manga, não?
Será que um indivÃduo longevo e lúcido deveria esperar o seu fim como o dos animais selvagens? A vida deveria acabar como uma folha seca que caà numa tarde de outono? Ou deverÃamos ficar esperando que o deus nada termine os nossos dias de sofrimento, que na velhice se degradam irreversivelmente pela Segunda Lei da Termodinâmica? O suicÃdio é um problema filosófico que Godard agora resolveu.
Embora eu consiga perfeitamente entender essa percepção do controle sobre a própria morte como a culminação de um conjunto de direitos do indivÃduo, caro Hélio, minha visão é oposta: é um direito tão básico quanto o dever de cuidar do próprio traseiro. Nem o Estado, nem meu vizinho, nem a igreja ou qualquer outra instituição são responsáveis pela minha vida: eu tenho que me virar, não é? Pois é perfeitamente razoável que eu possa determinar quando ela vai cessar.
Sou totalmente favorável ao direito da pessoa decidir, de livre e espontânea vontade, o momento de morrer. Sendo exclusivamente eu a responsável por todos os meus atos, civil e criminalmente, em contrapartida também me é de pleno direito decidir não mais viver. A vida é minha. Ninguém é dono de ninguém. Nem governo, nem famÃlia, nem igreja, nem coisa nenhuma. Eu pago para viver e vou pagar para morrer. O corpo é meu. E a minha vontade é soberana. Afinal, sou eu quem vivo nele!
Aliás, necessário complementar, não tem nada que ver com a doença terminal, eu como direito absoluto e não circunstancial. Estando ou não acamado, com dores excruciantes, reduzido a vegetal, o sujeito é sujeito de si, não objeto de outrem. Muito menos de nossos médicos, tão legais, que andaram receitando cloroquina por aà durante esses últimos anos.
A Falha gosta de dar voz a essas ideias. Mas sobre Deus não se pode falar.
Até agora só vi você dizer isso, hehehe.
Uai, cludio, claro que pode. Não enchendo o saco alheio, "é tudo da lei', como cantava o Raul Seixas. Aliás, como dizia Aleister Crowley, o "Rei Demônio" na Inglaterra do final do século XIX.
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