Suzana Herculano-Houzel > A dopamina do cachorro do Pavlov Voltar
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Para mim nunca houve essa diferença entre aprendizado e condicionamento, a não ser quantitativo. Por condicionamento entendo um aprendizado bem simples, onde o vÃnculo entre o comportamento e a recompensa seja evidente. Mas o exemplo do cachorro babão do Pavlov não me parece adequado. Há aà meramente um vÃnculo emocional entre um reflexo e um som. É qualitativamente diferente do cachorro aprender a trazer os chinelos quando o dono chega.
"mas ficou claro que, para eles, o que pode ser aprendido por "condicionamento" não era aprendizado.". Imagino o que estes especialistas diriam do que se chama "Aprendizado de Máquina", que é basicamente média ponderada.
Bem interessante - acho só deselegante o tom de deboche. Eu acho que o debate sobre se há, ou não, faculdades que diferenciam animais não-humanos de humanos ou animais de outros, e, em particular, até que ponto estes dependem, ou não, de memória baseada em representações versus condicionamento sem, uma discussão cientÃfica perfeitamente válida. E espero que ainda possamos debater também sobre conceitos que são difÃceis de definir: quando parece simples e claro, é de se desconfiar...
Olha, prezado Peter, é verdade, havia me esquecido da complexidade da representação simbólica: dia desses, tava lendo um estudo com pássaros, com uma metodogia bastante engenhosa, e constataram representação de números, um espanto. E, falando em deboche, hoje me senti cachorro de laboratório russo: o Marcão nogueira, do Cozinha Bruta, deu uma receita de Ceviche de Lula com Chuchu - não foi pela dopamina polÃtica, mas que eu salivei, salivei... Hahahahah!
Sim, por que não considerar que os animais tenham memória no sentido de representação, um tipo de decalque que carregam consigo para se alimentar, brincar, se comunicar, dormir, aprendida com seus pais e os humanos, sentindo alÃvio e satisfação? Talvez a diferença entre nós e eles seja que eles não têm a nossa noção de tempo (desenrolar de passado-presente-futuro), de cultura (representação coletiva de um povo), de subjetividade (percepção pessoal).
Prezada Dra. Suzana, mais uma excelente matéria !! Grato por compartilhar seu conhecimento !!
Interessante, dona Suzana, porque meu convÃvio com os behavioristas sempre sinalizou essa "igualdade" - talvez me escape a sutileza. Entre o condicionamento clássico (Pavlov) e o operante (Skinner), a diferença se impunha pela ação no ambiente, e não pelo processo interno - nem sequer em relação à fisiologia. Todavia, como a Maria Amélia Mattos, o Gerson Tomanari e a Roberta Azzi (esta, ex-behaviorista, mas rigorosÃssima) estão longe no meu tempo de vida, talvez haja inovações que me escapam...
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