Receio que as pessoas em geral tenham preguiça de pensar, de pôr à prova suas convicções, enfim, de exercer essa crítica tão necessária à prevalência da razão. Em geral, como nos recorda a pequena Scout no livro citado, veem o que querem ver e ouvem o que querem ouvir. Desejam o conforto, não têm a mínima intenção de ver suas crenças abaladas. Ao menor sinal de contestação, reagem indignadas, nem que seja para si mesmas: isso é Paulo Freire, como se isso justificasse a opção pelo engessamento.

Obrigado pela oportuna reflexão. Não podemos desanimar e desistir da sustentação da vida civilizada e do bem comum

Um texto de muita intelectualidade e sensibilidade que nos permite refletir sobre os acontecimentos em Brasília sem perder o fio de esperança de que é possível superar a barbárie. Artigos como esse são necessários para reconstruir a autoestima da democracia. Prezada colunista, obrigado!

Quando Bolsonaro foi eleito eu senti o que você sentiu em 8/jan: desalento, desesperança, fracasso. Ler livros imprescindíveis, investir na razão em razoabilidade, buscar se aproximar da verdade, parece que perderam sentido em nossa época. Resta-nos conviver com a barbárie? Aí veio a pandemia e o governo irracional apoiado por gente irracional, restou-me aposentadoria do magistério superior, c/sensação de fracasso. Mas, você é jovem...

Texto excelente. A razão é, como todas as crenças, um exercício de fé. Abrir mão dela significa deixar de acreditar na civilidade e se medir pelo que há de mais raso. É trair as nossas convicções. O que vivemos é um momento de provação, quando testamos as nossas crenças. É o momento em que nos armamos de cravos diante dos fuzis.

Não sei se entendi, mas o legado do Iluminismo foi nos "iluminar" para o diálogo, para o questionamento, a troca constante e infinita de impressões. "Premissas básicas" absolutas, tais como o fanatismo e a superstição, não admitem qualquer troca, qualquer diálogo, comparando-as com a total inação, cujo maior exemplo inerte é a morte. Os fanáticos e supersticiosos morreram para a "luz", qualquer luz, a não ser a própria verdade absoluta. Mas é cíclico, voltamos a Idade Média, virá a Renascença.

Diante de barbáries como aquela perpetrada pela turba ignara verde amarelada no dia da infâmia, tenho a certeza de que aqueles celerados nunca leram qualquer texto humanista, iluminista.

Esse livro da Harper Lee, acho-o ambíguo e delicado, Juliana: ao mesmo tempo que serve à causa negra, ele desserve à causa feminina (ou feminista, como quiser), considerando que o enredo trata da acusação de um estupro. Então, eu não utilizaria esse livro como um exemplo em discursos para apoiar os direitos dos negros, como fez o Obama. Existem duas vozes identitárias oprimidas nesse livro, a voz negra nele acaba se sobressaindo e a acusação da mulher perde credibilidade. É um romance infeliz.

O iluminismo, sempre, para nos livrar dos atos e pensamentos obscuros. Mesmo nos momentos de grande ameaça às nossas liberdades. Temos que aconselhar os nossos parentes e amigos que ainda seguem a cartilha bolsonarista a lerem (devorarem) livros de autores iluministas.

Excelente reflexão, sobretudo num momento em que a razão anda tão "em baixa".

Que bela reflexão! Se me permite, não querendo ser presunçoso, mas que bom se o termo, homem, for substituído por " ser humano" , humanidade, espécie humana, etc. Abs.

Parabéns pelo texto e obrigado pelo alento a nós, crentes no Iluminismo.

Ou seja, a democracia deve ser praticada dia após dia e ensinada as próximas gerações porque mesmo com todas as suas imperfeições, ainda é o melhor sistema que o ser humano pode conviver.