Hélio Schwartsman > Medo da tecnologia levou Platão a desconfiar da escrita Voltar
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O medo que eu tenho não é da tecnologia em si, que quase sempre nos beneficia. Meu medo é o da manipulação da tecnologia para fins contrários aos interesses humanos, como os que estão resultando na expansão eleitoral da extrema-direita no mundo. A entrada em cena da internet já modificou muitos dos nossos hábitos no século XXI, e o das redes sociais estão abalando nossos hábitos e os direitos civis, polÃticos e sociais conquistados nos últimos três séculos.
Acredito não haja o que temer. Com bem mais educação, novos empregos serão criados dentro desta temida IA. Nada supera inteligência do ser humano
Apenas uma questão anedótica. Na década de 80 a CASIO lançou um relógio com calculadora e que guardava telefones. Em poucos meses perdi a capacidade de fazer contas de cabeça e os diversos números de telefone que havia decorado, eu esqueci. Devemos ter diversas formas de guardar a informação e mais de uma forma de acessar, em especial devido as big techs terem nossas vidas hospedadas em seus bancos de dados
Provavelmente, a IA vai acrescentar mais inteligência à inteligência da humanidade.(Claudia F.)
Talvez o Platão temesse a nossa tendência à alienação, depositar um crédito exagerado em algo fora de nós, como num texto só por estar escrito. No fundo é o que acontece ainda hoje com os fundamentalismos bÃblicos e na crença cega em panfletos, digitais ou impressos.
As sociedades se reorganizam em torno das novas tecnologias, de forma que estas não impliquem na dissolução daquelas. Ocorre que cada impulso dado empurra a geração anterior rumo à obsolescência em velocidade cada vez mais alta. As gerações emergentes, moldadas e criadas absorvendo as novas tecnologias calculam suas formações levando esse fator em conta. As anteriores não. Formaram-se com base numa realidade que mudou. "Tem que saber se adaptar" dizem. A gente sabe que não é bem assim.
"Ficaremos sem emprego e sem propósito." Um aspecto que a maioria dos comentadores sobre IA não aborda: com uma economia de consumo de massa, quem irá consumir a massa de produtos criados pelos robôs se a massa não tiver emprego?
Bem, meu caro, o bagúio agora é mai lôko que n'antanho: enquanto as tecnologias que você apontou foram correlatos pontuais de determinadas funções cognitivas - memória, cálculo numérico etc. - a inteligência artificial promete nos dar um Fal no que diz respeito *ao pensamento*, coisa que não é pôka Herda, não. Eu, já vou me garantindo, escrevendo nessa minha algaravia arrevesada, a mode ser imbistituivelmente eu mesmo: posso perder a função, mas quero ver a IA fazer idêntico tropé verbal! Hahah!
As IAs só serão comparáveis a humanos quando conseguirem entender a semântica como os humanos. Se alguém disser a uma IA que tem uma barata na cozinha, é o que ela vai entender. Um humano poderia entender como uma ordem de ir lá e matar a barata, como um sinal que a cozinha está uma imundÃcie, ou como um sinal que todo o prédio precisa ser dedetizado etc etc.
No que depender da atual IA embarcada nos dispositivos moveis, aplicada à interpretação de fala e correção de textos, ela corrigiria "barata" por "batata", e diria que é exatamente esse o lugar pra um tubérculo na casa: "Queria que a batata estivesse no banheiro, senhor Francisco?" Hahahahaha!
Sugiro que leia George Steiner-nenhuma paixão desperdiçada- para não ser tão ligeiro em seu próximo artigo. A Folha está sempre ao lado dos NEGÓCIOS e o filósofo Hélio não foge à regra. Precisa ler mais filósofo!
Temo mais a Não Inteligência. Seja ela Natural ou Artificial.
Taà o Bozo e sua caterva a nos mostrar claramente o perigo da sua ausência, Osmar...
Vejo de outra maneira, pois enxergo o papel onde algo está escrito como uma memória auxiliar. Sim, sempre que confio alguma informação à memória cerebral (telefones, senhas, endereços etc.), tenho o hábito de manter uma cópia em pape, sempre que possÃvel. Blocos de nota, cadernos, livros, jornais, revistas e demais publicações são memórias auxiliares...
Hélio, ve não tá confundindo tecnologia com artefato tecnológico?
Penso diferentede Hélio. Parece-me que Platão acertou na mosca quando apontou o advento da escrita de base fonética modificando para sempre as relações com a autoridade. De fato as memórias foram parar no papel (ou na nuvem), e não mais dependemos de "alguém" como depositário da memória do grupo.
Teria sido Einstein um catrastofisfa sobre o mau uso da energia nuclear?
A Inteligência Artificial, assim como a escrita, tem vantagens evolutivas e vários grandes defeitos. Na escrita vários absurdos são tomados como verdades por muito tempo, como exemplo cito a bÃblia. Os bancos de dados, utilizados na IA, possuem grandes inconsistências, que serão tomados como verdades. As falhas sempre existirão, qualquer que seja a tecnologia inventada pelos humanos. Afinal, somos humanos, "demasiadamente humanos".
Con relação ao emprego a previsão já está se confirmando. Lojas podem funcionar praticamente sem funcionários, veÃculos autônomos acabarão com os motoristas de aplicativo e por aà vai.
Outro medo infundado. Por mais que a tecnologia nos tire empregos enfadonhos, pesados e repetitivos ela cria outros muito mais fascinantes. Criar e manter software que fazem as lojas funcionarem sozinhas é fascinante. Quem quer ser caixa de lojas?
E incrÃvel a revolução que a Internet causou : reencontrar antigos amigos, conhecer pessoas novas, compras, pagar contas, entretenimento etc. Mas também facilitou a proliferação de bolsonaristas. Kkk, eles parecem os Gremlins : você polvilha mentiras e estultices na cabeça e os bichinhos se multiplicam. E falando em escrita, por onde anda o nosso leitor para assuntos aleatórios, o Marcos Benassi? Será que a Folha finalmente decidiu contratá-lo?
Pô, carÃssimo compadre Batista, se me tivera contratado, é que eu estaria por aqui *mesmo*! Hahaha! Cê acha que mané é louco de contratar um bocudo que o esculhamba sem dó nem piedade? Eu fiquei foi se saco cheiésimo com as notÃcias repetitivas, a barbaridade infinita, a bozofrenia inclemente e eticéteras. Mas falando em aleatorices, veja só, uma minha irmã arrumou um ótemo marido na Internet, um peruano que se apaixonara por ela no Rio 3O anos atrás. E ele abomina TrAmp e Bozo, é bom de caráter
Pois é, concordo com você. Proliferou também um monte de petistas que por mais que seja indecente eles voltaram e vão gastar nosso dinheiro com gasoduto na Argentina que, claro, depois vão nos dar mais um calote, Apesar de bolsonaristas e petistas, viva a internet.
O que é IA ?
Muito grata José Passos
Inteligência artificial
O que é IA ?Não dá para descartar a hipótese de que a IA seja tão superior à mente humana
Gênio. Melhor definição do que se passa até agora. Excepcionais são todos os tempos de acordo com quem os vive.
Essa é uma posição profundamente humanista, cara Danielle. "De acordo com *quem* os vive" é um ponto de vista que mira as pessoas no tempo - desde que, evidente, a IA não atinja um ponto de senciência, no qual se considere "uma pessoa".
Como as 35 previsões de Herman Kahn para o ano 2.000 feitas em 1967. As previsões não passaram de equÃvocos longe da realidade, baseadas em sua maioria pela indução 1. Previa que Brasil, Ãndia e China seriam grandes potências, coisas que talvez a China pode se aproximar.
No que se refere ao Brasil não me lembro dessa previsão otimista dele. Como era o inÃcio do milagre econômico, havia uma ideia de que ele estava nos subestimando. O Mário Henrique Simonsen lançou 'Brasil 2001' muito em resposta à essas previsões. Quem diria que a estagnação a partir dos anos 80 mostrasse que o futurólogo riria por último se estivesse vivo em 2000?
Ah, caro Vito, mas aà também é safanagem: querer que uma previsão sobre o Brasil da década de sessenta se aguente até a virada do século, é muita confiança na presciência do Kahn, hein? Nem que fosse o Gêngis, pra prever que os milicos cairiam do poder mesmo com ditadura braba e tortura, deixariam uma crise e dÃvidas imensas e, ainda assim, voltariam depois com pinta de expoente de moralidade, mesmo tendo um completo hidiota à frente. O Brasil não é pra menos que Nostradamus, não... Hahahahaha!
"O otimista é, antes de tudo, um mal informado", dizia Francis. A releitura de Schumpeter, até porque Hélio já leu o austrÃaco considerado o profeta econômico do século XXI, certamente ajudaria a desconfiar das superações promovidas pela tecnologia à base da "destruição criativa" que produz a acumulação da riqueza. Há limite à s inovações. Dado pela equação do trilema: sociopolÃtico, ecológico, laboral. O intervalo das crises mundiais econômico-financeiras, entre 1929 e 2008, encurtaram bastante!
O digital não é uma revolução nem um novo paradigma, é uma mudança de era. Nada guarda do que o antecedeu. Uma calculadora, um computador, a escrita, etc são produtos da mente humana que respondem a ela, estão contidos nela limitados a ela. Uma IA é produto mas não está contida, não tem limitação.
Creio que as previsões catastróficas acerca da tecnologia não terem se confirmado é que temos dois problemas da indução. A indução 1 que diz dada uma generalização empÃrica e certo número de instâncias positivas até que ponto as últimas são evidência para a asserção da primeira? E indução 2, dada uma teoria e um certo número de instâncias confirmativas até que ponto as últimas são garantia da primeira? Duas coisas distintas. As pessoas usam a indução 1 que leva a equÃvocos.
1 - depende do número de casos observados e do conhecimento dos fenômenos envolvidos, desde que não seja usado o critério de verdade. 2 - = 1 + garantÃa probabilÃstica. Entretanto, decidir o comportamento ignorando 1 e 2 pode levar a tragédias. Se o último que pulou da ponte morreu se estatelando no chão não for tomado como garantia de que o mesmo acontecerá comigo se eu pular, porque considero a teoria da gravidade não confirmada pelo último caso, provavelmente não sobreviverei.
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