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Editorial e opinião extremamente desinformado. A análise de impacto através de número de citações pode servir - e relativamente - a algumas áreas que investiram nesse tipo de medição. Mas não serve à maioria das áreas do conhecimento. É uma perspectiva empobrecedora da ciência e da pesquisa e marcada pelos interesses do mercado. Não mede impactos sociais da pesquisa, contribuições para boas polÃticas públicas ou mesmo formas de inovação que vão muito além da produção de patentes.
Análise superficial sobre C&T no Brasil. Por que Argentina, Chile e Peru tem maior número de citações que o Brasil? E citação é o único parâmetro para aferir impacto de pesquisa na nossa sociedade? Jornalismo cientÃfico é importante para disseminar informações para a sociedade? Quantos jornalistas cientÃficos a folha possui?
No final dos anos 70 uma bolsa de mestrado valia uns 6000 reais de hoje. Os governos democráticos preferiram direcionar o dinheiro público ao assistencialismo. Não admira nossa duradoura estagnação. Um exemplo é a aposentadoria rural, em que mais de 8 milhões de pessoas ganham um salário mÃnimo sem nunca haver contribuÃdo para o inss.
Avaliar impacto cientÃfico só por número de citações é se adaptar a um modelo comercial de ciência, que é facilmente burlado e desestimula a criatividade e a diversidade das abordagens. Há rankings que consideram apenas citações internas a indexadores especÃficos, deixando de lado jornais nacionais e livros, por exemplo. O editorial ignora o processo de avaliação da CAPES, além dos impactos profissional, técnico, social e educacional da pós-graduação.
É imperativo que a ciência nacional busque sempre a excelência. Mas, o recurso é escasso por motivos muito óbvios e pouco comentados. A classe polÃtica e os altos escalões do funcionalismo público consomem dinheiro para manter regalias e privilégios imorais. Se investÃssemos mais em ciência que em auxÃlio moradia a quem já recebe o teto da remuneração permitida para o setor público, terÃamos uma produção cientÃfica muito mais significativa.
O maior impacto da ciência não é uma pesquisa que se materializa em um produto, ou em um artigo que é citado inúmeras vezes por autores consagrados. O maior impacto da ciência é desenvolver o senso crÃtico do maior número de pessoas e disseminar a prática da pesquisa como critério para decisões mais elaboradas. O resto é neoliberalismo raso, que se apossa da ciência pela compra de cientistas e a usa como elemento diferencial daqueles que não tem acesso. Esse editorial é um vexame!
Isso é papel da educação desde os primeiros anos escolares e, diria que de toda uma sociedade envolvida em um um pacto social pela civilização. Agora, resumir a atividade cientÃfica a isso resulta na ideologização da ciência. Se isso vira norma em um paÃs, não há alternativa para um cientista senão o caminho do aeroporto.
Além de remunerar corretamente, Brasil precisa criar a carreira de investigador independente da docência e adotar uma agenda global para além da local. O mundo usa normas da APA, avalia por quartil e escreve em Inglês; Brasil tem a ABNT, qualis e tolera o português. Além disso, há muito exoterismo (terraplanismo) no meio cientÃfico brasileiro, como se pode constatar em palestras disponÃveis em canais de YouTube de associações cientÃficas.
Por favor, poderia indicar qual associação cientÃfica na sua fala? Deduzo que saiba que aquilo que escrevemos sem referência não é passÃvel de ser verificado e consequentemente não tem valor cientÃfico e se torna fala vazia. Obrigado.
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