Suzana Herculano-Houzel > Quem você espera que vá querer ser cientista? Voltar
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Para ser cientista/pesquisador em ciências da natureza é necessário estar com sua formação na fronteira do conhecimento da área escolhida. Ou seja, para chegar lá deve-se avançar por degraus, por exemplo, graduação, mestrado, doutorado, pós doutorado, etc, e então conseguir emprego onde sua produtividade em pesquisa influencia muito seu salário e o financiamento de sua pesquisa. Não é fácil mas cada vez que o pesquisador consegue publicar um artigo com resultados que avançam o conhecimento o pra
As ditas organizações sociais entraram na área da saúde pública e, aplicando métodos de gestão e remuneração empresariais, acabaram com as filas do SUS, aumentaram o reconhecimento e a remuneração dos profissionais de saúde. Correto? SHH não propôs OSs na pesquisa pública, porém métodos empresariais de gestão de pessoal são adequados ao aumento dos lucros, não é esse o resultado adequado pra ciência. No mais, concordo que os valores das bolsas são minúsculos.
Brasil e demais paÃses incivilizados e incultos, que odeiam ler livros e mais ainda os que estão a ler nos ônibus, metrôs, em casa, nem sabem o valor dos cientÃstas. Se o Zema, atual governador de Minas, nem sabe quem é Adélia Prado, imaginem os negacionistas da vacina, da mudança do clima, e extrema-direita que perdeu a vergonha de destilar ódio aos professores-cientistas, como vivemos nestes últimos 4 anos!?
"cogitar virar cientista é considerar se prontificar a ser, por uma geração, um dos raros portadores do conhecimento acumulado pela humanidade...". Obrigado, Suzana!
Eu colocaria na lista de serviços prestados à sociedade por cientistas dois outros itens: previsão do tempo e clima e monitoramento remoto de grandes biomas. Acho que o noticiário dos últimos dias, sobre a tragédia no litoral norte de São Paulo, ilustra como esses serviços podem ser ainda mais crÃticos no futuro próximo. Para se habilitar nessa área, suspeito que o camarada precise de uns 15 a 20 anos de educação formal. Incentivos são essenciais.
Eu queria ser cientista, o problema é a minha própria limitação acadêmica em não ter inglês fluente (indispensável na carreira) e as exigências aristotélicas para conseguir uma vaga no mestrado em uma Universidade pública brasileira, vale mais a pena fazer intercâmbio no exterior e tentar a sorte em uma Universidade lá fora do que no Brasil.
Perdi parte da minha saúde no Doutorado. Depois fiz pós Doutorado........ é um caminho sem volta.......cabe à s autoridades do paÃs reconhecerem esse património.........o Brasil paga muito mal seus pesquisadores, cientistas.......estamos perdendo nossa mão de obra qualificada para outros paÃses.......
Professor universitário quando vai pra um congresso tem que preencher tanta documentação que é melhor não ir. A pesquisa é mais fácil conduzir do que preencher a documentação exigida pra você apresentar o trabalho no congresso........pra custear sua estada........diária de 120, 00. Mas é um caminho sem volta......quem tem o dom de pesquisador não se arrepende do que faz........cabe ao paÃs e as autoridades reconhecerem esse imenso esforço.........Perdi parte da minha saúde no Doutorado.........
Fiz graduação, mestrado, doutorado e pos doutorado. Meu salário é menor que o de um jogador de futebol da minha cidade.......pra ser mais verdadeiro....... é a metade..........
cidade de 50.000 habitantes
Professor universitário só não tá morando na favela porque irmãos que não estudaram e tem uma bodega na ponta da esquina tem ajudado.........vergonha um estudante de doutorado ganhar 3.000,00............de bolsa...........vergonha, vergonha, vergonha..........não dá nem pra comprar os reagentes da pesquisa.........não viaja pra ver os pais porquê o dinheiro só dá pra comer cuscuz com ovo...........e quando muda o cardápio é ovo com cuscuz...........vergonhoso.....
Assisti uma vez uma palestra de um Phd de Cambridge na siderúrgica coreana Posco. Na empresa brasileira onde trabalhava não havia como formar uma plateia para ouvi-lo, por falta de nÃvel acadêmico e de fluência em inglês. Sem uma indústria competitiva no mercado mundial com a exportação de seus produtos, em vez de dependente de reservas de mercado, a demanda por excelência acadêmica será baixa, o que determina seu rendimento.
Suzana, "quem dá a sabedoria ao homem é deus". "O ser humano não sabe de nada". Quase 90% da população repete isso sem parar, e abomina as universidades. Os jovens cada vez mais sucumbem ao mesmo discurso e fanatismo, num paÃs com acesso escasso e hermético a educação e cultural. Ciência no Brasil? Pra que, se uma igreja com 400 semianalfabetos rende 56 mil mensais de dÃzimo?
Pra mim, parte da solução é estabelecer prioridades. Não dá pra investir com qualidade no ensino básico e no superior ao mesmo tempo. O cobertor é curto e o tema é controverso.
é bom esse discurso, que o ensino básico é ruim porque temos universidades públicas, então bastaria cortar as universidades e pesquisa para melhorar o ensino básico. E deixar o nÃvel superior só para quem pode pagar a universidade privada para manter a desigualdade nos próximos séculos. O cobertor é curto porque os governos têm outras prioridades, que passam bem longe da educação.
Me desculpe, mas o cobertor nunca é curto (até muito pelo contrário) para infindáveis roubalheiras e maracutaias polÃtico-empresariais etc. Pra mim, sinceramente, esse argumento não cola. Mesmo que o seu defensor tenha graduação e mestrado na USP e doutorado em Harvard. Aliás, aproveito pra dizer que o Brasil tem polÃticos demais e polÃticas públicas (que funcionam bem) de menos.
Creio, como muitos, prezado Nilton, que o contraste deve ser feito com outras áreas: investimentos em tanques de guerra ou em educação? Em privilégios funcionais - nosso legislabóstico tá repleto, bem como os outros poderes e os milicos - ou em educação, em todos os nÃveis, porque interligados? AÃ, sim.
Excelente texto que ressalta (ou mostra) a importância da ciência para um paÃs e que explica o porquê de gente como eu ainda insistentemente perambular pelos corredores e laboratórios das universidades do paÃs em busca de terminar a graduação, o mestrado, o doutoradoÂ… Mesmo “sendo bolsista” e, quando muito, remunerado.
Muito bom Suzana. Gosto muito dos seus textos e este foi um soco no estômago. Tenho amigos que passaram 8 anos ou mais estudando para virar cientistas aqui no Brasil. Aliás profissão que não é nem reconhecida no Brasil, como vc sempre defendeu que acontecesse. Esses amigos acabaram indo para fora para poder exercer sua profissão de forma digna e com reconhecimento. Infelizmente assim como outras profissões, usufruÃmos do resultado do trabalho deles sem reconhecer devidamente o trabalho deles.
Para quem vive na esperança de um avanço da ciência brasileira, esse excelente texto é triste.
Eita, dona Suzana, excelente dedada no'zóio, acertou até no hipocampo, de tão bem dada. Ôtra: botemo professor nesse balaio. Quem é que vai quer sifú uma vida inteira de trabalho - e é ofÃcio trabalhoso à beça - com o salário de Herda e o respeito social idem? Junta isso com a questão que seu colega Michael França traz na coluna de hoje, as questões aspiracionais e de falta de possibilidades concretas da galerinha da quebrada. Pronto, tá feita a mistura satânica da derrocada ciento-educacional.
Parabéns pelo texto, Suzana! Lembrei-me do artigo do cientista Moysés Nussenzveig na primeira revista (se não me engano) da SBCP: "Para que serve a pesquisa básica?" onde questionava, entre outras coisas, o percentual do PIB destinado à pesquisa desse pessoal que passa a vida toda estudando "sem produzir nada". De lá pra cá mudou quase nada senão o aumento de programas de auditório e policialescos de final de tarde, BBBs, redes sociais abobalhadas, o 8 de janeiro e a dancinha do TikTok
No zóio, Suzana.
Tomém botei a maior fé!
Eu acho que a pergunta não deve ser essa, visto que no mundo onde a ciência tem posição reconhecida a taxa de desemprego de doutorados é menor que 3%. Claro que há o que melhorar, e não é pouco, mas uma pessoa que quer ser cientistas vai ser cientista, porque o conhecimento cientÃfico é universal e pode ser desenvolvido de qualquer canto. A pergunta, assim deveria ser... Até quando a sociedade brasileira vai aceitar permanecer na era pré ciência, na Idade Média?
É dilema Tostines, caro Cristiano, ovo e galinha. Sem cientista, ciência não ganha relevo. Se não tem relevo, como formar cientistas?
Eu vim de famÃlia simples, tinha a oportunidade de um doutorado na Inglaterra e uma aprovação para ser perito federal. Fiz a opção por adiar o doutorado, o fiz mais de dez anos depois. Sem perspectiva de concurso não posso deixar a vontade de ser "cientista" falar mais alto. Não me candidato a tirar sozinho (ou quase sozinho) o rico Brasil da idade do bronze ou da pedra polida não.
Que tal fazermos antes outra pergunta mais básica. Quem você espera que vá ser professor ?
Hahahahah, bingo!
Só os candidatos a santo.
Parabéns pelo texto!
Perfeito. Um desabafo que os mestrandos e doutorandos não podem fazer. Obrigado, obrigado, obrigado!
Estude para almejar ser bem realizado na profissão de cientista, em qualquer parte do mundo. Eu lamento muito cada vez que um jovem brilhante vai para o exterior porque algum banco de talentos o identificou aqui e levou. Por outro lado, fico satisfeito pois é mais um estudioso que poderá exercer a profissão escolhida.
Cara Dra.Suzana artigo notável por sua lucidez,mas o que esperar de um paÃs como na AL em geral,onde polÃticos tem salários milionários para o pouco que retornam a sociedade como um td,e outras categorias tem uma relevância irreal.
Farinha pouca meu pirao primeiro , mandamento mor desse brasil
Não há dúvida de que os citados são importantes, Florentino. Mas se quiser fazer pirão, tem que ser com farinha, não será com alface ou quiabo: se quer ciência, tem que ter cientista, não policial.
E médico, enfermeiro, professor e policial?
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