André Roncaglia > Laissez-faire imobiliário e racismo ambiental Voltar
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Um dos grandes gargalos nisso tudo é que os municÃpios são reféns de grandes empresários (vou chamar de "farias lima local"). Deu pra ver que no caso de são sebastião não foi apenas omissão dos governantes, mas também o histórico da especulação imobiliária desenfreada nas urbanizações desplanejadas. Vai ser muito difÃcil sair da teia do nosso modelo econômico. Os "faria limers" locais mandam e desmandam nos planos diretores das cidades sempre com a justificativa de investir e gerar empregos.
Moradia. Ponto extremamente relevante. Observando as favelas nas grandes cidades brasileiras fica claro que não há democracia neste paÃs. Como pode qualquer governo permitir que pessoas morem nestas condições? Por que não se tem polÃticas públicas de moradia como prioridade do investimento público como em qualquer paÃs sério? Mais importante gastar R$800B anualmente em juro do que em residências? Devemos aprender com Singapura e China.
Mais uma tragédia com as digitais do Estado (ou melhor, falta de ação do Estado). Assim como ocorreu em Mariana e Brumadinho, falta ação do Estado para evitar tragédias e ter maior controle nessas área. Enquanto isso, muita gente ainda querendo um Estado cada vez mais ausente na vida do paÃs -- não nos esqueçamos.
Mais um excelente texto, com as questões que devem ser corretamente indagadas e as feridas que devem ser devidamente cutucadas em nossa sociedade. Parabéns.
1.6. Há um interessante artigo de autoria de Priscila Mengue, no Jornal Estado de São Paulo, do dia 22/02/2023 que cobre toda a ocupação da área da tragédia com mapas de 1985, 2000 e 2022. São dados extraÃdos da MapBiomas mostrando uma urbanização crescente nas quatro cidades do litoral norte, causado pelos ganhos associados ao turismo, infraestrutura de acesso à região, a migração visitante da Baixada Santista, bem como a à extração de petróleo na região adjacente.
2.6 De acordo com esse artigo, há relatórios de áreas de risco no litoral norte, feitos em 2014 e 2018. Nesse relatório (e.g.) a Barra do Sahy tinha um setor de atenção (na “Vila Sahy”) com 162 moradias, apesar de não considerado de alto risco. Quer dizer, há ocupações urbanas problemáticas e sob judice (**) que se segue à uma ação econômica, já informada que pode sofrer mais por ações climática.
3.6 As pessoas permanecem (cem) nestas áreas de risco porque tem restrições econômicas muito maiores do que os dos condomÃnios de luxo ou classe média, as quais também foram vÃtimas deste temporal. Basta notar que a própria Ministra de Estado (Esther Dweck e familiares) teve (veram) que ser socorrida (s) pelo exército, pessoas de alta renda foram arrastadas pela enxurrada ou perderam bens, quando não a vida.
4.6 Acredito que a conclusão mais racional que se pode chegar é que as instituições falharam em vários nÃveis (**), a estrutura de empregos de baixa remuneração associada à ocupação urbana motivada pelo turismo ou outras atividades econômicas não permitiram que as pessoas residissem em áreas de menor risco, as quais também foram atingidas.
5.6 Por fim, acho que precisamos de muito iluminismo/razão nas pautas, jargões de militâncias como racismo nutricional, racismo ambiental (*), episteminicÃdio negro (sic), não explicam muito bem situação complexas como dessas da tragédia. Friso que as instituições falharam e que há dominância do efeito do nÃvel de renda sobre as residências atingidas em detrimento de qualquer discriminação de cor ou raça que pudesse orientar a ocupação.
Sensacional. Li todos os posts. Obrigado, camarada. Uma lufada de ar fresco em meio à insanidade ideológica (demagogia barata). Uma chamada à devida responsabilização e ao tratamento, de fato, do problema.
6.6. (*) este termo está presente no tÃtulo do artigo, mas não há nenhuma explicação a respeito vinculado ao caso. Bem, penso que ele só seria cabÃvel se o efeito discriminação (por pertencimento) sobre as ocupações fosse mais forte do aquele que fosse explicar somente pelo diferencial de renda entre grupos/coortes.
Artigo irretocável, parabéns!
Os deslizamentos são como a loteria. Todo verão tem algum, mas é muito improvável que o lugar em que a pessoa mora seja destruÃdo. Daà é difÃcil proibir que permaneçam morando em local de risco. Em geral tem o atrativo do preço baixo e proximidade do trabalho.
André, carÃssimo, tô até curioso para ver se tem um editorial "ortodoxo" para compensar as discussões que os articulistas trouxeram por aqui hoje. O schwartzmann e a "historiografia geológica"; o Boghossian e os métodos de compra parlamentar; Azevedo e a merreca anti-desgraça; você, com essa dedada no'zóio. Se fosse um movimento de rua, por precaução, vocês deviam estar de capacete: já vinha bala de borracha nos olhos, método "não-letal" de transformar reclamação em gemido.
Análise lúcida e precisa. Um diagnóstico exato. "O Brasil padece da tragédia do horizonte: um desafio de longo prazo se depara com a miopia das elites econômicas. Sem a liderança do Estado, o negacionismo climático continuará validando o racismo ambiental e as tragédias se sucederão, com os perdedores de sempre."
novos adjetivos rraccismo ambiental peidal
As Prefeituras desses locais estão de olho no IPTU que entra. Não interessa quem vai morar nesses lugares menos sujeitos a riscos. Ricos ou pobres, não haverá infraestrutura de saneamento ou saúde; só um asfalto bem mequetrefe para permitir a construção de mais e mais unidades, pois os polÃticos estão invariavelmente na folha da especulação imobiliária, de uma forma ou outra. Dizer que há racismo ambiental, tudo que esse cara quer é encostar num carguinho num futuro governo de esquerda.
De frente ao mar,de costas para o Brasil
O artigo toca em pontos fundamentais para entender um problema estrutural, todavia erra ao colocar um marco em 2014 (antes e depois). Em 13 anos de governos do PT, e mais os anos do vice Temer, não se mudou a lógica da especulação imobiliária, nem sequer chegou a discutir seriamente a reforma urbana. E tudo indica que a reedição do Minha Casa Minha Vida insistira na mesma lógica de colocar no centro os interesses das empreiteiras. Então a culpa não é só dos que vieram depois.
Sim mas os recursos para mitigação dos problemas ambientais despencaram após a era PT, números não mentem. Por mais que se aponte carências naqueles tempos é inegável que houve retrocesso no foco nos mais pobres. A direita reduz ao mÃnimo os investimentos na redução da desigualdade, isso sempre foi evidente, a esquerda nunca obteve o poder de mudar tudo, sempre teve que negociar as migalhas com a direita que sempre foi hegemônica.
Aqui é um paÃs tropical e sempre haverá tempestades e chuvas torrenciais !!! Evitar a ocupação dessas áreas é a única forma !!!! Textos cheio de palavras e terminologias não resolverão nunca !!! Assim como os eternos esquemas de corrupção comandados pelo sistema !!!!
Enquanto isso o mercado está investindo em água mineral, material de construção civil, caixão etc.
Estão fazendo jogral ou romaria para emplacar essa terminologia desagregadora? Para diferenciar entre pobres já tão sofridos? Papagaios amestrados fazendo corinho? O dia que essa incitação levar à tragédia vão responder pelo mal que causarem? Um desrespeito à s vÃtimas, uma desfaçatez perante a tragédia, usar essa desgraça como palanque ideológico! Tenham vergonha!
O roncador deveria ficar dormindo, tributar lucros e dividendos sendo que o serviço e o produto já foram tributados é mais um absurdo, acabar com as empresas só vai deixar as pessoas mais pobres e o governo vai continuar sendo incompetente, deixar ocupar áreas de risco, só pode acabar em tragédia no verão ainda mais com uma chuva de quase 700 mm , Punição exemplar para quem deixou de fazer a obrigação de remover ocupações irregulares,e deixou de investir em prevenção volta Janio!
Ra ra ra! Quem paga os tributos são os consumidores não os donos do capital. Quer tributar salários mas não a renda do capital? Essa lógica só pode vir de um capitalista tacanho, nenhum paÃs capitalista isenta de tributação os lucros e dividendos e ainda por cima tributa pesadamente o consumo , suavizando os impostos sobre patrimônio e heranças para os ricos.
Toda semana Roncaglia nos brinda com o texto de economia mais necessário da Folha.
Antes do texto do André eu li a entrevista dada pelo fundador da Fama Investimentos na qual ele diz que o "caso Americanas reflete cultura tóxica de resultado a qualquer custo". É impressionante a semelhança de concepção, pra não dizer que são frutos do mesmo pé, entre a negligência do estado em relação aos moradores de regiões precarias e a crescente adoção de polÃticas empresariais "curto-prazistas" cuja única moralidade é o maior retorno no menor tempo possÃvel para os stakeholders.
... arquive o texto para ser usado no próximo verão de tormentas, Sr. A. Roncaglia!...
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