Sérgio Rodrigues > É preciso salvar as baleias e as palavras! Voltar
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Coruscante. No livro Caim, José Saramago emprega o termo, no trecho: "Quem desobedeceu às minhas ordens, que foi pelo fruto de minha árvore, perguntou deus, dirigindo directamente a adão um olhar coruscante, palavra desusada mas expressiva como as que mais o forem."
Cazzo!, "Ãntimas a ponto de serem acariciadas com a lÃngua" é meu limite. Uau!
Hoje a coluna causou muitas risadas no café da manhã... vindas de minha mulher! Isso porque sou um usuário ativo da palavra "coruscante". Uso espontâneo. Mas, pensando a respeito, é uma palavra expressiva, cuja forma é tão adequada ao conteúdo que o ouvinte intui seu significado facilmente. Não sei onde a aprendi, mas li vários livros do VerÃssimo na juventude...
Hahahahah, um Homem que Corusca! Nem meu descorretor ortofrônico acreditou, Paulo do céu: quis, a toda força, que você fosse uma pessoa "coração". Coruscar é pros fortes, cê tá de parabéns. Ah, e sua esposa, idem, sortuda: um homem que Corusca, que outras habilidades não terá? Hahahah!
Interessante esse mundo das palavras. Defenestração é uma palavra importantÃssima: mereceu até uma crônica de LuÃs Fernando VerÃssimo. O verbo cofiar é velho amigo meu. Nossa lÃngua tem um verbo especÃfico para quem gosta, como eu, de ficar enrolando os fios da barba ou do bigode (meu caso) no dedo: agora mesmo estou cofiando meu bigode.
Ah, antes de defenestrar minha barba, eu a cofiava, sempre gostei. Desbarbecido, tive que apelar pra tricotilomania, a mera enrolação genérica de pelinhos do corpo. A decadência é um treco triste, caro Joel. Que nem estamos, abaixo, o Ricardo e eu: adoramos a bodega, mas aposto que vamos mais à botica, agora que viramos os cinquenta. Hahahahah!
De ceca a meca, inconsútil é coisa do Otto... abraço!
Os jornalistas têm uma parcela de culpa por esse morticÃnio lexical... Em meados do século passado, Graciliano Ramos, um adepto da linguagem enxuta, foi contratado por um jornal carioca para aparar os textos dos demais jornalistas e eliminar vocábulos pernósticos. Dizem que ficava em uma salinha próxima à redação e, com uma caneta na mão, riscava tudo o que achava pedante ou inusual, muitas vezes acompanhado de um palavrão em voz alta: "Outrossim é a pê que pê!"
Hahahahah, outrossim, um ou outro não, tem os therefore e nevertheless, que acho tão bonitos... Todavia, ser copidescado pelo Graciliano não era mau não, hein, Hermes? Pé qué pé, tipo "domingo, pé de cachimbo"! Hahahahah!
Opa, esqueci (e provavelmente vou me esquecer dela): grato pelo inconsútil! Que coisa linda. Ah, tem a da Mary Poppins e do Bert, o supercalifragilisticoexpialidoso. Essa, ainda que ninguém use, morre não.
Poi Zé, carÃssimo, eu gostei dessa idéia da adoção palavrista, pena que não colou. Quando ficam cocorocas - que só li no Stanislaw Ponte-Preta - fenecem solitárias, tipo uma tia velha em Copacabana, é triste. Mas tem a contraparte, as novas, que vêm com a alegria das crianças: adotei de bom grado o "é nóis", achei expressiva. "Demorô", não uso, mas é simpática, bem-disposta. É minha contribuição de combate ao corporativês: o dialeto "Quebradês" é onde tá essa criançada, cheia de graça e vida.
Obrigada por compartilhar esse texto coruscante!
Coruscante nunca "morrerá". Os fãs de Star Wars não deixarão!
Uia! Essa lembrança foi fulgurante! Hahahahaha!
Que texto coruscante! Parabéns, Sérgio!
Texto leve, curioso, divertido.... E (por q não?) "coruscante"... Parabéns.
Eu tenho um caso semelhante com a palavra "feérica". Eu a aprendi ainda no antigo primário - iluminação feérica - e nunca tive chance de usá-la. Bem, tive algumas poucas, mas ninguém entenderia. Também nutro forte simpatia por "garrida", que tento usar (ex: "cores garridas"), mas não consigo pelo mesmo motivo...
Ficou sem assunto hoje, né, Sérgio?
Faltou bom humor hoje, né, Francisco?
As palavras mais pernósticas se homiziam dentro de decisões judiciais, principalmente as de cortes superiores. Confira.
Ah, Mario, o juridiquês é refúgio impenetrável por vontade própria. É, mais do que pernóstico, covarde: comunica as coisas com precisão, tá, mas o mais importante que ele comunica é que a malta não pertence à quela gente tão fina. Ah, têm o "delegadês", papo de delegado em entrevista pra tv, que emprega o resÃduo do juridiquês. É mais inteligÃvel, porque tá em contato direto com os pobres - mas se esforça pra não ser um deles. Inutilmente, aliás.
Eu gostava de botica. Ainda bem que tem a loja de perfumes. E outras palavras vão ganhando espaço : até poucos anos atrás, quase ninguém sabia o que é ter resiliência. E Érico VerÃssimo era mestre mesmo. Clarissa é o meu livro favorito com protagonista adolescente.
Kkk, me too.
Prima da botica, é a bodega. Cujo conteúdo eu prefiro, aliás... Hahaha!
Eis uma oportunidade para usar o termo "inconsútil": A túnica do Senhor Jesus era inconsútil. "João 19:23 - Tendo, pois, os soldados crucificado a Jesus, tomaram as suas vestes, e fizeram quatro partes, para cada soldado uma parte; e também a túnica. A túnica, porém, tecida toda de alto a baixo, não tinha costura."
Eu achei linda, essa, Joel, não conhecia - aliás, seu comentário lembrou-me de agradecer ao Sergio. Ô, mas tem coisa inconsútil pelaÃ, sim, muito menos santas que o sudário: minhas cuecas, que gosto "Boxer", são todas inconsúteis. Não que eu soubesse disso até agora, claro, mas sempre foram.
Esse artigo é inconsútil!
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