Em “O Médico, Seu Paciente, E a Doença”, Michael Balint aborda com muita eficiência a atuação dos profissionais médicos e a relação médico-paciente e as consequências da insuficiência na formação psicológica dos médicos. Deficiência na formação não está exclusivamente ligada a um maior número de escolas médicas, mas na incapacidade do Estado e dos órgãos de classe implementarem políticas de fiscalização do ensino médico. Em tempos de CFM perverso (bolsonarista), continuaremos inertes.

Boa parte dos estudantes de Medicina entraram no curso para "ganhar dinheiro" e não como vontade profissional. Começa aí a quebra na relação médico-paciente. Também a falta de estrutura prejudica essa relação.

E tem um detalhezinho, quase meio salário mínimo por uma consulta de poucos minutos. Algumas sem retorno, mas uma ou duas caixinhas de amostra grátis. Há muito e muito tempo atrás, nessa mesma, triste e desolada galáxia que habito assisti à uma película intitulada, Máfia branca, ou coisa que o valha, e hoje posso constatar, as cosas nostras não mudam nunca...

Não é a a relação médico-paciente que está em foco mas o que imprimiu o capitalismo nos bastidores do processo saúde-doença. Há cinquenta anos atrás Ivan Illich escreveu o livro Apropriações da Saúde e mesmo que a população de maneira em geral não conheça o assunto, não quer dizer que não exista em sociedade pessoas que entendam seu significado.

Creio que o futuro da relaçao médico paciente será completamente alterado pela introduçao da IA em ampla escala. Será possível, entao, compilar toda a literatura médica em um piscada e produzir diagnósticos probabilisticamente mais acurados. Os médicos vao precisam de mais anamnese, mais escuta plenado paciente.

Então, belo texto diagnosticando o óbvio, gostaria de saber sobre o próximo passo. Não estamos descendo a ladeira, estamos subindo pelo caminho errado. Qual o caminho a seguir?

Parabéns Professor. Em um breve artigo definiu perfeitamente a situação em que nós, médicos, nos encontramos. A burocracia médica da relação médico-plano de saúde-paciente é desgastante e toma mais tempo que a própria assistência. A medicina ilusionista e fácil das redes sociais cresce sem controle, enriquece profissionais sem escrúpulos e distorce ainda mais a relação honesta entre médico e paciente. Enfim, temos grandes desafios e como bem o Senhor disse, sem luz no fim do túnel.

Excelente artigo, reflete o momento difícil que vivemos, especialmente com o boom de informações em que todos se tornam especialistas de tudo, inclusive na área médica. Deixemos a medicina para os estudiosos da medicina, a educação para os professores, etc...