Resumão. Há que falar de toda a política e economia americana dos últimos quinze anos e em especial dos últimos cinco. O setor financeiro fez lobby pela desregulamentação junto da maioria republicana e o congresso cedeu cinco anos atrás. Trump assinou nova lei que permitiu a operação desses bancos longe dos testes de stress. Os liberais americanos tem aversão a regulamentação que ignorantemente chamam socialismo. Ora, mas vejam só, trabalham agora pela socialização dos prejuízos. Sério isso?

Pode haver falha na regulação, mas o princípio de socorrer integralmente os depositantes é talvez também uma falha nesse caso. Se os ativos do banco estavam em títulos seguros de longo prazo, uma alternativa seria decretar falência e cada grande depositante receber esses títulos em vez de dinheiro. Quem quisesse ou precisasse vender com deságio realizaria o prejuízo. Se os ricos ganham na prosperidade e não perdem nas crises a concentração de renda só cresce.

Seu Samuel, mais uma boa consideração sobre toda essa encrenca, agradeço pela paciência em discuti-la conosco. Todavia, a expectativa de que melhor regulação, e mais estrita, seja suficiente pra que tais problemas não ocorram, será realista? Ou é apenas "a única opção disponível"? Outra, que peço que o senhor discuta, refere-se à nossa regulação bancária Brazuca: como anda? A dos títulos em bolsa, como percebemos, anda capenga, mas não se viu autocrítica, ao menos do tipo pública.

Na arte de abordar um assunto sem enfrentar o núcleo do problema, nosso articulista não fez duas coisas: questionar os liberais que sempre militam por desregulação; desenvolver os cenários que não levaram a inflação em 2008 e à pressão inflacionária em 22/23. Mas aí ele teria que ir pro debate acadêmico, suspender princípios sacralizados….esquece, não vai rolar

Há um paradoxo, o mercado nunca quer regulação do estado, mas quando quebra, reclama da falta de regulação. O fato é que o Estado vai pagar a conta e sanear o sistema, esse filme é repetido há tempos.

Quem assistir ao documentário Inside Job, ao final vai ver os presidentes dos grandes bancos, que mesmo com as falências receberam seus gigantescos bônus, dizerem às autoridades que elas lhes permitiram ir longe demais. Sem novidades!

Quem regula o regulador.? Quem paga o regulador? Quem emprega o regulador quando sai da agência reguladora? Quem faz a normação das regras? Pessoa parece ter esquecido o papel dos influenciadores da "regulamentação da desregulamentação". É preciso desenha? Seguem os desenhos, isto é, 5 filmes e documentários didáticos da regulação do parque de diversões do sistema bancário-financeiro: Margin Call, 2011; Equity, 2016; Boiler Room, 2000; The Ascent of Money, 2008; e Zeitgeist, a trilogia.

Contudo, ao final, o articulista liberal ainda consegue culpar o governo e isentar o mercado financeiro. Que coisa.

Dois episódios evidenciam a reaproximação do Brasil dos Brics, em primeiro lugar, a presença de navios iranianos nos portos brasileiros, logo depois, a não condenação de Ortega. O afastamento dos cânones estadunidenses fica claro. Washington já demonstrou seu desacordo, mas nada disso afastará o Brasil de sua posição multipolar.

Ué! Mas os liberais não são contrários a qualquer tipo de regulação? Mudaram? Me explica! Lembremos Keynes, e sua incontroversa condenação do mercado financeiro. Há que ser duro com tal entidade, pois, ele tem uma "obsessão mórbida pela liquidez". Esta obsessão, isto é, esta doença pode leva-lo a todo tipo de devassidão.

Pois é, faltou explicar pq a mão invisível de Smith ou a ordem espontânea de Hayek não fincionam e as crises se repetem. É q a resposta não convém aos Livres e outros adeptos da seita do deus Mercado. Mais mercado e menos governo é seu lema, desde q o dinheiro público cubra o buraco dos bancos, enquanto seus executivos se aposentam com os gordos ganhos passados. Foi assim em 2008, repete-se agora.