No domingo de Páscoa em Portugal come-se borrego ou cabrito. com um suntuoso arroz de forno e batatas assadas. Aqui inventaram comer bacalhau no domingo de Páscoa para jogar o preço do "fiel amigo" para a estratosfera.

Muito bem observado , lembro de uma época em que a merenda escolar era entregue aos estudantes para ser Levada para casa e os itens comuns eram: queijo enlatado, uvas passas e claro bacalhau . Gostei muito da leitura. Parabéns ao autor desse texto.

Parabéns, Marcos, pelas observações e informações. Seu quadro ("pentimento"?) remete-me à lembrança das peles enroladinhas e pegajosas de bacalhau com leite de coco quase diárias da infância. Foram-se rareando até virarem símbolo de ostentação e manipulação religiosas de uma elite dona de uma sombria capivara atávica. Seu texto deveria ser lido nas homilias e púlpitos nessa manhã significativa de domingo de celebração à vida.

O marketing de empresas corre para dar novo sentido a feriados religiosos que a maioria ignora o motivo. Não faz muito tempo que um frigorífico teve o disparate de criar uma tal "ceia da árvore de Natal" e colocar um comercial onde uma família feliz com crianças sorridentes montava a árvore e um peru assado as esperava, como se fosse uma tradição secular. Até uma data qualquer inventaram. Se tivessem se esforçado mais, hoje seria outra "tradição familiar brasileira".

Não só era barato como meu avô ainda fazia móveis com a grossa madeira das caixas. Eram de pinho de Riga, hoje só encontrada a peso de ouro e quase extinta pelos europeus.

Lençóis Paulista é a terra da minha familia e sei que meu avô, o ex prefeito, Raul Gonçalves de Oliveira, gostava mesmo era de comer pé e pescoço de frango. Bacalhau não era tradicional na minha família até os anos 80.

Também espio pelo lado de fora, dando muita risada, a corrida desenfreada pelos ovos de chocolate elaborados sem chocolate.

Gostaria de saber quando é que as autoridades vão tratar esse ladrões que compram o bacalhau seco do lugar de origem e encharcam com água triplicando o seu peso, mas mantendo o preço nas alturas. Em Portugal, Espanha e Chile o bacalhau é vendido nos supermercados desidratado como de origem. Acho que essa fraude é, além de roubar o consumidor, é também uma ameaça à saúde dos consumidores.

Está tão em alta que até a Folha já tem uma articulista ( jornalista) com sobrenome Bacalhau!

Ledo engano. Bacalhau é comida de rico só no Brasil. Em Portugal (muito mais na região do Porto) bacalhau continua sendo comida de pobre. Tão comida de pobre, que os bacalhaus ficam expostos na frente dos comércios. O Brasil é um País riquíssimo com um povo pobre, esta a realidade.

Parabéns! Hoje faço 77 anos e me lembro perfeitamente de na minha infância em Sabáudia, no Norte do Paraná, gente simples, filho de uma portuguesa e comíamos sempre o bacalhau! E conhecia e sentias esta expressão!

Bravo!! Bravo!!! A arte de dizer a verdade, contar a História e dar um tapa na cara. Pena que muitos não entendem, não escutam, sequer leem. Eu me deleito sempre com seus textos.

Se Cristo vivo fosse e morasse em SP, provavelmente faria sua ceia com rollmops e velho barreiro em algum bar sujo da cracolândia, com seus discípulos ex-cracudos e prostitutas, fugindo da Rota e dizendo pelas quebradas: dai a Tarcísio o que é de Tarcísio!

Muito legal a matéria. Quando criança ainda ouvia, sobre uma coisa bem barata, a expressão: a preço de bacalhau.

Nunca vi algo tão fedorento e tão delicioso. Mas nunca compro nesta época de exploração. Compro durante o ano e guardo no freezer. Fica bom com tudo. Com molho de tomate, com quiabo, com batata. Ao molho ou assado, de qualquer jeito é de lamber os beiços.

Nunca vi algo tão fedorento e tão delicioso. Mas nunca compro nesta época de exploração. Compro durante o ano e guardo no freezer. Fica bom com tudo. Com molho de tomate, com quiabo, com batata. Ao molho ou assado, de qualquer jeito é de lamber os beiços.

Tudo verdade. Comentei hoje com minha mulher que quando menino minha mãe fazia bacalhau muitas vezes para comer com polenta. Uma delícia. Minha mulher hoje fez um à Gomes Sá, sua especialidade, de comer rezando e, de joelhos.

Texto muito bom, e que todo saudosista exagerado deveria ler. A geladeira revolucionou o cotidiano e ampliou nossas opções alimentares. E um bacalhau bem feito é uma iguaria mesmo. Qualquer coisa faz que nem minha mãe : taca batata, ovo, cebola, pimentão, azeitona e tomate, kkk. O sabor acentuado dele se espalha e fica tão bom!

O mesmo acontece com o palmito, meu avô dizia que isso se comia quando não havia absolutamente nada mais para comer, e recusava-se a comer quando servíamos, em época de festas.

Então acho que a diversão do articulista tende a acabar, pois segundo estudo do Ibevar FIA Business School, as vendas de bacalhau serão quase 40% menores do que o registrado há cinco anos (vem sofrendo queda desde 2016).

Bom texto, muito legal mesmo.

Já vi Arquidioceses liberarem seus fiéis da obrigação de comer somente Pescado na sexta-feira Santa por causa do preço exorbitante.

Com o dólar nas alturas, têm pelo menos uns seis anos que não compro mais Bacalhau na Semana Santa. Compro só algumas caixas de bolinhos de Bacalhau.

Meu pai trabalhou nos tradicionais armazéns de secos e molhados. Sempre falou que o bacalhau era produto barato e relativamente desprezado. Inclusive, contava que as famosas cachaças servidas no balcão, muitas vezes eram acompanhadas de tiras cruas de bacalhau como petisco. A cachaça era cobrada, a tira de bacalhau era cortesia.