Hélio Schwartsman > Direito à mentira Voltar
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Minha esposa faleceu de APP (afasia progressiva primaria) há um ano. Os medicos disseram que a evolução da doença poderia ser lenta, mas tudo aconteceu muito rapido, em menos de 2 anos. Creio que não me contaram toda a verdade. Eu também não quis saber. Melhor assim, seria muito pior saber que o destino inexorável viria tão rapidamente. Sou grato a eles, embora não houvesse muito o que fazer.
Antes de tudo, é preciso deixar claro que mentir é manifestação de natureza biológica necessária em muitas situações da vida cotidiana. Bem, assim como todo ser humano, médicos mentem ainda mais quando estão envolvidos em erros que causaram algum dano que não foi letal ou que no pior dos casos causou a morte de seus pacientes...Alguém já soube de casos de sincericÃdio entre profissionais de saúde, que demandaram terapia ou medicamentos?
Quando meu pai que sofria de câncer teve metástase ,optamos por não contar a ele. E acredito que fizemos bem. A resposta é sempre: depende. Já para os pacientes com demência, a situação é outra. Chega a ser crueldade puxá-los para uma realidade que pouco compreendem e nada tem a oferecer
Demência é diferente de outros problemas. Estamos falando de pessoas que estão perdendo suas capacidades, estamos falando de retrogene neurológica. As técnicas de validação em muito já superaram as de orientação para a realidade. É óbvio que tudo tem que ser orientado por qual estágio a doença se encontra. Nesse caso nossa ação tem que ser pautada pela mesma razão e emoção que envolve nosso relacionamento com as crianças.
Esse artigo termina falando sobre uma coisa que não tem nada a ver com a questão levantada inicialmente. O dilema do médico apontado não tem a ver com o exercÃcio da medicina, mas um caso pessoal. O médico preferia mentir no trato pessoal com o pai, não no profissional. O médico não tem o dever de falar se a esposa do paciente morreu, apenas falar que ele sofre de uma doença cerebral degenerativa.
A sua pergunta é muito importante, mas s resposta depende da doença. Demênci é muito diferente de câncer, por exemplo.
Mas com internet, qual o paciente que não vai pesquisar sobre sua enfermidade no Google?
As comparações feitas pelo articulista não me pareceram adequadas. Falar com algum paciente que padece de demência sobre a doença em si ou fatos quebkhe perturbem não é análogo a falar com pessoas em estado de lucidez sobre uma doença de outra natureza.
Ouvir sempre a verdade.
A finitude é um trágico dilema. Perdi uma tia com Alzheimer a cerca de 18 meses. Com base no que vivi com ela minha percepção é de que a verdade nesse caso é irrelevante Mesmo acamada por quase 7 anos após uma fratura de fêmur, enquanto esteve lúcida minha tia dizia que estava "se recuperando" a qualquer um que a visitasse ou conversasse com ela pelo telefone. A morte permanece sendo um tabu e temos enorme dificuldade em lidar com ela. A verdade precisa ser uma escolha do paciente, nada mais.
Cabe ao médico sempre dizer a verdade. Evidentemente à queles de desejam ouvÃ-la.
Não queira dar pitacos num assunto que não é sua praia. O médico é soberano em tem autonomia em suas decisões, não precisa ser tutelado por babás
Marcos, o médico é plenamente responsável por seus atos e a cloroquina, por ser um medicamento, tem suas indicações especÃficas, e portanto pode ser prescrita se ele achar adequado ao seu paciente. Não confunda alhos com bugalhos, pois também para vc este assunto não parece ser sua praia. Fique no seu quadrado que é melhor
Mmmmmm... Soberanos? Tipo reizinhos que podem prescrever cloroquina? Sei não, melhor discutir.
Nem todos estão preparados para a verdade.
“Je suis médecin. Je tiens boutique de mensonges. Je soulage. Je console. Peut-on consoler et soulager sans mentir?” (Anatole France)
A morte. Mas, na sua impossibilidade, a verdade.
Queria poder escolher morrer antes de ficar completamente ziriguidum, meu caro: tenho um diagnóstico de demência, processo até o momento irreversÃvel, que me levará à inconsciência de minha condição, meu derredor, sem possibilidades de vida independente? Digam-me claramente o que tenho e o que enfrentarei, e me dêem a chance de não ter que viver essa Herda e impor aos demais a visão do meu esfacelamento cognitivo-comportamental - porque pode haver severas mudanças comportamentais.
Sempre dizer a verdade.
Com certeza, se eu vier a ter Alzeimer, a aldeia Truman seria um luxo.
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