Equilíbrio > Millennials caminham para a casa dos 40 com misto de orgulho e frustração Voltar
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Tenho 42 e nunca me iludi com coisa alguma. Quem vendeu esse mundo encantado foi o comercial de margarina e afins. Que tipo de gente caiu nessa? Talvez o excesso de foco em novelas ou futebol. Tivessem gastado tempo no caderno de Economia ou PolÃtica, não estariam assim.
Nascido em 1951, tenho 71 anos. Sou, portanto, da geração "baby boomers". Desde a infância ouço que "O Brasil é o paÃs do futuro". Faz muito tempo que não ouço essa frase, possivelmente porque ninguém vê futuro em um paÃs tomado pela corrupção dos setores público e privado, e pela bandidagem (milÃcias, PCC, etc). Felizmente consegui obter um bom padrão de vida, após 3 faculdades, Mestrado e Doutorado, mas entendo perfeitamente o desapontamento e a frustração dos "millenials".Triste PaÃs o nosso.
Eu sou uma dessas que se sente desesperançada diante de uma realidade com poucas perspectivas. Acreditava que a situação seguiria melhorando, que eu prosperaria ou, pelo menos, teria uma vida menos limitada se trabalhasse e estudasse cada vez mais. A realidade é que os trabalhadores têm perdido direitos e salários no mundo inteiro, não apenas aqui no Brasil. Então, essa geração que está agora adentrando a meia idade percebe que a promessa era apenas uma ilusão.
- Um dos gráficos diz: ''Percepção sobre o padrão de vida'': aqueles que acham que está piorando aumentou muito nos últimos anos, e eu tenho essa percepção, tenho tentado apenas sobreviver.
Muito dessas frustrações se devem à s decisões polÃticas de um paÃs. Desde Delfim Neto nos anos 70 eu ouço que o bolo precisaria crescer (PIB) para depois ser dividido. O bolo nunca cresceu a ponto de ser dividido. Sempre a classe polÃtica desse paÃs se locupletou em detrimento de milhões. Precisamos de estadistas e sangue novo na polÃtica. Gente que venha para fazer o bem e não para rou bar. Também não podemos mais ser lenientes com que rou na o povo.
O que os polÃticos pegam de dinheiro é troco de pinga. O problema maior é que eles são serviçais do capital, ou seja, passam todas as polÃticas que beneficiem com dinheiro público, como o pagamento da malfadada dÃvida pública e a isenção de impostos, os mais ricos da sociedade. Os verdadeiros ladrões do paÃs e do mundo são os que operam no topo do capitalismo, como os bancos, os grandes investidores etc. Os polÃticos são apenas os bagres do sistema.
Tratem de trabalhar e, quem puder, toquem a vida sem aporrinhar os pais que já tanto fizeram. Não esperem nada do Estado...
"Quarenta anos e nenhum problema/ resolvido, sequer colocado." (A flor e a náusea, Carlos Drummond de Andrade)
"Quarenta anos e nenhum problema resolvido, sequer colocado." ("A flor e a náusea", Carlos Drummond de Andrade)
Quem se habilita a fazer uma dÃvida de 30 anos pra comprar um imóvel nos dias de hoje? A classe média de meia idade dorme em posição fetal na casa dos pais ou gasta mais da metade do salário no aluguel. E não consegue dizer “hashtag” em voz alta sem sentir um cadim de vergonha por dentro.
A meu ver a influência das tecnologias digitais, redes sociais, aplicativos, muitas outras mazelas q vieram com a internet impactaram negativamente a sociedade tanto politicamente, socialmente, economicamente, afetivamente e logo emocionalmente. Vivemos na "Sociedade do Cansaço" onde as relações e condições de trabalho estão degradadas. Esta geração talvez seja a mais afetada, porque nasceu e cresceu em meio à "revolução" digital. Diria Byung Chul Run em "Agonia do Eros".
Tenho 38, e, para mim, a pesquisa captou perfeitamente o espÃrito da nossa geração: um mundo incrÃvel que viria, com conhecimento compartilhado pelo advento da internet, de oportunidades, e o que chegou foi um mundo tomado de fa ke ne ws, extremista, e sem perspectiva que não seja sobreviver.
Tiago, tenho 61 (poderia ser seu pai) e compartilho dos mesmos sentimentos. Enfim, não é preciso ser "millenial" para ter esses sentimentos. Embora a sua geração tenha sido, no geral, a mais diretamente afetada.
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