João Pereira Coutinho > Perdoo artistas que são monstros, mas não monstros artísticos Voltar
Comente este texto
Leia Mais
Há mais monstros entre o céu e a terra do que pode imaginar sua vã filosofia
Ainda bem para os canceladores, que os inventores dos analgesicos ainda não tiveram sua vida escrutinada pelos vigilantes da moral... ou seriam obrigados a aguentar a dor de dente sem tomar nada. Será?
Me parece que nao houve ainda nenhuma análise disso tudo.. desse impasse entre autor x obra, que mereça uma discussao séria. A maioria da discussoes, como as presentes aqui nos comentarios , e a do texto de Coutinho, sao rasas e nao acrescentaram (pelo menos a mim) nada de novo.
Uma obviedade da modernidade: não se deve julgar a obra de arte pela vida pessoal de seu autor. Isso é coisa de tiranetes e de mentes tacanhas.
Fiquei com vergonha alheia das leitoras e leitores que criticaram a posição do colunista. CrÃticas imaturas precisam de um adulto pra rechaçá-las.
Eu perdôo todo mundo. Não sou flor que se cheire. No que depender de mim, estão todos perdoados. Inclusive a Lina Riefenstahl. Sem ela, o sentimento de um alemão comum aplaudindo o lÃder que está resgatando a honra de seu paÃs não estaria disponÃvel. As imagens vibram com a multidão - impossÃvel não sentir. O que eu faria, meu Deus, se (eu!) fosse um deles? Fritz ou Heidegger - o que eu faria naquele lugar, naquela situação? Seria stalinista? Medroso? O que eu, eu, eu faria? Eu - eis a questão.
Até porque os filmes não foram feitos em elogio à s mazelas nazistas, então incipientes. É um documento histórico, e de certa forma menos lesivo que assistir aos massacres de Ãndios e bisões em rin-tin-tin.
Porque não aconteceu com sua filha! EgoÃsmo e bur rice associados.
A decepção do fã com seu Ãdolo é um tema da peça Tio Vânia de Tchecov. Muita familiaridade destrói a admiração, como atesta a frase de Hegel: 'ninguém é herói para seu criado'.
Nem sempre concordo com o João. Mas esse "precisamente" que serve de fecho à matéria é muitÃssimo esperto. Laiquei!
Um dos problemas deste de confundir o autor com a obra é que este "furor ético" só é aplicado a artistas e com coisas que não têm influência nenhuma na vida das pessoas. Vários cientistas foram monstros e mesmo assim, ou talvez por isto, descobriram inventaram coisas que mudaram a sociedade. Schockley, inventor do transÃstor, faz Polanski parecer uma madre Tereza. Imagino se os canceladores de Woody Allen deixariam de usar qualquer coisa que usa transÃstor por causa do histórico de Schockley.
Argumentos interessantes. A trajetória de vida de cada artista é menor, mas sua obra perdura. Prefiro reconhecer a obra, que é eterna.
É ridÃculo confundir vida pessoal e profissional especialmente no campo da arte. Não me interessa o caráter de um artista e sim sua obra. Se matou a mãe na noite de Natal é problema da polÃcia e não da crÃtica.
Exato. E é bem possÃvel, num caso desses, apreciar a obra do artista e ao mesmo tempo apoiar uma justa condenação.
Pra mim é difÃcil escutar Zé Ramalho , porque rle canta em rodeio, e rodeio é crime contra animais, o laço no bezerro que arrebenta ao pescoço é uma das coisas lamentáveis. Go vegan!
Eu me lembro de que Picasso era apresentado como um conquistador irrequieto, e que as mulheres com quem se relacionou assumiam os riscos da companhia. A dita masculinidade tóxica era vista de forma muito diversa. Imagino Picasso se portando com os padrões atuais. Seria engraçado vê-lo arrumando casos, trocando fraldas, esperando a parceira chegar, assistindo a uma série da Netflix. Acredito que não verÃamos o seu quadros. Almas atormentadas, seu lugar acabou.
Essa discussão é realmente complicada: tivemos grandes escritores e filósofos que simpatizaram com o nazismo, mas não tinham ideia aonde desembocaria. Nosso maior dramaturgo era simpático à ditadura militar até que o filho foi preso por ela.
Imagina quando descobrirem o demônio que Simone de Beauvoir era com as amantes! Vão jogar todo o feminismo fora ou é pouco conveniente?
"Se eu soubesse de alguma coisa útil à minha nação que fosse danosa a outra, não a proporia a meu prÃncipe, porque sou homem antes de ser francês. Se soubesse de algo que fosse útil à minha famÃlia e não o fosse à minha pátria, tentaria esquecê-la. Se soubesse de alguma coisa que fosse útil à minha pátria e prejudicial à Europa, ou prejudicial ao gênero humano, eu a veria como um crime." maquiavel
gostaria de saber o crime do caravaggio, pois dos citados nenhum faz falta na minha vida, com exceção dele, o restante poderiam muito bem não terem nascidos ou estarem na cadeia
Coloque Lula, o Honesto, na lista.
De acordo com a Wikipédia, Caravaggio era farrista e vivia metendo-se em arruaças e confusões. Em 1606, matou um jovem numa briga em Roma e fugiu da cidade.
Que artigo bom, bem escrito, fluido. Little Couto fez bonito.
Eu não consigo. Quando descubro que um autor é um monstro, não consigo mais admirar a a obra. Já aconteceu. Na vida real faço o mesmo, quando sei que a pessoa é um monstro perco o respeito, a admiração e a vontade de conviver. Não separo, mas entendo quem separa. Cada um tem seus critérios.
Busca
De que você precisa?
Fale com o Agora
Tire suas dúvidas, mande sua reclamação e fale com a redação.
Avaliar comentário como .
Avaliar comentário como .
Confirmar