Curioso é que não se fazem filmes sobre negros de verdade, indiscutivelmente negros, salvo na condição de vítimas. O Império de Mali, a liderança guerreira de Massinissa, a vitória dos Etíopes sobre a Itália em Adwa, dariam bons filmes, com violência e efeitos especiais que o mundão gosta. Há uma preferência pela humilhação histórica, como a Ana Bolena negra. Que saudades do Malcom X

O cinema é a arte da ilusão, È chamada a 7ª arte porque engloba as outras 6 artes. Um filme vale pela emoção que transmite ao espectador, independente da sua veracidade histórica. Por isto mesmo, entre tantas Cleópatras que o cinema nos apresentou, incluindo a atual versão inclusiva, sou mais a Cleópatra do Joseph Makiewicz, encarnada por uma exuberante Elizabeth Taylor que não era nem grega nem egipcia, mas inglesa, mas que tinha mais peito do que todas as outras.O cinema no seu auge.

Texto inteligente demais para não provocar espasmos no lugar da fala (argh!) dos identitaristas xiitas. Brilhante. Antes era o nariz, agora a cor da pele de Cleopatra. Entre as várias opções, prefiro Elizabeth Taylor e suas maravilhosas glândulas mamárias.

Melhor debater pobreza x riqueza x desigualdade social e resolver. Se não houvesse pobreza e desigualdade social, não haveria tanta preocupação em discutir cor da pele e cor dos olhos.

Egípcios reivindicaram uma rainha branca beira ao ridículo. Africanos com vergonha de serem africanos. A elite egípcia deveria se olhar no espelho, talvez percebam que não têm olhos azuis e pele clara. São africanos do norte da África, pardos ou pretos. Deveriam se orgulhar do que são!!!

É incrível que basta um comentário diferente dos racistas negros que estes surgem aos montes com seus “lugares de fala”. A luta anti racista tão necessária no nosso país vai sendo descaracterizada por esses indivíduos que querem promover sim uma guerra civil racial. Esta foi uma das causas da volta do fascismo bolsonarista.

A conclusão do artigo é completamente descabida. Eu me pergunto se o colunista entende o conceito ou os mecanismos de uma dedução lógica. A propósito, Denzel Washington fez um ótimo Ricardo III, e ninguém pediu revisões sobre a história do imperialismo britânico e sua contribuição para a escravatura nas Américas.

Se não há registros históricos confiáveis, uma Cleópatra negra é tão falsa ou verdadeira como uma branca. E não é uma ideia absurda, considerando-se as fronteiras ao sul do Egito antigo com povos de pele negra. Acho mais irreais as representações de Jesus ou Moisés com feições nórdicas, tão comuns no cinema e em pinturas.

Cleópatra descendia do primeiro Ptolomeu, um dos generais de Alexandre, e por isso seria branca, mas seu pai foi Ptolomeu XII e durante todo esse tempo a família viveu no Egito. Certamente seus membros formaram casais com os egípcios nativos, e por isso é provável que Cleópatra fosse preta. De qualquer forma, as queixas de agora lembram as que foram feitas quando escalaram uma mulher não preta para fazer o papel de dona Ivone Lara (ela teve que ser substituída).

Excelente artigo, Demétrio! Naturalmente, vai incomodar a militância do pseudo jornalismo, muito rica por aqui.

Dá trabalho procurar qualidade onde não tem.

A cor da pele mostra a fidelidade com estas séries da netflix tratam a história. De história mesmo, pouco aparece, mais é um amontoado de caras e bocas, como se todos os povos se igualassem em comportamento a adolescentes rebeldes de séries americanas.

Excelente texto. Dito isso, o lugar de fala sobre a história egípcia é do povo egípcio. É um absurdo que essa discussão exista por causa da pretensão da industria cinematográfica americana de redefinir a história alheia num "documentário" que não tem nenhuma base científica. Alias, a pior nota da Netflix em todos os meios especializados.

Não assisto, simples assim!

Mais um ótimo texto. Uma questão central é a classificação como documentário, quando é a expressão da elite ignorante hollywoodiana, na sua busca histérica por auto-afirmação moral. Ter dinheiro, não garante o monopólio da virtude, nem um bom produto. De resto, como demonstra a reação do vastíssimo caldo egípcio (que foi colonizado por diversos povos e colonizou vários deles em milênios de história) a África é um continente, não uma nação. Passou da hora de tratarmos suas nações como tal.

Durante a colonização o ocidente criou um Egito mais próximo à Europa, logo a Cleópatra deveria ser branca! Passados os efeitos imperialistas e danosos das potências na África, o Egito ficou onde sempre esteve na África. É de de supor que a cor de Cleópatra deva ser a cor dos egípcios, oras esta discussão racial sobre a cor da pele de Cleópatra tira a importância do mito feminino que ela foi!

a cor, com razão sempre trará polêmicas. mas nessa série, tudo é ruim. até os cabeças de mogangos que comentam a coisa. a atriz é fraca, a irmã dela é melhor, os cenários parecem de plásticos, os figurantes parecem fotografias novas na parede. polemizar sem qualidade já meia derrota. eu ainda prefiro os mamás da Taylor, mas dizem que Cleo tinham mais nariz que úberes e por certo não tinha aqueles olhos e nem era tão desbotada assim...

Muita informação interessante, mas vale atentar para isso aqui: Qual era a cor da pele de Cleópatra? O debate, inspirado pelo "racismo científico", é um anacronismo: no Egito Antigo, pouco importava a cor da pele. A pergunta não tem resposta. Não me parece lógico. Não é porque não importava que não poderia haver algum registro, como pintura ou descrição textual. Portanto, poderia ter resposta.

Essa é uma questão de menor importância. É uma atriz interpretando um papel. Poderia ser indígena, oriental, uma albina ou uma pessoa com nanismo, desde que fosse boa atriz.

Penso que no Egito do tempo dos faraós, as pessoas daquela nação sempre se viram, unica e exclusivamente como egípcios e não pensavam em qualquer possível relação comoa África subsaariana (da Núbia, atual sudão do norte, em direção ao sul) e nem sei se sabiam que a África é um continente. Em tempos mais recentes, sabem muito bem que seu país é parte integrante do continente africano. Contudo, afirmam que a África do Norte, banhada pelo Mediterrâneo, é completamente diferente do restante.

Cleopatra foi rainha do Egito, amante de Júlio Cesar, de Marco Antônio... Será que não existe um só retrato fidedigno de pessoa de tal importância? Como mero consumidor de cultura de massa, eu e provavelmente muitos outros só queria ver na tela uma figura visualmente mais próxima da realidade, nada mais...

Cleopatra é, antes da figura histórica, o mito da tragedia de Shakespeare. Cleopatra mito precede a invenção da Ciencia Historica e como tal pode ser encarnado por atores de qq aparencia. O personagem é muito maior do que uma garota propaganda de questões raciais; não se trata de opinião mas da propria longevidade do mito na cultura.