Mais um grande artigo. Gosto muito desta coluna.

Conhecemos a realidade sem a construção de uma narrativa sobre ela? Temos que lidar com narrativas o tempo todo, com as que acreditamos e com as quais nos comunicamos com os outros. O valor de convencimento está no quanto estas se ajustam às nossas experiências com os fatos. Tortura, nunca mais! é, por exemplo, minha crença. Mas será que este fato narra toda a complexidade do que ocorre na Venezuela? Eu gostaria de saber mais, além das propagandas. Melhorar as narrativas sempre faz bem.

Sobre quem começou no mundo pode-se discutir. Mas aqui o Lula já reconheceu: 'eu mentia mesmo, falava números que não existiam'. Portanto, seu conselho ao Maduro é fruto de sua experiência de sucesso com fake-news.

Deixe de ser passapanista, Sérgio. Vergonhoso.

É muita cara de pau atribuir o uso de “narrativas” a direita, ainda que a coluna reconheça o progressismo na origem. Essas, assim como o relativismo “cínico”, são filhos diletos da esquerda, especificamente a pós estruturalista. A esquerda foi quem começou a vandalização dos fatos e da realidade, ao defender que o discurso molda a realidade e não o inverso. Atribuir isso à direita é apenas mais um exemplo desse modus operandi. Quem pariu Mateus que o embale

Editorial da Folha : https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2015/11/1707329-exageros-sobre-os-brics.shtml "A realidade econômica da década passada, com o forte empuxo da demanda chinesa por matérias-primas, foi essencial para lastrear ***a narrativa de que**** estava em curso uma transição na ordem mundial." O patrão pode; o presidente, não.

Lula apropriu-se ingenuamente de uma palavra para referir à simples comunicação. A extrema direita age deliberadamente para plantar fatos, depois distorce e recheia a história com moralismo e suas más intenções. Faz como o mau policial que joga um pacote de drogas dentro de um carro para forjar o delito. Fazem isso com técnica e método, como o storytelling, e conseguem fazer um grande estrago.

Li uma entrevista de Steve Bannon e foi surpresa perceber que além de não repetir as considerações corriqueiras de sua falange aqui no Brasil sobre Lula, transpareceu grande admiração pelo personagem. Mas se olharmos bem, Bolsonaro foi construído à imagem de "Lula", mas adaptado aos interesses políticos da facção. Lula, intuitivo, percebeu isto e usa muitas das técnicas deles ultimamente, não só esta, em seu favor. E até com mais eficiência e elegância, por ser o original que foi copiado.

Sim, também fiquei chocado ao ver Lula usando linguagem da extrema-direita para fazer o mesmo que esta costuma fazer muito bem, ignorar a realidade e promover a mistificação.