Djamila Ribeiro > Machado de Assis: a metafísica da liberdade Voltar
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Que beleza de texto. Machado de Assis ficou famoso pela obra, não por ficar chorando pelos cantos que era negro, com problemas de saúde, coitadinho, blá blá blá. Outros monstros de nossa cultura, negros, ficaram famosos pela obra, não por ficarem se lamentando pela cor da pele. Claro, que eram e são contra o preconceito, se manifestando quando necessário. Quem tem talento se destaca, não importa a cor da pele. Não adianta que os invejosos tentem impedir.
Machado será nosso maior escritor por muitos séculos ainda, e uma das razões que vejo para a grandeza de sua obra me parece estar na rasura que ele estabelece no pacto com o real, então vigente, para fazer brotar, viscejar e explodir um dos pilares de sua alta literatura: a frase e o discurso indecidÃveis, que deixam o leitor com um sorriso nos lábios e, para sempre, capturado pelo universo de palavras e mundos ali reinventados. Obrigada, Djamila, por nos lembrar.
Reli Dom Casmurro muito tempo depois da primeira vez que buscava a questão se Capitolina cometeu adultério ou não. Na releitura descobri que somos todos Dons Casmurros, de uma forma ou de outra. E sem querer querendo pontuei a questão dos escravizados na obra. Apesar da narrativa ser posterior à Abolição, o enredo é do perÃodo da escravidão e Machado não deixou de descrevê-la, afinal ele era realista. Só falta censurá-lo e mutilar sua obra, como está na moda agora.
Reli Dom Casmurro muito tempo depois da primeira vez, em busca da questão se Capitolina cometeu adultério ou não. E releitura descobri que somos todos Dons Casmurro, de uma forma ou de outra. E sem querer querendo pontuei a questão dos escravizados na obra. Apesar da narrativa ser posterior à Abolição, a enredo e do perÃodo da escravidão e Machado não deixou de descrevê-la, afinal ele era realista. Só falta censurá-lo e mutilar sua obra, como está na moda agora.
Uma das diferença de nossas relações raciais frente aos EUA sempre foi que pessoas de pele escura com posição social relevante simplesmente não eram vistas como negras. Era o que acontecia com o Machado. Eu tinha um professor dos mais respeitados no colégio, que nunca vi como negro. Claro que eram muito poucos estatisticamente. Como importamos o racismo, junto com outros aspectos da cultura americana, isso mudou recentemente.
Acabei de ler Quincas Borba. A ironia machadiana fulminava a arrogância e a afetação da elite escravista do Rio de Janeiro. Porém, Machado fazia isso sem cair no ressentimento fácil. Ridicularizava os janotas sem apelar para a chacota e o riso fácil. Machado foi genial.
Fantástico o seu texto. Sou profundo admirador de Machado de Assis e as crÃticas que ele recebia de algumas pessoas do movimento negro me entristeciam. Você coloca a razão e a justiça no debate. A propósito, leia o conto Mariana, menina cria da casa, quase parte da famÃlia. Você vai gostar, Djamila.
Machado colocou a escravidão e o racismo em seus textos de forma magnÃfica, assim como a filosofia de Shopenhauser. Só que sem avocar pra si o lugar de fala identitária, como a pseudo articulista. Reduzir a universalidade de Machado a um escritor negro prova que a articulista nunca leu uma obra machadiana, e se leu não entendeu nada.
Quanta ignorância nessa sua intervenção. Mostra que não sabe quem foi Machado, muito menos a importância de Djamila Ribeiro para a cultura brasileira contemporânea. Pagou mico na FSP, parece que à vista.
Se tem alguém reduzindo o debate aqui é você ao classificar de "pseudo articulista" uma das mais atuantes intelectuais brasileiras. Sem falar na misoginia... Em nenhum momento ela reduziu o autor ou sua obra ao fato dele ser negro, muito pelo contrário. É você quem está desqualificando a interlocutora e propagando uma visão arcaica como a dos que embranqueceram Machado de Asssis por décadas. Seja menos amargo (a).
Belo texto! Recentemente li o capÃtulo de Maria Rita Kehl sobre o bovarismo brasileiro a partir de uma leitura de Quincas Borba. Apoiada em muitos nomes, dos quais destaco Roberto Schwarz, ela fala no quanto o racismo e a escravidão não resolvida era tema central de Machado, mas tratado por meio do humor e de um refinamento literário absurdo. Fico a pensar que a literatura dele mais retratava do que combatia. É muito bom ler que ele não precisava, necessariamente, ser um combatente.
Parabéns, Djamila, pela coluna e pelo seu trabalho sempre inteligente, aberto, arejado e acertivo. Você faz a diferença!
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