Suzana Herculano-Houzel > Tanto 'autista' quanto 'Asperger' têm seus problemas Voltar
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É sempre bom ler os textos lúcidos da professora Suzana Herculano.
Ao fim e ao cabo, esse pessoal do revisionismo histórico quer mesmo é aparecer às custas de quem, de verdade, tem uma história pra contar.
Talvez a dificuldade seja que o espectro é amplo demais, e junta no mesmo balaio casos muito diferentes. Enquanto não se identificar um mecanismo biológico associado ao autismo, ou parte dele, haverá muito mal entendido.
Historiadores como Edith Scheffer e Herwig Czech não estão julgando o áspérguer, eles estão apresentando evidências da participação do psiquiatra no regime nazista na Ãustria. Pelo que li, após a queda do regime, ele mesmo obliterou aspectos que poderiam comprometer o seu suposto distanciamento do que era praticado no regime, perpetuando o silenciamento posterior ao que aconteceu, porque ao menos para os alemães não foi da noite pro dia que eles resolveram enfrentar esse passado doloroso.
Eu concordo que a vida é ambÃgua, só não sei se dá pra minimizar ou reduzir esse lado sombrio do áspérguer. O fato é que ele construiu carreira na Universidade de Viena, na Ãustria ocupada (invadida) pela Alemanha nazista. Pode ter protegido algumas crianças, mas despachou outras, diretamente ou como membro de comitê, para a clÃnica vienense onde se praticavam experimentos e eutanásia infantil. Pergunto se não é mais correto dizer: "eu tenho um transtorno, eu NÃO sou um transtorno".
Suzana faz valer a assinatura do jornal.
Maravilhosa! Sou sua fã!
Infelizmente a Folha acolhe com carinho cretinos misóginos, Pondé já defendeu em coluna as teorias de Winnicott sobre o autismo, q também culpabilizavam as mães e são ainda hoje aplicadas por psicanalistas winnicottianos.
É pra isso que eu assino a Folha. Magistral!
Esse tipo de coluna melhora a vida das pessoas. Muito obrigado!
Obrigado.
O interessante é que a teoria das "mães geladeiras" de Leo Kanner, era refutada pela evidência que essas "mães frias" , também tinham filhos e filhas não autistas. Então a frieza das mães não podia ser a causa do autismo, pois necessariamente todos os filhos de mães frias seriam autistas. O consenso na comunidade cientÃfica se dá de forma gradual e lenta. Os pares vão aos poucos corrigindo os equÃvocos.
O último DSM, que é o 5, tirou o termo sÃndrome de Asperger. Agora são todos TEA, Transtorno do espectro autista, diferenciando por nÃveis de necessidade de suporte. Mais ou menos isso, só fazer uma busca na internet que vai ter tudo bem explicado.
Muito boa coluna. Não sabia que o famigerado que nomeou a condição fosse o mesmo que a atribuiu à frieza das mães.
Fui diagnosticado como autista aos 5 anos. Minha irmã me alfabetizou em casa e aos 6 eu escrevi versos e "corrigia" letras de música popular na minha cabeça. Aos 7 li inteirinho o dicionário da Melhoramentos porque meu pai disse que ali estavam on nomes de tudo que existe. Fui jornalista por 40 anos, radialista e fuzo Einstein numa comédia de minha autoria. Dei centenas de palestras no BrasÃl e no exterior sobre ética jornalismo, sustentabilidade, teoria da complexidade.
O diagnóstico se confirmou ou não?
Complemento: há muita deficiência intelectual não reconhecida no meio dos pais de autistas. A negação é grande. E digo isso do alto de quem negou a do filho até a adolescência mostrar que era o problema mais sério. Antes era apenas surdo, autista, iria explodir o intelecto. Não era, e as exigências sociais e preconceito fizeram o serviço de o piorar.
Déficit intelectual moderado com sintomas autisticos é o diagnóstico do meu filho, com CID especÃfico. Deficiência intelectual faz sim parte do mundo autista, mais do que muitos pais admitem. Não reconhecer isso é um fenômeno que existe, o preconceito contra os considerados piores mesmo entre quem já é minoria. Como diz um pai que conheço, só se fala em autismo de novela, o complicado ninguém quer mostrar que existe.
Excelente seu comentário. O espectro é amplo e esse orgulho de se autonominar autista e afundar pais de outros autistas em nÃveis diferentes no espectro, é constrangedor. Considero essa matéria como desinformação. Essa não é a realidade de grande parte dos autistas e seus respectivos pais.
Se tivesse comentado sobre Asperger, como atrai falsamente o tÃtulo da col7na, tanto quanto criticou referências aos nomes dos casos, seria uma matéria interessante.
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