Sérgio Rodrigues > Corram, é o sabichão preposicional! Voltar
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Em Santa Catarina leio muito entrega em domicÃlio. Como nada sei de português, escrevo pelo rumo de minha mente, acho esquisito a forma: entrega em domicÃlio. Quando escrevia pareceres, colocava no texto alguma palavra não usual, aÃ, o leitor, chefe ou acima do chefe, se atentava na palavra difÃcil e não prestava atenção no conteúdo e nos eventuais, quase, sempre, erros de português.Ou telefonava para minha irmã, que conhece muito português: está certa está frase?
O colunista enquadrou legal o comentarista metido a besta. Essa galera da lacração é tão rasa que, à s vezes e a princÃpio, nem merece resposta. Ou seria em princÃpio? Hehehe
Tudo consequência daqueles europeus preguiçosos em aprender as declinações latinas, que inventaram esse monte de preposições. Por exemplo, nesse caso bastaria declinar o substantivo domicÃlio e dizer: entrega domiciliar :)
Não sei que sabichões impuseram, por exemplo, a mudança de "favela" para "comunidade", como se, em tÃpica postura brasileira, a nova expressão resolvesse o problema social. Analogamente "morador de rua" foi substituÃdo por "pessoas em situação de rua". Em ambos os casos diluÃram a especificidade: há muitas comunidades que não são favelas e, positivamente, o pedestre que atravessa a rua na faixa está "em situação de rua" mas não é um "sem teto".
Concordo com você. Na Amazônia há o costume de chamar de "comunidades" as localidades fora da área urbana dos municÃpios; no municÃpio onde moro há centenas de comunidades, tanto de ribeirinhos quanto de quilombolas, mas nenhuma delas é favela. Os partidários do politicamente correto acham que os problemas sociais se resolvem por meio de eufemismos.
Não se preocupe, caro Sérgio. Tudo isso se resolverá naturalmente quando só restar a preposição "de".
Certo. Mas é a domicÃlio ou em domicÃlio? Em rigor ou a rigor?
Em Santa Catarina vi, diversas vezes, escrito: entrega em domicÃlio. Na minha mente não casa.
Entregarão rigorosamente em sua casa, meu caro!
O excesso de "liberdade preposicional" pode acabar gerando monstruosidades linguÃsticas, a ponto do texto perder lógica e sentido. Algumas discussões podem soar barrocas e irrelevantes, mas a lÃngua precisa ser usada com o mÃnimo de lógica. Quem é professor e precisa corrigir todo o tipo de texto entende bem isso...
Errata: "todo tipo"
Eita, caro e sapientÃssimo, agora eu vesti a carapuça {ou será carapussa?). Veja se você pode me ajudar a saber se fui bem ou mal: dia desses, o seu colega Torres Freire pariu um texto intitulado "Justiça será democrática se julgar logo *se* Bolsonaro vai para a cadeia" (grifo meu). Pitaquei que havia erro: o correto seria "Justiça será democrática se julgar logo *que* Bolsonaro vai para a cadeia". Terei sido sabichão ou somente esquerdotapa?
Rapá, que sabedorência! O Zé Capa e mostra o Fal.
Siga o conselho de Zé Capa Godinho,: deixa a lÃngua me levar, lÃngua leva eu...
Fui lá correndo...
Prof. Sérgio, vi que lê o que a gente escreve e primeiro fui lá correndo ver se não tinha sido eu num deslize... Resolvi mostrar abaixo este outro deslize. Fake news, não sou da área. Mas, será que é isso?
Disruptivo - Essa palavra nova, 'da moda', eu não entendo muito o significado com que tem sido usada. 'Sinto', no entanto, quando dizem. Quebrar e 'quebrar mesmo!' é o que consigo pegar da etimologia deles para entender, mas com bastante benevolência.
É um buraco negro conceitual. A etimologia parece que tem sido usada para confirmar: 'dis' de negação e 'romper' se reforçam. Não é uso comum. No uso mais comum ela é uma dupla negação: 'dis' e 'romper' formam 'não romper' ou "ficar tudo como está".
Esta dubiedade parece pouco incomodar quem usa a palavra. "Fiz meu show e segue o baile..." parece ser a proposta. Os quinze minutos de fama. Será que é isso?
;)
O professor Pasquale Cipro Neto me convenceu que o certo é "em domicÃlio", isso nos anos 1990. Estou repensando!
Está muito boa essa coluna. Nunca havia passado por aqui. Voltarei!
AÃ! Eu não queria ser o sabichão que escreveu o comentário e ter ler este texto. Pra nós que não ousamos corrigir o linguista um deleite, em tempo. A tempo. Sei lá, tanto faz, Marcos bagno tirou o sabichão que havitaca dentro de mim há tempos,nunca mais corrigi meu pai por conjugar verbo como em 'me deu para mim levar não sei aonde'. Abaixo os gramatiqueiros e sabichões! A lÃngua não eh de ninguém.
Passei toda a minha já longa vida lendo, ouvindo e usando "entrega a domicÃlio". Eis que desde alguns anos só tenho lido "entrega em domicÃlio" nos anúncios. O que aconteceu? Um caso de sabichonismo ou o pessoal que usa e abusa do gerundismo colocou o tico e o teco para dialogarem e concluiu que a entrega é na casa do freguês, logo "em domicÃlio"?
O que aconteceu? Simples pressão da patrulha gramatical. Imagine um monte de sabichões martelando diariamente na Internet e em publicações diversas que o correto é (apenas) "entrega em domicÃlio"... os leigos vão responder "Ah, é? Não sabia... Então tá" e passar a escrever como estão "mandando"... E isso é só um dos vários casos, na lÃngua portuguesa, em que o sabichonismo levou as pessoas a corrigirem usos que sempre estiveram corretos.
Vai ver que é por isso que as pessoas estão preferindo usar a palavra "delivery". Fora aquele pedantismo da norma culta de que não se deve dizer "cheguei em casa, mas cheguei a casa". Mas quem é que fala desse jeito? Ótimo texto!
Deliveramos na sua casa!
Ricardo, lamento ter que dizer que "delivery" consegue ser pior do que "entrega em domicÃlio". Esta ao menos é uma bobagem doméstica, não uma bobagem importada, imposta pelo avassalador domÃnio da mÃdia por você-sabe-quem.
Artigo muito bom. O sabichonismo preposicional é parente próximo do engajadismo etimológico que condena palavras por uma fictÃcia ultrapassada etimologia que lhes daria um significado anacrônico, em geral falso, que todos já esqueceram qual era até o etimolochato dizer.
Artigo delicioso para se saborear "de colher"! rs... Abaixo o sabichonismo!
Você, meu caro, primeiro a comentar e último a ser lido é prova da qualidade da prosa do autor e dos comentadores. Supimpa!
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