O problema é que especialista antigamente dava carteirada e ninguém falava nada. Hoje, com fácil acesso à informação, fica fácil para qualquer um se informar e desmascarar o "especialista" desonesto. Por incrível que pareça para esses colunistas candidatos a influencer, internet não é só rede social, e é possível aprender com os verdadeiros especialistas, não com gente que fez um MBA paga-passa e vem escrever "o Campos Neto é cem porcento técnico e sempre está certo".

Especialistas tem sempre 2 problemas: tendem a não ver o quadro geral e ficam presos em sua área de expertise e nem sempre conseguem se expressar de forma acessível aos mortais leigos.

Fato, na Internet basta fazer barulho pra ter audiência e convencer alguém. A extrema direita é mestre nisso, num dia joga uma ideia absurda e tem audiência, no dia seguinte a nega e por aí vai. Antigamente se dizia a políticos com pouco espaço nos debates pra jogar uma ideia absurda e ter atenção, a Internet é isso o tempo todo.

Especialistas falham, com certeza, mas bem menos que os leigos. Negacionismo e a postura anticiencia que prevaleceram no período recente são muito mais danosos. Vide os problemas com a cobertura vacinal do país.

É com satisfação que leio o artigo do Joel Pinheiro Fonseca. É um estímulo à reflexão. Especialistas também falham, os mitos devem ser contestados.

É por isso que o enfraquecimento das instituições coloca toda uma sociedade de joelhos. Quando elas não fazem sua parte, ou fazem mal, dão poder para indivíduos despreparados ou mal intencionados que as utilizam como plataforma de proteção e lançamento de bobagens. A Folha erra ao dar espaço para colunistas terraplanistas, evangélicos e reacionários, ao tratar suas opiniões como diversidade. Qualquer debate é positivo se os participantes têm o compromisso social, não com uma guerra cultural.

A Folha queimou o termo especialista, pra falar do assassinato da vovozinha e de juros só vem lobista de banco.

O correto, mesmo, seria a imprensa dar espaço idêntico para os pensar antagônicos (os quais quase sempre existem), deixando que o leitor faça a sua síntese.

O quadro descrito pelo Joel poderia também valer para a geração que primeiro experimentou a democracia em Atenas. Aliás uma das metáforas do Platão contra a democracia era que a cidade era como um barco, e devia ser dirigida por um especialista (o piloto) e não pelos palpites dos passageiros. Talvez tenhamos passado da aldeia global do MacLuhan para a Agora global.

a diferença hoje é que a rede aberta permite as criticas sejam baseadas em modelos mentais inseridos por redes de influencia sejam por percepção sobre os resultados. A primeira situção é a vivida pelos bolsonaristas, a segunda o narrador cria um modelo, sem comprovaçao com a realidade, não adianta o narrador modess defender a elevadissima taxa de juros como necessária, quando o leitor ver a terra arrasada ao redor. Identifica aí o especialista de interesses não manifestados.

O ditado popular diz que "a cabela pensa onde o pé pisa". Já o velho barbudo lembraria que "a existência determina a consciência". O fato é que seja "especialista", seja "redesista", os analistas e palpiteiros, da academia ou da blogosfera, devem informar de onde vem o dinheiro que lhes pagam ou financiam. No mínimo dirá muito a respeito da direção e sentido de suas opiniões "abalizadas" ou seus "achismos" palpiteiros.