João Pereira Coutinho > Na política, o líder nem sempre está alinhado com as virtudes dos sábios Voltar
Comente este texto
Leia Mais
O texto é primoroso, mas definitivamente Oppenheimer não é o melhor filme de Nolan, em termos cinematográficos. Pra não me alongar no tema, Interestelar e Inception são superiores. Os freios e contrapesos, tÃpicos de democracias, são a maior invenção da humanidade para a humanidade, pois sabemos que, se dependesse só de nós mesmos, utilizarÃamos todo o conhecimento acumulado para destruir concorrentes e obter o máximo de prazeres possÃvel.
Há um trecho na introdução d'A Condição Humana de H. Arendt em que ela toca no tema dessa coluna: os cientistas, ao desenvolverem uma técnica, pensam que poderão controlar o seu uso pela polÃtica. Nunca conseguiram; nunca conseguirão. O princÃpio decide se e como.
Poi Zé, Coutinho, já tô agulhadÃssimo pra assistir a este filme, até porque faz *anos* que não vou ao cinema, desde antes do inÃcio da Peste. Todavia, estando em visita à minha mãe, aguardarei a volta para casa, pra ir com minha Amada. Enquanto isso, uma reflexão: nós, que não temos PrÃncipe, mas tivemos Capitão, pudemos observar seu altruÃsmo: *armas de Fogo* pros seus homens-bofe. O pobrema de tê-lo amarrado à rocha seria ambiental: tóxico, mataria todos os abutres que lhe fossem bicar o figo.
A despeito da chacota, há algum estofo de seriedade: as ações Bozoléicas tiveram tamanho impacto na vida e na morte de concidadãos que não é possÃvel dispensar considerações como esta que o filme suscita. Naturalmente, não espero que o Bozo tenha qualquer remorso, empedernido que é, adorador de coração Imperial em conserva.
Truman poderia jogar a bomba em algum território montanhoso e desabitado do arquipélago, e ameaçar o governo imperial com uma segunda em Tóquio, caso não se rendesse. Truman poderia manter o cerco econômico a ponto de inviabilizar permanentemente novas investidas militares, o que já havia sido conseguido. Truman poderia continuar a guerra, mas com armamentos convencionais contra alvos militares, e não civis. Tudo, tudo, tudo seria preferÃvel ao que aconteceu.
O poder dissuasivo da bomba é equivalente à sua capacidade destrutiva. Muitos conflitos foram evitados, principalmente contra paÃses que dominam a tecnologia nuclear. A própria Ucrânia, se não tivesse aberto mão do seu arsenal atômico, com certeza, não estaria em guerra.
Excelente!!
A ciência não é culpada! Tramando deveria ser estampado em todas as manchetes e filmes. Há de se analisar de forma holÃstica para esse caso não ser apenas a ignição da grande destruição do nosso planeta. Essa polarização continua...
Tem algo de fast-food, claro, porque ninguém incumbido de decidir vai ler os calhamaços de Marx ou de Aron antes de escolher a direção a tomar.. Mas as ideologias nada tem de barato, são o melhor que o pensamento bem pensado pode oferecer. Antes de agir, cabe ao prÃncipe consultar seus adivinhos e sabidos. E estes últimos, depois, para reclamarem alguma importância no desenrolar da comédia, põem-se a discutir o que teria sido se não fosse como foi.
SÃndrome de Húbris, transtorno que leva o portador a ter comportamento messiânico, que toma suas vontades como as vontades de seu cÃrculo de poder. Se a saúde mental fosse levada a sério, esse problema seria tratado logo na infância. Se as pessoas tivessem boa educação, um adulto assim seria só um Napoleão de HospÃcio. Nem Platão, nem Maquiavel têm a ver com isso; não há ponderação em mentes doentias.
O poderoso de plantão sempre se justifica. Thruman queria testar seu brinquedinho para assustar os soviéticos e conseguiu. Eles recuaram na China, Itália e Grécia desencorajaram a Iuguslávia, mas também foi atrás do seu brinquedinho.
Seria mais honesto reconhecer que os nazistas, apesar de terem cientistas altamente qualificados, nunca realmente perseguiram a construção da bomba atômica. Em parte pelas idiossincrasias do regime, mas principalmente porque isto exigiria um investimento que a Alemanha simplesmente não dispunha - lembremos o esforço formidável que foi o Projeto Manhattan. Ao fim da guerra, praticamente nada foi encontrado na Alemanha. Não é fácil aceitar que os americanos não tivessem tal informação.
Fácil falar depois. Um cientista experimental de ponta como o italiano Fermi tinha experimentado bastante com material radioativo em Roma. Só saiu da Itália em 38, mas tinha consciência de que muita gente com experiência na área tinha ficado. Os alemães tinham também muita tradição na fÃsica experimental. A desconfiança de que pudessem produzir a bomba era bem razoável.
Vindo de quem veio não surpreende a relativização do extermÃnio de centenas de milhares de civis.
Um filme para assistir mais de uma vez
Busca
De que você precisa?
Fale com o Agora
Tire suas dúvidas, mande sua reclamação e fale com a redação.
João Pereira Coutinho > Na política, o líder nem sempre está alinhado com as virtudes dos sábios Voltar
Comente este texto