Lygia Maria > Carcereiros da arte Voltar
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Para serem coerentes ao modificarem esse conto de fadas para o politicamente correto, terão que modificar o tÃtulo da estória também: não mais Branca de Neve, pois até a atriz que representa esse personagem não é branca, muito menos de neve. E olhe que não sou nem um pouquinho suspeito para falar isso, pois sou pardo. Também já me identifiquei como negro. Na época, não existiam esses preciosismos e sutilezas como negro e preto. Esvaziada a agenda marxista, estão procurando o que fazer.
Pobrezinha! Presa na torre de seus princÃpios tradicionalistas e sufocada pelos questionamentos à velha moral, não consegue mais fantasiar em paz com o prÃncipe encantado!
Passei do ponto, Bena, quebrei a autopromessa de não comentar na tpm. Vou me inspirar mais em você pra bater com luva de pelica. Se eu possuÃsse o vernáculo do comentarista abaixo...
Não seja cruel e zombeteira, Chiara! É questão de opção: deixasse crescer os cabelos, era só jogar as tranças. A Rapunzel, conservante, mas esperta, já resolveu isso numa estorieta velhÃssima, uai. Bom, sei lá qual é a versão atual: RapunMares, 'tadinha, pode ter vendido os cabelos e usado o dinheiro pra compor seu dote. Achou o prÃncipe Nigeriano do conto do vigário, casou e foi pra Ãfrica. A estória não contempla as vicissitudes da moça na Nigéria, acaba antes, por pundonor. Hahahahah!
Perfeito! Hoje em dia tudo é lido sob a ótica de "progressistas X conservadores", seja Homero, os heróis da Marvel ou os mitos de criação de uma etnia na Costa do Marfim. Isso é o que se chama de superinterpretação (criando uma série de associações esdrúxulas).
Nasci em fins dos anos 60 e minha imaginação também foi construÃda pela audição e leitura dos contos de fada. Aprendi com eles que deveria procurar um prÃncipe e, quando o achasse, minha função seria fazê-lo feliz. Um discurso reforçado pelo status quo. Jamais quis ter sido "formada" por histórias que me ensinaram o seguinte: meu próprio desejo deveria ser pautado pelo desejo do Outro que busquei. Antes tivesse nascido em outra cultura e com outras histórias.
Provavelmente bastaria ter nascido em outro tempo, Prezada Suzanne. Agora, já seria bem mais simples e menos dolorido.
Um tanto antigo já: Quem sabe o prÃncipe virou um chato Que vive dando no meu saco Quem sabe a vida é não sonhar Cazuza
Acontece que essas histórias já foram, há décadas, contextualizadas (suavizadas e romantizadas) para virarem "contos de fadas", visto que as originais eram por demais violentas. Se quer fidelidade ao original, tem que chamar o Lars Von Trier ou o Ari Aster e fazer um filme de sodomia ou terror.
Hahahahah, Renato, ontem minha sobrinha comentou que precisava assistir um pouco de Tom e Jerry antes de dormir: o Lars von Trier havia deixado tal marca no dia que causaria pesadelos... Hahahah!
A articulista deve ser amiga da esposa do cantor Sorocaba...
Quanto esforço de retórica para defender as suas crenças, cara colunista. Não se trata de politização da Branca de Neve, mas de contextualização.
Engraçado: tô com preguiça de reler, mas havia entendido que o "escapismo" tinha mais relevo do que a reescrita. Parece que nós acabamos desviando nosso olhar do essencial... Enfim, posso perfeitamente estar viajando.
A colunista omite, talvez porque não sabe, que os contos de fadas eram, na origem, estórias bem cruéis que refletiam a difÃcil vida dos camponeses da era pré-capitalista e , portanto, dialogavam com a realidade dos ouvintes. Essas mesmas estórias, depois, ganharam final feliz e passaram a compor o imaginário de uma burguesia em ascensão. Não existe escapatória para a fantasia. Ela sempre será objeto de prisão ideológica, se a consciência histórica não se refletir nela.
Muito bem. É isso mesmo. Não captei sua crÃtica a respeito da adaptação atual - “progressista” - mas na minha opinião é ainda pior que a suave versão de Disney, explicitamente dirigida a crianças e sem contaminação polÃtica, pelo menos não aparentemente, ou polÃtica pela neutralidade. Eu pelo menos tenho ojeriza ao discurso woke, que me parece impositivo e artificial.
Ahhhh... Acertou no furúnculo, caro Raimundo: mesmo com edulcorações "burguesas", Perrault, por exemplo, escorre sangue - tipo por debaixo da porta do Barba Azul. Eu era criança e ficava angustiado de lê-lo, assim como os irmãos Grimm, Andersen e outros. Tinha inocente nessa história não. E as versões mais primitivas - acho que foi a da vovó e do lobo, como era? "Chapeuzinho", né? - li uma versão ero-sanguinária, coisa de arrepiar. Isso, depois de véio, Benza'Zeus.
Além de ser uma educação acerca dos aspectos mais internos e inconscientes, a fantasia pode ser uma viagem para as realidades diversas de mundos distantes. Existe uma riquÃssima diversidade de contos e lendas de povos nativos de todas partes do mundo, no oriente médio e distante, Ãfrica, América do Sul, Groelândia, Canadá, Brasil,...
Bem legal a lembrança ao Tolkien. Todos temos nossos mundos objetivos externos, e igualmente nossos mundos internos. Daà que a palavra 'escapismo' leva a interpretações injustas, pois seria negar um desses dois. Entrar em contato com a fantasia é educativo e amadurece esse trânsito, dá habilidades pra lidar até com o próprio medo.
E o filme da Barbie, por mais surpreendente e instigante que seja, se prestou à mesma militância revisionista!
Os contos de fada, em geral, são estórias de tradição folclórica repassadas oralmente. Em geral, apresentam valores da vida humana, como o poder, a ambição, a bondade, a maldade, a vida, a morte, a coragem, a inteligência, a persistência... Como anteviu o cineasta Peter Jackson, "Você não pode escrever olhando para manchetes de jornais, (...)," diz ele. "Mas atitudes humanas são atemporais, então focamos a ganância, o heroÃsmo e o poder polÃtico que parecem imutáveis ao longo da história."
O fundo moral sempre existiu nas histórias de fadas, ao lado do encantamento escapista. O que muda com o tempo é a própria moral, como por exemplo o papel social da mulher.
as meninas nao veem estórias de anita garibaldi, joana angélica, maria quitéria, joana dárc, ainda crescem num mundo machista, onde serão resgastadas por um principe lindo, que viram sapos, na hora que veem um par de quadris subindo e descendo indo de lá para cá, ninguem conta esta parte para elas, nem as mães que já passaram por este dissabor, mas continuam acreditando e sonhando com a solução principe lindo.
Sou contra que se dertupem clássicos. Se houver talento que se criem histórias novas. Se o clássico está socialmente ultrapassado, que caia no arcaÃsmo, para os que não o toleram. Pegar carona na criação dos outros, é moleza.
Eita, carÃssimo, tá cheio de talento - chatice, então, tem uma vintena de vezes mais. É o que cê falou, larga mão de deturpar o clássico; se ainda prestar, discute; caso não, ostraciza. Encher o saco e dourar a pÃlula, à s vezes transformando pimenta em cicuta adoçada, dá não.
Nem acho que há problema em mudar aspectos de fantasias clássicas. Se forem mudanças interessantes, criativas, o público aceitará muito bem. O que acontece, principalmente nesses filmes live action da Disney, é que inserem uma causa polÃtica e esperam que ela seja suficiente para agradar o público, esquecendo o resto (bom roteiro, boa trilha sonora, direção criativa etc.).
São dirigidas à doente, decadente, ignorante, dopada e psicótica sociedade estado-unidense. Para quem não é adepto daquele tipo de formação cultural estas adaptações são ridÃculas e mal disfarçavam uma tentava de criar algum pacto social superficial e mercadológico, como de hábito. Hollywood já foi melhor.
Proibido, não é: o autor nem tá vivo pra reclamar do que fizeram com sua obra. Mas não é mais *aquela estória*, é outra, e assim devia ser tratada. Quando o autor tá vivo e quer revisar, vá lá, é a voz do dono. Se não, não boto uma fé, João
Bem, Lygia, o Tolkien é um autor que nunca poderá ser tratado com superficialidade, até recortes devem ser dignos - não digo que não tenha sido, hein? - de sua complexidade e gênio. Isso posto, só aceito tal crÃtica como valida na medida em que houver idêntica ao uso de alteradores de consciência: fartamente tratados como "escapismo" ou falha moral, tais crÃticas ignoram a complexidade da exploração pessoal, tratando tudo como heroÃna alienante. *Não é*. E, se for, cabe julgar o aprisionado?
Tem sentido. Claro q gosto de histórias onde minorias participam, negros e asiáticos, pessoas com diversas condições fÃsicas, religiosas e sexuais precisam se ver nas telas, mas não necessariamente em contos clássicos. Mas também não condeno reler o clássico. Há espaço pra tudo.
Maiomêno, caro Ediney, me dê licença pra marcar posição, por favor - não é tabefe, bem entendido. Vamos escrever novos, e refletir sobre os velhos. Orra, já houve celeuma com o Lobato e sei lá mais quem... Escrevamos novas estórias e discutamos as questões que, nas velhas, encontram-se "datadas". Daqui a pouco, mudarão letras de canções clássicas, não é? MagnÃfico Mario Lago, o que farão com tua Amélia?
Entendo o ódio dos conservadores, e mais ainda dos reacionários, mas a história em questão caiu em domÃnio público, como a própria história veiculada pela Disney, e apenas levemente inspirada no original. Essa história de que inventem outras histórias e outros personagens só demonstra o quanto conservadores são pessoas assustadas e carentes de uma ordem que não existe internamente. Tudo será visto, revisto e adaptado o tempo todo porque assim é a vida, e assim exige o mundo.
Torna-se cada vez mais pedante em artigos enviesados de proto rebeldia galvanizados por estandartes bobos, com pseudo metonÃmias adventÃcias. Solipsismo para infantes. Cansativo. Nubla seu potencial com pré concepções anacrônicas edulcoradas de algum tipo de vigor primaveril que gera sonolência e assÃdia.
Eita sô, se bem entendi, concordo. Sinto-me um comentador facinho e simples, agradeço.
Excelente o artigo! Eu e minha neta brincamos muito de prÃncipe e princesa. Ela e eu adoramos. Quem manda na brincadeira é a princesa!
“Estamos presos na cela polÃtica.” Vou usar agora um clichê das redes sociais: a frase acima falou tudo.
Adorei o artigo!
Acho a "existência" de prÃncipe e princesa ridÃcula. Mas em "Branca de Neve" existe. Se não concordam, não queiram modificar "Branca de Neve". Inventem outra história.
Não posso concordar mais do que concordo. Se pudesse dar uns pulinhos pra enfatizar, eu pulava.
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