Opinião > Psicanálise é ciência? NÃO Voltar
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"Psicanalistas talvez digam que a psicanálise não pretende ser ciência; logo, não pode ser pseudociência." O autor não respondeu de forma suficientemente clara a essa questão.
Se ela fica no campo da Filosofia, então a controvérsia termina.
Como se vê, há negacionismo em todas as áreas do saber humano. São inegáveis os benefÃcios que a psicanálise traz aos pacientes.
Pessoal, o debate é muito interessante e, por isso, eu queria sugerir, pra quem nao conhece, a "História da Loucura" de Foucault. Eu aprendi muito com esse livro, vale muito a pena.
Porque será que a Folha não convidou para o contraditório dois autores com as mesmas credenciais acadêmicas? Ferreira publicou 5 artigos. Seu antgonista 35. Ferreira não é mestre nem doutor. Seu oponente é professor da USP. Se essas métricas não importam, o que importa na escolha que a Folha faz para estabelecer a discussão? As vendas a qualquer custo?
Lauro, consistência e densidade intelectual é requisito, sim, para equilibrar qualquer debate, em qualquer domÃnio do conhecimento. É evidente que alguém com tão pouco tempo de estudo está em desvantagem, porque com maior probabilidade apresentará argumentação inconsistente ou equivocada. Isso nada tem a ver com "argumentum ad verecundiam". Neste caso, fica evidente para quem conhece um pouquinho de Epistemologia da Ciência que o articulista desconhece o "método cientÃfico".
Argumentos de autoridade??? Pelo amor de Deus
Excelente texto! Esse tipo de informação não é muito conhecida no Brasil e precisa se propagar cada vez mais. A psicanálise tem teorias advindas de práticas duvidosas, não está de acordo com o conhecimento cientÃfico atual de psicologia e a população precisa entender suas limitações. Parabéns por ter conseguido explicar tão bem em um texto conciso, Ferreira!
Livia, o debate é sempre bem-vindo, mas em um jornal do alcance da FSP ele deveria ter mais consistência cientÃfica, porque esse canal é diferente de uma discussão no zap ou em redes sociais. Lá, por exemplo, eu poderia "achar" alguma coisa sobre Museologia, mas aqui não, porque não estou autorizado a dissertar sobre o tema uma vez que não entendo nada deste assunto.
Imagina se tratar com um psicólogo jurássico como o M C Ferreirinha. Bizantino esse texto...
A psicanálise é uma abordagem no campo da psicologia desenvolvida por Sigmund Freud no final do século XIX e inÃcio do século XX. Ela se concentra na compreensão dos processos mentais inconscientes e nas influências que esses processos têm sobre o comportamento humano. A teoria psicanalÃtica baseia-se em conceitos como o inconsciente, o papel dos desejos e traumas reprimidos, a importância da infância no desenvolvimento da personalidade e os mecanismos de defesa psicológica. É um saber.
Astrologia também é um saber.
é um saber que quer saber tudo, monolÃtico, impermeável, incapaz de lidar com o contraditório.
Não dá para acreditar que ainda se discute isso! Não é possÃvel usar o modelo positivista ou neopositivista para encaixar a Psicanálise e outras abordagens. Que cansaço! Desde de a graduação a mesma conversa!
Livia Barbosa Ou talvez a insistência não seja exatamente correta.
Se é uma conversa antiga que vem desde a graduação, talvez falar simplesmente que não cabe no modelo "positivista" não seja argumento suficiente.
Cansa a beleza, Devanir. É por isso que a gente fica tão feio depois de véio, acho.
Acho que já sei qual será o tema da coluna da Vera Iaconelli na próxima terça
A pergunta que deveriam fazer e se psicanálise ajuda. Ciência, pouca coisa em humanas é, basta ver a sinistra história da medicina e a loucura social em que vivemos.
A taxa de "sucesso" é semelhante ao placebo ativo (ou seja, conversar com uma pessoa que não está te julgando). E a análise estatÃstica consegue determinar que o efeito iatrogênico é sistemático e não aleatório.
Obrigado Livia. Não ajuda em nenhum dos casos ou a taxa de sucesso é pequena? Quanto à piora, existe alguma tendência nos números ou é aleatória? Acho importante a distinção.
As evidências cientÃficas se tratam tanto da teoria psicanalÃtica quanto das intervenções. E o que se vê é que a psicanálise não tem boas evidências para nenhuma das opções. Ou seja, não parece ajudar e, em alguns casos, atrapalha.
Sobre trazer mais epistemologia e história das ciências pra engrossar o caldo, acho ótimo, mas isso tem cheiro de diversionismo - por que não falamos em epistemologia em meio ao debate das terapias eficientes em combater a covid?
A imaginação de Freud era fascinante. Pra mim, ele ensina tanto quanto a literatura ensina - sou amante dos dois. Mas, sua impostura com ares de cientificidade é evidente, embora difÃcil de ver por ser tão atraente. De resto, penso que toda 'Talking Therapy' (Terapia da Fala é tradução ruim) tem eficácia potencial, inclusive a psicanálise, mas por outras vias. Muito contraditório? Freud explica.
Pano pra manga, hein, Ferreira? Prezado, cê deve conhecer todo esse nosso blá, mas não é possÃvel que não dê pra avançar um debate. Proponha outro artigo à Folha, parece que seria bonÃssimo jogo. Muito grato, deu sustança; vou lá ver a contraparte.
Esse psicólogo é cientista? Não!
Sim, ele é. Faz pesquisa em psicologia, portanto, é cientista.
Convicção absoluta de que não é cientista, se carece de aprendizado de Epistemologia da Ciência.
Apostaria que sim, caro Ney.
o problema com a psicanálise é que sua validação é dada apenas e exclusivamente por ela mesma. não admite refutação com base em critérios epistemológicos válidos para todas as ciências. não é uma teoria nem uma ciência, é uma doutrina, com suas vacas sagradas, seus apóstolos, seus discÃpulos, suas ovelhas. e os próprios psicanalistas afirmam que seus objetivos não são tratar nem curar ninguém. quais são? rechear as respectivas contas bancárias talvez seja um bom palpite.
Perfeito!!!
Digo exclusivamente por mim, meus caros: eu acho psicanálise um saco. Não é minha vibe nem terapêutica (como cliente), nem intelectual, mas isso é somente questão de gosto. Tenho objeções epistemológicas, como o Alexandre - na mesma direção, aliás - mas mantenho minha questão no centro: por que esse siricutico em relação à cientificidade da coisa? Não creio que careça.
Nesse sentido, Stenio, eu penso que a regulamentacao da profissao seria muito relevante. Mas eu fico pensando: se a psicanálise se regulamentasse, será que continuaria a existir? Talvez (estou relativizando, nao tenho a resposta) resida um certo medo em regulamentar e perceber que estao regulamentando uma doutrina, como você mesmo disse.
Eu vou também por esse lado. Eu desisti do meu curso de formacao em psicanálise porque sentia que tudo se justificava através da psicanálise, ou seja, a premissa para tudo era a existência do inconsciente dinâmico. Quando comecei a questionar esse pressuposto, os colegas entendiam isso como um recalque ou uma resistência pessoal. Me deixavam falar e analisavam a minha fala. Bom...ficou difÃcil!
Quando vi ou autor citar a si próprio para comprovar seu ponto de vista, fui no Lattes ver quem era a sumidade no assunto, e aà tudo se esclarece (mas ao contrario): o autor é formado em psicologia a 6 meses! Folha, é sério que vocês convidam um recém-formado para desbancar Freud???
Eu fui arrogante sem querer. Estou me sentindo mal por isso. Desculpe mesmo, Katia, nao quis te desqualificar.
Eu nao quis fazer ataque pessoal. Peco desculpas, de fato o que escrevi deu a entender isso. Eu só queria exemplificar a minha ideia de priorizar o conteúdo da discussao e evitar o argumento de autoridade. Errei. Peco sinceras desculpas a todos! De verdade!
Atacar a pessoa ao invés de seus argumentos é baixo e preguiçoso.
Nao sou autoridade em lingua Portuguesa, confesso. Por isso nao me meto a dar palpite em jornal sobre o assunto. E sim, para conhecer a fundo qualquer assunto que seja, quanto mais um tão estudado e debatido quanto psicanalise, leva tempo, anos, décadas, muita dedicacao e estudo. E a falta disso fica óbvio no texto.
Zero pobrema, prezada: do ponto estritamente cientÃfico, importam os dados, as análises e o bom estofo de ambos. Fróid pode levar um Fal de qualquer um, desde que com substância - que, aliás, há, não tá nada mal não.
Katia, cuidado com o discurso de autoridade, hem! Desacreditar alguém porque é recém formado seria a mesma coisa que desacreditar o discurso de alguém que nao sabe diferenciar "a" de "há", ou que nao usa til (à s vezes o teclado pode ser alemao, como é o meu caso). Eu voltaria os olhos para o conteúdo da polêmica. Nao existe investigacao cientÃfica sem polêmica e as discussoes nao sao feitas com palavras doces e afetivas. É um embate contundente, mas nunca pessoal. Com um abraco
O autor usa como evidências cientÃficas de que a psicanálise não é ciência o próprio trabalho em que nega cientificidade do método psicanalÃtico! Acreditem, é como se ele mesmo se parabenizasse e desse um prêmio pelo excelente trabalho que ele fez! Mais anticientÃfico impossÃvel!
Benassi critiquei o conteúdo do artigo porque se funda na falácia da autorreferência. Não discuto a matéria de fundo. Penso que há um padrão de argumentação cientÃfica que deve superar a autorreferência, pois dialógica com outros. Não é o que ocorreu no artigo.
Parece "anticientÃfico", mas é apenas *não recomendável*. Mas tem hora que não tem jeito - não sei se é o caso, que fique claro: e se só o sujeito estudou o assunto? Somente ele têm aquele viés? CientÃfico é sopesar os argumentos e, se necessário, ler os trabalhos *daquele sujeito* pra ver qualé.
Navegar é preciso, viver não é preciso. Nada mais atual, que esclarece historicamente as dúvidas originais do século XVI, quando houve a revolução cientÃfica. As dúvidas são as mesmas e a justificativa também. Naquela época a precisão prometia terras, ouro, escravos da mesma forma como a precisão manipulada de hoje garante o consumo, adeptos e fortuna. Assim, não há dolo de lado a lado, mas apenas a demonstração a que deus servimos.
Toda ciência exata tem na sua origem uma filosofia, uma teoria que gerou um método com o qual os cientistas produzem "verdades" com validade dentro de uma comunidade cientÃfica legitimadora. Isso é muito importante na nossa sociedade moderna. Mas é bem problemático e preocupante quando um cientista que somente conhece o método final resolve decretar o fim de todas as ciências não exatas. É urgente que toda Pós-Graduação tenha disciplina de epistemologia.
Se você der uma olhada nos artigos citados, são todos muito bem embasados filosoficamente. Você argumenta que não há filosofia apenas por que o conteúdo não te agradou?
Não sei se é ciência ou não. A menor ideia tenho eu, diria o sábio Yoda(letrista do hino nacional). Sei que nessa era hiper materialista na qual vivemos (vide igrejas evangélicas que só fazem angariar Dim Dim e votos poder). Essa era que somos influênciados por Hollywood onde tudo fala de análise, temos que muitos acreditam nessa terapêutica e funciona para muitos, talvez por efeito placebo, mas isso não importa.
Psicologia baseada em evidências...será essa a nova falácia dos defensores da psicologia cientÃfica, querendo decalcar os métodos das ciências duras? No século XIX isso já revelava certa subserviência, mas va lá, século XIX , novo campo de conhecimento querendo se afirmar...mas hoje? Quem estuda e trabalha seriamente com sofrimento psÃquico sabe que o buraco é mais embaixo, não cabe fórmulas "mensuráveis", pelos menos tal qual é possÃvel em outros campos, para processos mentais tão complexos.
Não se trata nem de defender a psicanálise, da qual sou adepto (como analisando) mas de observar que essa proposição de psicologia baseada em evidências tem um quê de falácia com "ginga" subserviente de coisa cientÃfica. Basta olhar a história da psicologia e até da psiquiatria pra acompanhar o tanto de tropeço que esses campos de conhecimento tiveram no seu caminho e tem ainda hoje pra se arvorar árbitros da verdadeira ciência. São conhecimentos válido mas um pouco de humildade cai bem..
Advogado do campo da psicologia "baseada em evidências" não pode jogar pedra no vizinho taxando-o de não-cientÃfico. Conhecimento "baseado em evidências" é o empirismo empacotado pela estatÃstica, mas longe de ser cientÃfico. Um curso de epistemologia da ciência faria bem ao debatedor. Importante lembrar que há um imenso território de "conhecimento eficaz" inexplorado pela ciência, mas válido porque útil, faz bem à s pessoas. E os pacientes desse senhor, se existirem, aprovam sua psicoterapia?
Livia, embasamento "filosófico" é muito diferente de algo "cientÃfico"; para usar este adjetivo em qualquer campo é necessária a demonstração do Método CientÃfico, que tem caracterÃsticas bem definidas (e.g. reprodutibilidade). Por isso, o que é "baseado em evidências" não é considerado "cientÃfico", stricto sensu.
Se você der uma olhada nas referências citadas, verá que são muito bem embasadas filosoficamente. Por que alguém (quem quer que seja) não pode argumentar que uma prática não é cientÃfica? Qual é o problema de colocar a questão em debate?
Peço licença para uma continuidade aqui no primeiro nÃvel da discussão. Gosto de psicologia experimental, isso sempre me atraiu; na USP, estudei e trabalhei com a Maria Amélia Matos e o Gerson Tomanari - um pouquinho com a Dona Carolina Bori. Na Unicamp, fui discÃpulo da Roberta Azzi, rigorosa e hard, por sua vez filha do grande Rodolpho Azzi - que trouxe o Fred Keller pra UnB antes de milico enKHagalhar. Tô véio e repleto de valores cientÃficos, mas a psicanálise não precisa ser como eu.
Uai, então tá.
Caro Marcos. Conheço por dentro as instituições e as pessoas e o que defendem, por isso digo com clareza que é sim reserva de mercado tanto deste quanto daquela. Ah, é o artigo não é pobre mesmo, é paupérrimo.
Seu Ferreira, prezado, compreendo perfeitamente o porquê de botar seu nominho em formato de referência, mas aqui é jornal, não é artigo cientÃfico. Mai vamulá. Minha formação é boa e bastante cientÃfica, não dispenso nem o rigor nem as ferramentas que, como a estatÃstica trazem uma dimensão confiável, reprodutÃvel, compartilhável. Todavia, nem só de métodos "duros" se faz a construção do conhecimento, nem só eles são capazes de desvendar a realidade. Há que se tomar cuidado com absolutismos.
Artigo pobre e superficial, parecendo mais um ataque do que outra coisa. Vindo de um representante de um tipo de psicoterapia que tem se colocado como “a” psicoterapia, não podemos esperar outra coisa que não reserva de mercado. Lamentável!
Fauzi, prezado, devo discordar, nem pobre, nem epidérmico. Absolutista, aà sim. Um bom artigo que, tal como a dona Natália pasternack, tem substância. Não sei o que está por detrás, mas sei que defender boa ciência, bem construÃda, é saudável pacaramba. Defender um certo tipo de ciência como única forma de exploração da realidade, do psiquismo, da transformação individual, aà eu creio equÃvoco. E não faço inferências sobre aquilo que está por debaixo, por cuidado - preciso de mais evidências.
O assinante comenta o artigo mas omite a informaçao de que se apresenta como psiquiatra psicanalista e ganha dinheiro com isso. Suspeito, portanto. Ademais, dizer que um artigo é pobre e superficial é uma critica genérica que serve para qualquer coisa e, portanto, nao serve para nada. O artigo é bem argumentado e apoiado em referencias bibliográficas.
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