Opinião > Freud entre a polêmica, a leviandade epistemológica e a revolução Voltar
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Paul Feyerabend e Thomas Kuhn são filósofos da ciência interessantes para enriquecer a discussão.
A discussão sobre ciência (e psicanálise) é rica e complexa. Ou seja, é preciso ler bastante para começar a entende-la. Mas os desinformados de plantão esperam respostas simples em artiguinhos de jornal sobre o que é ou não ciência. Vão ler Freud, epistemologia da ciência, em vez de perder nosso tempo com igno râncias...
Falou, falou e não explicou porque a psicanálise seria uma ciência. Eu esperava mais de professores de renomadas universidades. A psicanálise passa pelo crivo da metodologia cientÃfica? Sim ou não? Se não passa, é uma pseudociência. E ponto. Não gostou? Então amplie o filtro do método cientÃfico ou apresente evidências da ciência da psicanálise. Simples assim.
A argumentação tem múltiplas utilidades. Também serve perfeitamente bem para o uso de cloroquina e ivermeticina no combate a covid
É o tÃpico " para quem não acredita não podem ser apresentadas provas cientÃficas, pois não existem, para quem acredita não há necessidade de provas. "
A ciência que o livro propõe é a ciência do capitalismo, da sociedade do controle e do espetáculo. As grandes corporações decidem o que deve ser consumido e dominam toda a cadeia de regulações. Opta por processos sofisticados e caros, não realizáveis pelos mortais que subsistem, muito semelhantes às grandes bancas de advocacia, simplesmente insuperáveis. É a instrumentalização da ciência em favor do poder financeiro hegemônico.
Acho que a ciência que os autores de "Que bobagem!" propõem é um pouco mais prosaica. É aquela que possibilita a você e a mim a fantástica possibilidade de teclar -- e trocar -- nossas opiniões em um pequeno retângulo com tela. Essa ciência também permite que tenhamos o dobro da expectativa de vida dos nossos ancestrais. Que a gente continue aprendendo com esses anos a mais que ganhamos.
Muito bem.
Danke!
Excelente texto! Chamar de Bobagem a psicanálise e outros temas no livro caracteriza uma arrogância dos autores sem validação em seus currÃculos. Aliás a pesquisadora não é tão proeminente em sua área de atuação- vide o currÃculo. No mais uma ação bastante audaciosa com generalizações espúrias.
Arrogância é fazer ataque à pessoa e não ao argumento, como você acabou de fazer.
Ocorre que pasternak é somente a última. Vários outros já acusaram freud de ser uma fraude, especialmente, Frederick Crews com seu livro - the making of an ilusion - , baseado em numerosos documentos pessoais do próprio freud. Eu não acuso porque não conheço, mas esse artigo é uma defesa passional da psicanálise ou de freud, e nada mais.
Muito bom! Sempre foi questionado por estudiosos não convertidos.
Se a sua definição de ciência não comporta um cientista fundamental como Freud e toda a psicanálise melhor rever seus conceitos. Epistemologia, é o que se recomenda ler, nesse caso. Arrogância e vontade de lacrar não contribuem em nada para o amplo debate sobre os limites da ciência.
Caro, para que você entenda aciência na psicanálise você vai ter que ler, Freud e outros autores cuidadosamente. Não vai conseguir entrar nessa discussão rica e longa através de artiguinhos e comentários de jornal, sinto muito. Ciência se faz com trabalho e não com dogmas.
Mas... por que a psicanálise seria ciência? Os autores responderam isso no que você chamou de "ótimo texto"?
Excelente texto!
Depois de tanto debate, as perguntas que me ficam são as seguintes: o fato de não ser ciência (se assim o for) implica que a psicanálise não seja eficaz? Só tem eficácia o que é cientÃfico? Dá pra fazer referência objetiva à realidade mesmo sem ser ciência? Parece-me que o objetivo da psicanálise é ser terapêutica. Assim sendo, pouco importa se é cientÃfica ou não. Eu mesmo a vejo como uma arte.
Gabriel, entendo o seu ponto de vista. As transformações vividas por pessoas que entraram no processo analÃtico são profundamente subjetivas. Mas isso não significa que não possam ser descritas, mensuradas e comparadas à s descrições de pessoas que passaram por outras abordagens não-analÃticas. É esse processo que se exige na ciência, especialmente quando queremos avaliar a eficácia de uma intervenção terapêutica.
É um assunto complexo, MaurÃcio. Dada a natureza da realidade psÃquica, as evidências de que a psicanálise é eficaz são os relatos de quem se dispôs e se engajou na aventura que é uma análise, e sentiu alÃvio no sofrimento psÃquico ou sentiu uma mudança subjetiva. Não existem parâmetros objetivos pra determinar isso. A realidade psÃquica é tão complexa que exige uma outra epistemologia, uma que seja diferente dessa positivista.
Ainda não li o livro, Gabriel, mas ele já está no meu Kindle. Apesar disso, acho que os autores não questionam a relevância da psicanálise em áreas como a literatura ou a crÃtica social. O que eles questionam é justamente a eficácia da psicanálise. Existem evidências, além da opinião dos analistas, de que a aplicação da técnica psicanalÃtica ajuda, de fato, as pessoas a viverem vidas melhores? Eis a questão.
Então não precisa arrogar para a si a alcunha de ciência. Para ser chamado de ciência tem que ser capaz de verificação atrvez de teste duplo-cego, randomização, grupo de controle, testes em larga escala e ser possÃvel a repetição de seus feitos em outros lugares, por outros pesquisadodres e usando outros grupos de pessoas. Enfim, que seja arte, pois que ciencia não pode ser.
Excelente seu comentário!
nem tudo que acumula conhecimento, ou que funciona empiricamente, é cientÃfico. hipótese e teste ainda me parecem balizas sensatas prá definir o que progride por método cientÃfico. eu dei uma corrida na bibliografia do lerner, e não me parece que aquilo vai mostrar como formular uma hipótese, que possa ser testada de forma reprodutÃvel, sobre o funcionamento da psicanálise. e sim, acredito conversar com um cara inteligente que te faça boas perguntas vai te ajudar a resolver as neuras.
O problema, Edilson, é que quem tem a responsabilidade de tratar pessoas não pode se basear na própria experiência pessoal ou mesmo na experiência de outras pessoas, por mais vasta que seja, para avaliar a eficácia dos tratamentos. Existem critérios bem estabelecidos para avaliar os desfechos (bem ou mal-sucedidos) de uma intervenção terapêutica. O fato é que a psicanálise nem sempre considera esses critérios, embora frequentemente tire proveito de ser vista como "ciência".
Esperando sentado uma defesa vigorosa, clara e sustentável da psicanálise como ciência. Dos artigos desta Folha, o que mais chegou perto foi o do Prof. Rogério Lerner. Os links do seu artigo foram muito úteis. Mas enquanto os defensores da psicanálise insistirem em desqualificar a indústria farmacêutica, apelarem para o "subjetivismo" na ciência ou continuarem buscando seu "lugar epistêmico", acho que vou continuar esperando sentado. Talvez como quem espera Godot...
Caro Paulo, ainda acho que discutir a ética da indústria farmacêutica -- questão importante por si só -- , nesse caso, parece apenas uma manobra diversionista. Podemos responder que também há problemas éticos no campo psicanalÃtico. A grande questão é sobre a eficácia da psicanálise para tratar pessoas concretas. Existem desfechos claros e objetivos -- ainda que envolvendo a subjetividade humana -- que podem ser mensurados, avaliados em comparados a outras terapias. A questão polêmica é só essa.
Concordo 100%, João Luiz. Ninguém pode negar a importância da psicanálise na modernidade. Desde a literatura à crÃtica social, passando pela tentativa racional de explicar -- e tratar -- a desordem da nossa "alma", a psicanálise conquistou seu lugar. O debate é mais simples: existem evidências sólidas de que ela, usada como terapia, tenha um desfecho favorável para as pessoas que a utilizam? É mais uma questão de eficácia do que de relevância.
Más você não concorda que a psicanálise oferece uma abordagem única para entender a mente humana e explorar os aspectos mais profundos da psicologia. Ela pode não se enquadrar nos padrões tradicionais de ciência, mas suas contribuições para a compreensão da psicologia e a promoção do bem-estar mental não devem ser subestimadas. Certo?? É importante reconhecer seus méritos e contribuições significativas para a compreensão da mente humana e do comportamento.
Mauricio, Não se trata de desqualificar a indústria farmacêutica, mas de apontar para seus desvios e comprometimento com o grande capital. Um só exemplo: A liberação e comercialização e prescrição desenfreada do opioide fentanil, nos Estados Unidos , que passou por todos os processos de "comprovação cientÃfica" e aprovação pelo FDA, já causou a morte de mais de 1 milhão de individuos, por overdose.
É nóis, PrezadÃssimos, uma bela resposta. Educada e com substância, bacanuda. Não há senão o caminho do debate civilizado e racional, entre perspectivas que se mostram dÃspares, mas não são, absolutamente, irreconciliáveis. Como diz um mineirim na beira d uma estrada poeirenta, "cada um com seu cada qual" - com o que concordo, desde que sustentado por argumentos decentes. Não vindo com análise fatorial pra justificar Lombrosismo, tá valendo. Muito grato.
O desafio está lançado. Embate interessante, porém emocional demais.
Acredito que esta discussão poderia se ater ao mundo das ideias, mesmo que antagônicas. A desqualificação de um ou do outro não acrescenta. É isso que chamo de emocional demais. A ciência tem como fundamento a eterna possibilidade de ser questionada e sentir-se ameaçado por estes questionamentos não parece ser muito... cientÃfico.
Emocional demais? Que medida é essa que o Sr usou? Diagnosticar como "emocional demais" é cair numa armadilha que o Sr própria critica.
Encheram a bola da Pasternak durante a crise covid. Atualmente vive na mÃdia. Bolsonarismo e seu rescaldo.
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