Mirian Goldenberg > Perda de autonomia é 'morte simbólica' para os mais velhos Voltar
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Dra Mirian, o cinema brasileiro tem tb inúmeros filmes que abordam os velhos, como por exemplo "Chega de Saudade" de LaÃs Bodansky, que deve conhecer. Outra coisa: a sensação que tenho é que minha irmã mais velha, muitas vezes age com autoritarismo com minha mãe Ivone de 86 anos!
O filme é lindo
Além dos livros da Mirian Goldenberg recomendo um da Ivone Gebara: A Velhice que Habito...É o tipo de obra que alguém abre e não consegue fechar...
Há uma fenda em tudo. É assim que a luz penetra
Adorei
Comecei a ver uma série coreana recentemente e já estou na segunda. O Óscar de Parasita foi merecido, os coreanos estão arrasando. E oferecem um contraste enorme com as séries/ filmes americanos. Até com as brasileiras.
Verdade
Um filme interessante que tem a ver com esse tema é: O último amor de Mr. Morgan, com Michael Caine.
Fiquei curiosa de ler. Vou comprar pela net. Obrigada.
Baseado no livro La Douceur Assassine (A doçura assassinada) da atriz e roteirista francesa Françoise Dorner e que também fez a adaptação para a telona. Pena não ter em português. Excelente filme. Aliás, não só gostei muito do livro mas ele vai além do filme, pois tem um viés feminino, se mostrando delicado, sensÃvel e sério. Uma frase marcante de Leonard Cohen surge na obra: 'Há uma fenda em tudo, é assim que a luz penetra'...
Um time deve ter evitar tomar gols, mas se isso vira uma obsessão e a defesa se limita a rebater as bolas para frente, a tática é contraproducente, e o gol adversário acaba saindo pelo número de ataques sucessivos. A fragilidade da velhice exige realmente cuidados, mas o medo excessivo de correr riscos compromete a saúde. É um fio de navalha.
Exatamente. Muito difÃcil essa conta dar certo
Meu velho interior (VI) não incorre no equÃvoco tÃpico sobre os idosos de que eles vivem entediados, não fazem muito mais do que jogar Dominó ou cartas, reclamar da vida e assistir TV. No entanto, no VI que tenho em mim, os idosos gostam de ter um estilo de vida o mais variado possÃvel; desde visitar amigos e familiares até desfrutar de atividades ao ar livre, explorar novos lugares, cuidar de suas plantas ou peixes, meditar e dançar.
Cantar, brincar, ler, estudar, rir com os amigos e muito mais
Cada pessoa traz dentro de si um velho interior (VI), as referências dos muitos idosos com que conviveu e que marcaram positivamente a sua infância ou adolescência através de condutas que demonstraram apreço, prudência, habilidade e sabedoria. Lembro com carinho do meu avô que gostava de passear tranquilamente comigo e a sua cachorinha 'Fang' na pracinha do bairro ou da minha avó quando falava para não colocar comida demais no prato, pois muitas pessoas não tinham o que comer.
Lições de vida
Ah, cara, que lembranças delÃcia que eu tenho dos meus velhotes... Como é bom quando a gente deu a sorte de ter tido velhotes bacanas na vida. Me dói quem não pôde ter isso. Minhas sobrinhas/inho tão podendo ter vó até perto dos trinta, olha que maravilha? Eu, com mais de 5O, ainda tenho mãe! Juta sorte.
Aà que lindo, Mirian! DelÃcia a Nanci, que bom que ela bebe chope. A minha mãe, que tá perto dos 9O, morre de medo de perder a autonomia - e tá certÃssima. Tá combinado, com minhas irmãs, de nunca ficarmos enrolando a mãe, mantendo-a pendurada em aparelhos, nada disso. Eu torço pra que ela dure mais uns anos, adoro prosear e ouvir histórias. Tô aqui em Londrina faz duas semanas, faço comidas, conversamos e deixo umas sopas congeladas. A cada uma que comer, uma prosinha com suas entranhas.
Sorte sua e sorte dela, de ter um filho como vc. Minha avó materna (só conheci uma) é um anjo protetor até hoje na minha vida.
Pode dizer que mandei um beijo muito carinhoso para ela e que você tem muita sorte de ter uma mãe tão maravilhosa
Cabei de fazer, e comemos, um bacalhau com cará, no lugar das batatas. Uma hora e meia de prosa e lambeção de beiços. Contei pra ela que hoje foi mencionada, e gostou. Ela não lê os comentários, por conta do acesso Uol, mas adorou a sua coluna - que já havia lido ontem, aliás. Vanguardista, a velhota.
É um presente da vida. Aproveite cada segundo de amor, carinho e escuta
Sensacional, já estou indo atrás da série.
Depois me conta tudinho
Ah, verdade, grato da dica! Também fiquei com água na boca - que, pelo visto, chegará aos olhos.
Ah, Mirian... Agora você me deixou com vontade de participar desse chopinho com a dona Nanci.
Estão todos convidados para celebrar a nossa linda amizade
Basta dar o endereço, a Nanci ficará cheia de velhos amigos…
Nanci está te esperando
Hahahahah, botem eu na fita! Hahahah!
Está convidado
Outro dia escutando uma entrevista da atriz Denise Fraga morri de rir: "Toda mulher de 70 anos se olha no espelho de repente e grita: O QUE È QUE ACONTECEU".
Ah, Beth (pra facilitar e porque é simpático) lembrei que, tempos atrás me encontrei com meu pescoço no espelho e tomei um susto: não é que ele fez cinquenta?Inha cabeça, tá nos trinta. Minhas olheiras já haviam avançado mais rápido do que os miolos. Agora foi o pescoço, maledetto, enrugou! Hahaah!
Como não sou mulher, meninas, acho que direi "Debochei, enfureci!" Hahahahah!
Desabrochei, floresci
Adoro suas abordagens. Tenho 70 e só agora percebo que estou envelhecendo. Medo também da finitude. Não quero dar trabalho para ninguém. E mais. Envelhecer é para corajosos!
Envelhecer com lucidez e saúde dá trabalho. Além de muita coragem, muitos fatores não dependem de nós
Elisabeth, a coragem é uma diagramada duma virtude inescapável: pra viver, precisa; se for pra morrer, idem. Digo, pra morrer por conta, pra gente botar fim quando quiser. Eu, não tenho coragem de dar um tiro na fuça, não tenho alternativa senão a coragem da vida. Dia desses, num texto do Ruy Castro, discutia isso com um colega leitor. Envelhecer bem é pr@s fortes: dá trabalho, tá me parecendo. Tô iniciando a carreira de velhote, ainda nos primeiros passos.
Tem que ter coragem
Minha melhor amiga tem 98 anos. Ela sempre me diz: tem que ter coragem
Hoje, no supermercado, encontrei o Sr. T.P. - Noventa e três anos de idade . Estava sozinho, fazendo as compras . Isso no centro da terceira maior cidade do sul do paÃs . Sua esposa faleceu há alguns anos, assim como sua filha , minha antiga colega de escola, que faleceu logo após completar sessenta anos , há cerca de quatro anos .
Óia que bonitinho o seu T.P. xará! Supermercado é vida e desfrute - este último, se houver alguma folga no orçamento. Mas que bom que não foi na farmácia, o ponto de encontro das *malaises*. Se bem que, aqui em Londrina, fui numa comprar remédio pro diabetes - meu e da Mama. Saà de lá medicado, mas com dois deliciosos sorvetes. Comemos numa alegria! Hahahahah!
Meu ponto de encontro com meus amigos nonagenários é o supermercado
lembro também que o sr. T.P. canta no coral da igreja , no centro da cidade, há muitas décadas (seis ou sete ) . E os ensaios são á noite . .
Acrescento que a autonomia também se esvai quando amigos, parentes e celebridades queridas vão morrendo em lotes nos deixando cada vez mais dependente de uma vida a qual pouco pertencemos. Há ainda a quase inevitável perda de renda e o forçoso aumento de despesas, no mÃnimo por novos remédios. Enfim, não é nada fácil fazer da velhice uma forma agradável de viver.
Cabei de lembrar disso, Zé Eduardo, não é nada fácil essa dimensão do empobrecimento e da eventual doença.
Muito muito muito difÃcil
A autonomia é geradora de vida e irmã da autoestima, fonte de prazer. Muitas vezes preciso me policiar para não avançar sobre esta realidade com meus pais (90 e 93 anos) em suas decisões. Ao mesmo tempo a liberdade e autonomia deles é para mim um grande estimulo e motivo de alegria.
Bão demais, né não? Saúde mental e afetiva pra todos. Aqui "em casa", somos três filhot@s pra se regozijar.
Irmã da alegria de viver
É tudo de bom ler este tipo de artigo. Mamãe tem 84 anos e perdeu, de fato, sua autonomia depois de um pequeno acidente, diagnóstico de osteoporose e depressão. Ela, em tese, fragilizou-se, vivendo em oposição a segurança e vontade de viver que teve até os seus 80 anos. Olhando para ela, para Nanci e pensando em 'Navillera', espero morrer viajando, aprendendo francês ou lendo um bom livro, gozando sempre de autonomia. Querer é poder (?)...
Querer é poder ter a consciência da importância de construir caminhos para ter mais autonomia, ao menos no que temos controle
A cada manhã que acordo celebro a dor e a alegria de poder erguer-me por mim mesmo, isto não tem preço. Antes da partida sei que experimentarei os vários tipos de morte que a vida reserva, apenas da última não terei recordações...
A dor e a alegria da autonomia
Meu pai morreu com 90 anos, quando viemos do interior aqui pra capital, meus irmãos decidiram que meu pai não poderia fazer mais nada, porque aqui é muito perigoso e ele já tinha 85 anos, conclusão prenderam ele em casa e ele só viveu mais 5 anos morreu de tristeza, porque era uma pessoa alegre e saudável
Muitas vezes queremos cuidar e superproteger tanto que não percebemos que estamos ameaçando a autonomia
Isso é um conflito e preocupação muito grande nas famÃlias
Autonomia é importante em todas as idades.
Cada pessoa traz dentro de si uma criança interior (CI), bem como um velho interior (VI). Ao virar adulto, alguns se distanciam bastante da sua CI, desse lugar de sentir, de abordar os desafios e de aprender com eles. No caso do VI, muitos entendem que idosos nada teriam para aprender/experienciar, que como a CI deles morreu, então o mesmo se deu com o VI. Mas sempre há quem mostre que a VI e a CI se mantêm próximas, adoram brincar, pular a amarelinha, soltar pipa...
Nossa criança nunca morre
Muito pertinente esse tema querida Mirian! Até porque a perda da autonomia torna a pessoa um alvo fácil de interesseiros e oportunistas de todos os calibres. Dentro e fora da famÃlia. A sensação do fragilizado que pode ser idoso, doente ou afim, é a de total desamparo e menos valia, porque obviamente percebe como as outras pessoas se comportam. Tipo urubus em volta da carniça. Dura, porém, absolutamente real comparação. Infelizmente...
Verdade, querida Gaya. Muito muito triste
Mais uma vez, encantado com os artigos de Mirian Goldenberg. A escolha do tema, a pertinência e leveza com que trata os assuntos abordados, o nÃvel de informação que transmite com eles, tudo isso me leva a sempre procurar seus textos e lê-los com a contrição de quem reza. Parabéns, Mirian. Que venham, da sua lavra, mais artigos do jaez deste.
Hahahah, eita, meu caro, "com a contrição de quem reza" foi lindo! A antÃtese do orientador de uma leitora, que esculhambou a Mirian numa frase idiota qualquer. Quantas vezes eu como algo como quem reza? Havemos de ler assim também!
Esechias, fiquei muito feliz e emocionada com seu carinho
Que triste negligenciar ou abdicar de seus sonhos e perder a chance de tentar realizá-los. Mas antes tarde que nunca, e nunca é tarde para começar imediatamente.
Nunca é tarde
A perda da dignidade, travestida de cuidado é uma das piores coisas que acontece com o idoso, principalmente os lúcidos e independentes em todas as esferas, tenho medo de envelhecer por essas causa. Agora até eu que não conheço sua mais nova amiga, me apaixonei. Quanto a série, não sei em que fase da demência o idoso se encontra, mas ter discernimento de anotar, significa que ele aceitou bem o diagnostico, além de dar a entender, que ninguém o acompanha nas consultas, onde está a super proteção?
A série é emocionante e muito sensÃvel para mostrar os conflitos entre sonhos e controle familiar
Olá Mirian! É uma alegria ler o que você escreve. Transborda amor e carinho. Você tem me ajudado a ser um filho melhor. Amor, cuidado e respeito a autonomia. Minha mãe, de 86 anos, agradece. E eu também. Obrigado!
Por todo esse carinho, amor e reconhecimento que eu procuro, cada vez mais, transformar a minha tristeza em beleza, Antonio. Imaginou o meu sorriso de alegria, Marcos?
Óia que lindo? Até eu dei uns pulinhos (mentais) por aqui, imaginando a carinha da Mirian. Por essas e outras é que cê curte isso, né, carÃssima? E pelas conversas de comadre, como logo aqui acima...
Antonio, fiquei muito feliz e emocionada. Dá um beijo muito carinhoso na sua mãe
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