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Ivo Ferreira
Uma amiga gaúcha entrou numa padaria na Tijuca, Rio, e disse em bom som que queria cacetinhos. A risadagem foi tanta que ela foi embora. Envergonhada e sem comprar nada.
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Raymundo De Lima
Antes de ir a Portugal um amigo me presenteou com o livro do Mario Prata 'Shifaizfavoire: dicionário de português', foi muito útil para entender o portugues de Portugal. Depois acrescentei no livro mais alguns termos que aprendi, inclusive agora ao ler esta bela crônica. Ah, sugiro ouvir/e ver Carlos do Carmo cantando "Os putos"/ As crianças, no You Tube.
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Claudio Goldman
Em 1991, fiquei 8 meses cantando no Casino Estoril, tem umas histórias boas, hahaha... Pedi um durex, começaram a rir, Durex lá é marca de camisinha... procuramos um endereço em Lisboa, estávamos digamos no número 100 e íamos ao 250, ora, é perto, que nada ! Lá não é por metro, um prédio é o 100, o próximo é o 101 etc, andamos quilometros ! Pão é cacetinho, descarga é autoclismo, ônibus é autocarro... Dissemos que íamos tocar num sítio, meu colega músico ficou todo animado, mas sítio é lugar...
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Marcos Benassi
Hahahahah, não é sensacional? E achamos que é simples, é a mesma língua... Hahahah! Carregar no autoclismo é muito mais emocionante do que dar uma descarga, ora; ponto do busão? Não, a paragem do autocarro! É até mais confortável! E o frigorífico?! A geladeira ficou até mais fornida. Hahaah!
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Marcos Valério Rocha
Esses desencontros da língua se vêem aqui no próprio Brasil. Um fato veridico acontecido no Planalto Central. Um conhecido veio perguntar onde é o "Forró do Jessu" anunciado em vários lugares, para ele ir curtir e dançar. Fui ver era anúcio de Casa de Materiais de Construção onde tinha forro de gesso para o teto.
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Marcos Benassi
Hahahahah, xará, meu caro, tem aquela do milico Presidente (terá sido o Costa e Silva?) que ficou espantado com o quanto era operosa aquela estatal Emobras, após ver um monte de cartazes escrito "Em Obras"... Hahahah, pode ser só anedota, mas que foi boa e plausível, mmmmmm, foi. Depois do Bozo, então...!
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Anna Amélia Meule
Também morei um ano na Bahia. Hoje entendo que muito o que se fala na Bahia é parecido com o que se fala em Lisboa. O interior de Minas Gerais também expressas que são usadas do mesmo jeito em Lisboa. Por exemplo, algo que é incomum em São Paulo é uma mulher cumprimentar a outra dizendo 'tá boa?' ou 'tás boa?' - e isto é a norma tanto no interior de MG como em Lisboa. Então, paremos com os preconceitos linguísticos.
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Anna Amélia Meule
Morei um ano em Portugal. Adorei cada dia em que lá estive. Certa feita, o meu amigo de Lisboa e eu fizemos uma viagem pelo país. Ele que sempre se apressava a querer interpretar o que os outros diziam e que ele julgava que eu não fosse entender, esse meu bom amigo mesmo, num belo dia em que entramos num pequeno estabelecimento, ele não conseguia entender (perceber, como dizem lá) o que o senhorzinho alentejano lhe dizia. Fui mesma que tive de "interpretar" hahahahaha
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Anna Amélia Meule
Sim, Marcos. Delícias.
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Marcos Benassi
Olha, Anna, já que você falou de Minas, fico pensando cumé que um português pode se virar num cafundó, perguntando caminho: "ah, é facim, cê vai'qui, depois peg'direi e segue lá, ó, chegô. E um tirico!" Onde é que o infeliz vai parar, Jesus Amado? Hahahahah, Minas e Portugal são uma delícia, vale a pena a gente se perder e.nao entender nádegas! Demais da conta!
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Marcos Benassi
Ahhhh, Ricardíssimo, pra nós é irresistível essa lida do Tuga com o português, é muito pitoresco. Acho que foi em Braga, fui comprar fumo e sedas (aos brazucas: lá, fumo é tabaco, eu não tava numa biqueira), e a velhota me atendeu meio rude, estilo minhoto. Me deu o fumo, ao pedido de sedas soltou um ríspido "Naum téim" e passou pro próximo cliente. Orra, Mano Pereira, como não tem sedinhas, numa tabacaria? Levou uns minutos pra entender: eu queria "m'rtalhaix", mortalhas. Eu ia fumar defuntos.
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Marcos Benassi
Ah, trabalhar com amor e gosto, é muitíssimo melhor! Coisa a que um professor até pode se dar ao luxo, mas não será a mesma coisa... De todo modo, remuneração digna, sempre! Respeito ao trabalho e à pessoa é fundamental. Acho um horror a gente chamar alguém de filho d uma... Não é uma cara-de-pau enorme? Ora, olhe-se no espelho, freguês! Hahahahah, os anglófonos, com seu motherfu... são mais objetivos, creio: f... a mãe é realmente ofensivo.
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Joana Coloma
:) Marcos, tentei escrever isto antes, mas queriam que fosse moderado... Agora falando a sério... Na verdade, não é crime ser rapariga... E sobre ser uma biscate (desconhecia a expressão)... com vontade é melhor do que sem, não é? Bom domingo
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Joaquim Rosa
Achei meio fraco. Estive em Portugal por uma semana recentemente e nada de extraordinário vi ou ouvi. Se mantiver a mente aberta, tudo será absorvido de forma natural.
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Marcos Benassi
Ah, meu caro, é adorável quando a gente, ou dá "sorte", ou mora por lá um tempo, e pode apreciar a coisa. Décadas atrás, numa viagem em que Portugal era passagem, no dia seguinte à minha chegada, saí em Lisboa andar a esmo. Dia lindo, eu tava encantado; uma senhora elegantérrima com seu netinho brincando no parque, coisa linda. De repente, a velhota grita pro moleque "oh puto, tira o Ú da relva!" Cara, Juta susto! Tava quase que uma pintura renascentista, foi um choque linguístico e tanto! Haha!
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Maria Clara Araújo de Almeida
Só pra constar: o uso de "sempre" como na frase citada por P'reira ("Sempre vais mudar de casa?") também é corrente em alguns estados do Nordeste. Avise pro Duvivier.
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Helio Cardoso
Caro Ricardo, só estou a perguntar e não perguntando, por que em Portugal não se usa o gerúndio?
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Jaqueline Mendes de Oliveira
Que delícia de texto!
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Ricardo Arantes Martins
Quando era pequeno o Brasil tinha cerca de um milhão de portugueses e eles conversavam entre si as dificuldades que tiveram ante a essa diferente forma de falar entre as nações. Um deles contava que foi trabalhar num bar e lhe pediram um copo de água e ele foi lá e deu um copo, sem nada. Não tinham pedido um copo "com água". para o brasileiro parecia que ele tinha sido pernóstico, mas ele realmente entendeu que o cliente queria apenas um copo. tinham muitas histórias análogas. Comunicação
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Ricardo Batista
Texto agradável! Outro dia me ensinaram o que é bué (muito). E que, em Portugal, fazer um bico não é exatamente fazer um pequeno trabalho.
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Marcos Benassi
Hahahahah, essas trapalhadas linguísticas obscenas são excelentes! Fui perguntar pra umas colegas onde é que eu encontrava um "paneleiro" pra arrumar a alça de uma caçarola. Deram gargalhadas, "pois há paneleiroix à farta cá meixmo na universidad'". Evidentemente, eu não precisava procurar - nem pagar por - bbbiichonas, realmente havia muitas à disposição. Essa foi só uma das muitas vezes em que fui piada com meu brazuquês. E os Tugas são sarristas pacaramba... Hahahah!
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Joaquim Rosa
Biscate, eu uso para me referir a um pequeno trabalho prestado a outrem mediante pagamento e também para me referir a Débora Seco. Espero que ela não se ofenda, mesmo porque a própria se diz.
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Joana Coloma
:) em Portugal, um pequeno trabalho é um biscate.. e muito, no norte do país, é tótil.. e também temos uma palavra curiosa para pregadeira (desculpe se já sabia, mas sou portuguesa e ainda acho engraçado)
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Luiz Mario Vieira Souto Leitão da Cunha
No Brasil, pois não quer dizer sim; e pois sim! significa não.
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Wilson Barbosa Soares
Quando eu trabalhava em um banco atendi um cliente que queria fazer uma operação bancária e eu respondi educadamente: "Pois não". Antes que eu pudesse solicitar os dados da transação ele deu um passo para trás e berrou: "Não por quê?! Eu tenho o dinheiro, tá"?
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Joana Coloma
Adorei a crónica! Não consigo explicar bem porquê, mas adorei! Obrigada. Já estou à espera do Isto é Gozar Com Quem Trabalha de amanhã, e do podcast Coisa que Não Edifica nem Destrói, no dia 13! Sobre as histórias que o Gregório Duvivier conta do Português em Portugal... aqui em casa ainda dizemos muito Eu se fosse a si, para ir para ali não ia daqui :)
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Marcos Benassi
Joana querida, se há um treco bonito nesse mundo, é uma tal de língua portuguesa. O Tuguês, o português lusitano, é uma delícia, nesses "quadris duros" de vocês, um português falado que se aproxima do escrito. Assim como deve ser divertido ver o que fazemos cá em brazuquês, com nosso molejo que quebra regras. Meu chefe Tuga, quando vinha ao Brasil, dava gargalhadas com nossos nomes criativos, que juntam pai com avó e a menina é batizada Joseclélia. Marisilda. Robertildo. Sai cada coisa... Hahah!
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Joana Coloma
Hahahaha, Marcos, há pelo menos um país do mundo em que a falar a mesma língua consigo ainda pôr mais o pé na poça do que aqui, percebo agora :) Essa história do Gregório Duvivier é hilariante! Se encontrar um vídeo dele a contar partilho
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Marcos Benassi
Ah, essa sua "Eu se fosse a si, para ir para ali não ia daqui", é sofisticada, pô: quero ver que brazuca passa incólume por ela, em tempo real. Eu, me enrolava todo! Hahahahah!
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Marcos Benassi
Hahahahah, essas confusões linguísticas são excelentes! Essa do "biscate" tem uma outra, correlata, Joana: "rapariga", que aí é somente "uma moça", aqui é (ou era, porque é termo em desuso) também "uma biscate". Mas é bom que fique clara a sutileza: uma "rapariga" era uma meretriz, uma profissional; poderia ou não ser "uma biscate", que se refere mais precisamente à moça que gosta muito evidentemente (ou em demasia) da coisa. Ah, as sutilezas da língua! Hahahah!
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