Sérgio Rodrigues > Quando a etimologia se faz poesia (2) Voltar
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Há um tempo estava lendo o Dom Quixote em espanhol, que tem pdf gratuito na internet, e num certo trecho o herói topava com uma fila de criminosos condenados, 'com suas esposas'. Achei meio estranho, até perceber que eram algemas. O fato dos espanhóis associarem essas duas palavras talvez revele a visão que tem do matrimônio...
Viva a etimologia! Verificando o uso de "explicate" em inglês, descobri que sua origem latina, "explicare", significava "botar as dobras para fora", imagem sensacional do processo da explicação. Gostei muito do texto; foi muito legal aprender que "coito", "biscoito" e "coitado" são falsos cognatos.
Reazione a Catena
Muito interessante! Só outro dia me dei conta que, os termos czar da Rússia e kaiser da Alemanha, derivam do tÃtulo imperial 'César' da Roma antiga. E hoje fiquei sabendo que a palavra tchau vem do italiano schiavo (escravo). No sentido nosso de 'estou à s suas ordens'. Vivendo e aprendendo. Mas muita coisa eu esqueço.
Ana Maria, Ricardo tem razão. Eis o que diz a Encyclopaedia Britannica, em tradução livre: "Mas o nome de César, [...]. Mesmo as pessoas que nada sabem sobre César como uma personalidade histórica estão familiarizadas com o nome de sua famÃlia como um tÃtulo que significa um governante que é, em certo sentido, exclusivamente supremo ou primordial - o significado de Kaiser em alemão, czar nas lÃnguas eslavas e qaysar nas lÃnguas do mundo islâmico."
Eu também não sabia dessa origem do termo "tchau" (ciao em italiano). Contudo, já tinha conhecimento de que os alemães, principalmente da Bavária, usam o cumprimento "servus", vocábulo latino que tem o mesmo significado de escravo. Ele tem até entrada própria no "Duden Deutsches Universalwörterbuch", talvez o melhor léxico de alemão. A Ãustria, que fala o alemão com sotaque bávaro, também o faz. Pode ter uma origem comum.
César é nome não é tÃtulo. Caeser, palavra latina. Você não vai encontrar traduções de latim na internet, já que latim é uma lÃngua morta e somente ministrada em aulas para um público acadêmico e de escolas de nÃvel médio muito conceituadas.
Uma curiosidade que tenho é.como que a palavra 'escatologia' pode se referir a coisas aparentemente tão incongruentes, de um lado um sentido elevado, de santo, e outro tão baixo, relativo a excremento. Consegue explicar? Abs e parabéns pela coluna, gosto muito.
No intuito de colaborar com a sua pergunta, tenho a dizer que o aportuguesamento, ou a transliteração para a lÃngua portuguesa, levou a esse equÃvoco. Os radicais gregos ficaram homógrafos.O étimo grego da palavra escatologia é "eschátos"= fim, último, enquanto que o termo "skór, skatós" significa esterco e similares. Infelizmente, a postagem dos comentários impede-me de grafar a escrita dessas palavras no alfabeto grego. Escatologia é o estudo do final dos tempos. A 2ª acepção vc sabe o q/ é.
Iecur vem de ignis-fogo. O fÃgado na antiguidade era a fornalha do corpo. E a bile era elemento corpóreo relacionado ao fogo. Viva Isidoro de Sevilha!!!
Na atração dos corpos - a gravidade - provoca um grave acidente - a gravidez.
Na atração dos corpos - a gravidade provoca um grave acidente - a gravidez.
Quando se usa atalhos na explicação da vida das palavras podemos ter surpresas. Os números que usamos hoje são frequentemente referidos como numerais arábicos, mas isso é um termo inadequado. Os árabes aprenderam o sistema dos hindus e o levaram para a Europa. Deveriam ser chamados de numerais hindu-arábicos. Os hindus tinham um sÃmbolo para o zero, pois o vazio era importante na filosofia hindu. É preciso evitar más explicações da vida das palavras.
Prezado Francisco, num artigo de Lucas Eduardo Todt Machado, de quinze de julho de dois mil e vinte, portanto século XXI, lemos " A história dos algarismos hindu-arábicos com o cálculo". Portanto a versão hindu-arábicos é a preferencial em relação à grafia indo-arábicos. Em inglês também preferimos hindu-arabic. O artigo do Lucas foi publicado na USP. Número USP onze milhões, oitocentos e vinte mil, setecentos e onze. O jornal censura utilizarmos algarismos.
Atualmente são chamados de indo-arábicos. Incluindo o zero. Assim aprendi no colegial no anos 60 do séc. XX.
Excelente, como sempre!
O Cesar que deu origem à cesariana foi o Nero, não o Julio, não? Mas adorei a mania dos adjetivos de se substantivarem.
Cesário foi o filho de Júlio César com Cleópatra e nasceu através de um corte no abdômen para a realização do parto, daà o nome de cesariana. Dizem as más lÃnguas que era filho de um escravo com a rainha do Egito. Quanto à crase, podemos dizer que houve um excesso, chegando a gerar uma hipérbole. Quanto ao adjetivos substantivarem, o artigo o é imprescindÃvel vir antes do adjetivo substantivado e talvez o advérbio vim em seguida para caracterizar o verbo a que se refere talvez ao predicativo.
Há um purismo exacerbado grassando no mundo no puro estilo Febeapá (festival de besteiras que assola o paÃs) de Stanislaw Ponte Preta. Apenas porque o étimo do termo "Ãndio" remete à Ãndia, acham o termo "indÃgena" mais apropriado. O termo "escravizado" é preferÃvel a "escravo". Que mal há numa associação aos eslavos? São poucas as palavras, em qualquer idioma do mundo, cujo significado atual mantém uma fidelidade etimológica. Há casos mais bizarros como escurecer ao invés de esclarecer...
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