Vera Iaconelli > Aos que ficam Voltar

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  1. vera iaconelli

    Muito interessante a discussão que se desdobrou aqui. Considero o suicídio um direito inalienável de cada um de nós. Acho inclusive que o respeito desse direito é uma condição para escutarmos a pessoa que diante do dilema. Ainda assim, buscamos uma reflexão a mais, pois a vida pode nos surpreender e se revelar promissora novamente passada a tormenta, principalmente entre crianças d jovens, mas não só. Não há caso genérico, cada um é único. Abraço a tods

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  2. PAULO ROBERTO SCHLICHTING

    Gostei muito, necessário o registro. Poucas linhas abrangendo tema denso. Parabéns pela objetividade.

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  3. Marcos Benassi

    Vera, minha cara, a forma como a folha encerra os artigos que tratam do assunto é sintomática do viés: "onde buscar ajuda?" Uai, e se sujeito só quiser ajuda pra morrer em.paz, tem? Porque a vida é muito desigualmente boa, e há não poucas que são muito ruins, pelos motivos mais diversos. Acho muito interessante que não se admita a morte como um recurso para findar o sofrimento - claro, quem vive está discutindo *o seu sofrimento*, o de perda. Mas não é esquisito negarmos o direito à escolha?

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    1. Marcos Benassi

      Colegas, botaram o dedo na ferida, hein? Daniela, esse seu ponto - pelo qual o Raymundo passa, em seu relato - é um negócio fundamental: e se for só uma questão de experiência? Vivendo mais 1O anos, a escolha poderia ser outra... Todavia, o que lhe custará vivê-los? Não há métrica minimamente objetiva pro sofrimento. Suponho que aquilo que é *intolerável* o bastante pra impulsionar a auto-morte seja-o desde agora. Olhando de fora, realmente a gente não tem noção do que ocorre às pessoas...

    2. Raymundo De Lima

      Exato. Marcos, você me faz lembrar de um curso de prevenção ao suicídio q mininstrei no numa instituição superior no Rio de Janeiro. No primeiro encontro um aluno desistiu, me disse que pensava ser um curso para saber 'como fazer certo o ato extremo'. Ele temia errar o alvo. Ou seja, ele ficou decepcionado de o curso ser preventivo ao suicídio.

    3. DANIELA Krause

      Alias, estávamos sentindo falta dos teus comentários aqui e na Tati Bernardi.

    4. DANIELA Krause

      Marcos, o viés religioso é muito forte, por isso a nao aceitação do suicidio como porta de saida do sofrimento. Fôssemos todos ateus e a discussao seria de outra forma. Acho q o suicidio de gente jovem é muito mais comovente, porque talvez a pessoa nao tenha tido tempo de aprender a lidar com a sua dor.

  4. João A Silva

    É um assunto denso demais para ser circunscrito em parâmetros rígidos. Me impressiona a forma rasteira e pretensiosa como alguns o julgam. Existe a opção, que deveria ser totalmente livre e aceita, daqueles que se encontram em situação de sofrimento sem retorno, causada por doenças ou pela idade avançada. Para tentar entender os que fazem a escolha, mesmo tendo "toda uma vida pela frente", sugiro a leitura do maravilhoso "O Demônio do Meio-Dia"[Andrew Salomon], obra linda, marcante e profunda.

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    1. PAULO ROBERTO SCHLICHTING

      Excelente dica. É uma extensa lição sobre a depressão e as possibilidades de vencê-la.

    2. DANIELA Krause

      Esse livro deveria ser lido por todos que lidam com depressao, sua ou de gente proxima. Tem um relato de uma mae ouvindo a filha cantando no chuveiro que eu lembro até hoje, mais de 20 anos depois de ter lido o livro.

  5. Davi Oliveira

    O artigo é extremamente simplório nesta abordagem psicanalítica do suicídio. O suicídio pode ser uma decisão (por exemplo, diante de uma doença inexorável), mas no mais das vezes, mostra a ciência, há um incontornável processo biológico de depressão profunda, um processo que medicamentos ainda não conseguem amenizar, uma situação de profunda tristeza que advém não de uma escolha, nem de traumas nem de relações conflitivas, mas da incapacidade do corpo de produzir sensações prazerosas de viver.

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    1. João A Silva

      De pleno acordo com a Daniela. O artigo toca de forma delicada na necessidade de se abrirem portas de diálogo para os que se encontram em extremo sofrimento.

    2. DANIELA Krause

      Nao achei simplorio. Tentar explicar o suicidio como um mero desequilibrio biologico é que me parece mais uma busca de consolo e/ou explicação. Nem todo suicidio advem de um processo depressivo.

    3. marcelo silveira

      Parabéns Davi, bela explicação.

  6. Rachel Matos

    Descobri numa situação de suicídio de um amigo querido, que essa decisão é tomada em situação de extremo individualismo. O suicida não considera o outro, que ficará destroçado, não há empatia, falta afeto. A atitude suicida não cabe em uma sociedade em que o coletivo prevalece. Nessa, por maiores que sejam as dificuldades, o indivíduo está compromissado com o grupo a que pertence, é responsável pelo outro. Aprendi com um terapeuta com vasta formação antropológica. Acho que estava certo.

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    1. Marcos Benassi

      Bem, prezada Rachel, nessa sociedade que você aponta, se o coletivo não quer esse sofrimento, deveria haver apoio ao sofredor primevo, o suicida. Não creio que isso aconteça de modo efetivo - isto é, na forma de estímulo vital continuado, não somente emergencial.

    2. fabio saraiva moura

      " Aprendi com um terapeuta com vasta formação antropológica. Acho que estava certo." Dona Rachel, que falta de empatia, que simplicidade ao atribuir egoísmo ao suicida, que não quer morrer, quer apenas se livrar do sofrimento....Fuja deste "terapeuta" que não aprendeu nada com a antropologia!

    3. DANIELA Krause

      Muitas vezes o suicida trm a fantasia q os outros ficarao melhores sem ele. Q é uma desculpa, eu acho, para conseguir levar o projeto suicida adiante.

    4. DANIELA Krause

      O depressivo nao consegue considerar o outro. Faz parte do processo.

    5. Stephanie R

      Mas nessa situação a recíproca deve ser verdadeira, o coletivo deve parar para ajudar o indivíduo. Talvez seu amigo não morava nesse tipo de sociedade.

    6. Davi Oliveira

      Empatia zero sua, hein? "O suicida não considera o outro, que ficará destroçado" é um dos raciocínios mais infelizes que já ouvi e li na vida. Você não consegue sequer imaginar a extrema solidão e tristeza de uma pessoa que cogita suicídio até chegar à decisão extrema?

  7. Marcelo Molinari

    Desconfio que se sabe muito pouco sobre a necessidade e prática do ato para ser tão taxativo, como o foi a articulista, sobre a hipótese, bem forte, é verdade, de inexistência de condições do sujeito para se haver com os desafios que lhe são impingidos na existência e na vida.

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  8. antonio ferreira da costa neto ferreira

    Não vou comentar mais nada. A censura não acabou.

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  9. antonio ferreira da costa neto ferreira

    Estamos aqui em provas e expiações, segundo a doutrina espírita.Essa atitude é uma antecipação do tempo programado, mas todos temos várias existências passadas, por isso, estar aqui encarnado é para refazer os equívocos anteriores e, então, vamos e voltamos para evoluirmos sempre até atingir uma purificação que nos leve a orbes superiores.

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    1. fabio saraiva moura

      Para quem acredita, né! e quem não acredita???

  10. Ricardo Batista

    Texto muito bem escrito, conquanto pungente. Três décadas atrás, um vizinho meu se enforcou. Que dó da mãe dele no enterro! Tão ou mais triste foi uma reportagem que vi sobre crianças desaparecidas. Uma mãe narrou que, num segundo de distração, levaram-lhe a filhinha de seis anos no metrô Praça da Sé. Isso tinha sido há quase vinte anos, e ela disse que, toda vez que abrem a porta, imagina a menina retornando. Uma dor dilacerante o não saber. Como tem gente ruim no mundo!

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  11. MILTON DOLL

    Estranho... o suicídio nunca é visto como um direito.

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    1. Marcos Benassi

      Poi Zé, tô contigo.

    2. fabio saraiva moura

      Perfeito. Falam tanto no livre arbítrio, mas basta a pessoa pensar em suicídio e os moralistas religiosos caem matando. E quem não quer simplesmente mais viver...quem acha que já deu, não tem mais disposição, não aguenta mais a pressão de uma sociedade desigual, massacrante e injusta, profundamente INJUSTA, baseada no CAPITALISMO, onde o MERCADO nos torna marionetes fadadas ao fracasso ou ao sucesso.

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