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"Não aceitar carona e bala de estranhos", "olhar para os dois lados antes de atravessar a rua", são aprendizados clássicos, atemporais, que infelizmente hoje os adultos se esqueceram e culpam a violência dos dias de hoje (que não é algo tão recente como se pensa o imaginário comum) e os dados da violência no trânsito, muita gente atropelada ou envolvida em acidentes de carro porque simplesmente só olham um lado da rua antes de atravessar e não os dois lados.
Minha vó era benzedeira,dessas benzedeiras indÃgenas . Ela era muito branca ,olhos claros mas que se casou com meu vô que era Ãndio . Me lembro uma vez ela benzendo um bebê ,e mexendo a boca ,falando alguma coisa que não consegui escutar ,parecia que ela estava num transe . Era muito sabia ,como a maioria das mulheres. Tenho saudade dela ,do meu vô e de todos do passado ,a maioria já se foi
Carlos Magno e os 12 Pares de França foi meu primeiro livro, emprestado de Luiz Gonzaga Tavares. Gostaria de tê-lo como dote, mas meu avô precisou dele para doar a outra pessoa. No primário, Felisberto de Carvalho foi a referência por dois ou três anos. Da classe social em que os adultos não costumam ler, mais raro, na idade em que eu estava. Por isso, ficou só a lembrança daquele herói que se chamou Roland, porque, ao nascer, num declive geográfico, saiu rolando ladeira abaixo.
Considero minha infância uma das últimas a testemunhar um pouco da sensatez humana. Das muitas brincadeiras nas ruas hoje perigosas. Do gosto pelo simples ato de conversar, hoje impossÃvel diante da tela do celular que nos cala. Da esperança no futuro que hoje tentam nos retirar parlamentares que deveriam nos representar. Sinto falta de respirar a liberdade plena que a bandidagem nos tirou trancafiando-nos em nossas casas.
Qdo eu era criança, minha avó paterna, a única que conheci, repetia vez por outra: com fogo e água não se brinca. Jamais me esqueci disso. O ensinamento de minha avó me livrou de inúmeros perigos por toda a minha vida até hoje. Mulher sábia e mto sagas, minha avó foi substimada como a imensa maioria das mulheres de sua geração, infelizmente.
Lembro de ter ido ao teatro, pela primeira vez, aos oito anos de idade, levada pelo meu pai. Morava em Uberlândia e, Fernanda Montenegro estava na cidade com a peça Dona Doida. É uma lembrança que trago até hoje pois, através do meu pai, aprendi a gostar da Arte e da Leitura.
Ainda no curso primário, no final da década de sessenta, ir sozinho , na rua, para a escola . Meus filhos, trinta anos depois, eram levados de carro, pela mãe.
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