Hélio Schwartsman > A armadilha da identidade Voltar
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Alguém já disse que apenas os gênios enxergam o óbvio. O autor basicamente resgata a ideia central das revoluções burguesas do século XVIII: a ideia de cidadão. Não por acaso, a carta constitucional brasileira de 1988 é conhecida como "Constituição Cidadã". E não se trata de "apagar diferenças", como já concluÃram alguns apressados, mas de ir além delas, resgatando um humanismo que foi sendo trocado por outros "ismos", notadamente o consumismo e agora esse tal de identitarismo.
O pai de todos os identitarismos é o nacionalismo. A identidade de raça ou de gênero tem algo parecido com as independências nacionais. Talvez seja utopia achar que se pode ir contra essa tendência à formação de grupos e sub-grupos sociais.
E não diria só o nacionalismo, pois a independência ainda tinha traços de união, sem classificação de grupos especÃficos e causas individuais. Hoje a classe popular se convence da ideologia neoliberal e fomenta esse identitarismo que visa exclusivamente a participação no Mercado e em espaços que eram anteriormente reservados à classes de cima da pirâmide.
Também concordo.
Gostei do artigo e da ilustração da Anne. Ficou uma ilustração linda para o tema. Uma boa leitura de domingo. Os argumentos de Antônio Risério, e outros autores, vão na mesma linha de Yascha Mounk.
Espero que não precisemos lutar contra ETS para percebermos que somos um time.
Ah, era bem capaz de funcionar... Em Roliúdi, funfou. Tinha o Tom Cruise, né? O original, tá vivo e pulando morro de moto, parece. Mas eu passo.
Em matéria de identitarismo e bolhas , a internet e a imprensa (folha inclusa) vem aperfeiçoando a prática de usar de grupos , e fomentar arruaças para defender a corrente neo liberal.
A polÃtica identitarista não é o único meio de inclusão social. A Europa Ocidental consegue um bem estar universal num primeiro momento mas agora tem a questão dos imigrantes. Mas sem dúvida uma polÃtica pública séria, de médio e longo prazo se faz necessário. Cá no Brasil é exemplo, onde o preconceito social talvez seja maior que o racial e de que nada adianta polÃticas nesse sentido enquanto governos forem extremamente corrupto com o que temos
Vc começou mal, o articulista termina dizendo que e simpático ao universalismo.
É ótimo acordar todos os dias vivendo sonhos de felicidade geral, mas isso pode ser apenas um vÃcio e cegueira necessárias para o conforto pessoal. A primeira vez que ouvi falar de polÃtica de quotas achei má ideia, em si segregacionista. Só depois entendi como necessária ao menos para uma transição. Só depois vi como a estrutura vigente oculta a realidade das vistas dos acomodados. Os invisÃveis tem por direito vital serem vistos.
Perfeito. Mas infelizmente , no identitarios da direita essa tomada de consciência eh rara. E muitos crêem mesmo, e sem base fática nenhuma, na meritocracia e outros desvios sócioeconomicos comportamentais.
Recomendo um livro com mesmo tÃtulo, mas de outro autor: Asad Haider. Acho q ele esclarece algumas coisas e não é tão paz e amor como o da obra apresentada na reportagem.
Também recomendo o livro de Asad Haider ("A armadilha da identidade", Veneta, 2019), que talvez antecipe o que Mounk diz. Outra obra importante sobre esse assunto é "O progressista de ontem e o do amanhã" de Mark Lilla (Cia. das Letras, 2018). Para (não) variar, os gringos estão à nossa frente também aÃ.
Ôôô, grato, minha cara
Argumento convincente? Para mim ele é absolutamente óbvio. A cisão entre raças, sexos e opções afetivas ao contrário de integrar, divide, gera ressentimento, fortalece o antagonismo. A melhor forma de combater à discriminação é a premissa de que "todos são iguais". Que tal combatermos a desigualdade e as injustiças sociais criando grandes projetos para o saneamento básico e para o ensino fundamental e médio profissionalizante? Estas são as principais formas de promover a inclusão.
Concordo em tese. Mas na prática como ponto de partida, eh preciso mais que " todos são iguais" . Até mesmo a criação pura e simples de grandes projetos, se não for precedida de algumas providências inclusivas, ficará na pedra fundamental. E isso temos aos montes no Br.
combater a discriminação....
Bem, caro Hélio, justo agora que tô começando o "Latim em pó", cê bota esse livro na fuça? Confesso que contém mais urgência, dado o contexto da litigância generalizada, inclusive cá mesmo em nosso território. Eu, adepto das reparações pretendidas por polÃticas de inclusão, fico curioso acerca desse blá, se consistente como você o assegura ser. E, curiosamente, a ilustração da Annette é também "argumentativa": a idéia de movimento na mistureba é muito mais sedutora do que a pizza estanque.
Acho eu não me fiz entender, não acredito seja excludente, o direito de grupos ou a luta da maioria contra uma ultra minoria no poder. Seria como ter de escolher entre lutar pelos direitos dos negros, ou dos Ãndios, ou..., ou pela exploração dos bilionários no poder, que afeta a todos. Acho a gente consegue não se fixar em apenas um objetivo, fica monótono, seria como ouvir a Ivete continuamente, afinal não dá pra ouvir duas músicas ao mesmo tempo.
Uai, Gilberto, essa é uma boa idéia. Falta marquetingue, né? "Fal nos Bi", "WW0: the true war". "Ê, ê, ê, todos contra o miserê", canta Ivete Sangalo em cima do Tanque Elétrico. É, talvez seja melhor me botar cavando trincheira e outro escreve a latomia revolucionária. Hahahahah!
O momento para a apresentação da tese é claro. Se pode lutar por direitos de grupos, sem a necessidade de se colocar uns contra outros, o que é fomentado pelo poder dominante. Não se pode esquecer da união de todos, do grupo maior, contra a miséria, cuja responsabilidade recai sobre um pequeno grupo, dos ultra poderosos bilionários, muito evidente no Brasil..
Belo texto, retomando a única fórmula válida. Não é só Mounk que tem ressaltado essas limitações (e outras mais) das narrativas identitárias, os males que vem causando (vide a ode ao Hamas) aqueles que dizem defender e o rastro sectarista que deixam em seu caminho. Infelizmente, são condenados pela sua ponderação. Vai ser interessante ver o que Mounk conseguiu encontrar de positivo em Kendi, um senhor exercÃcio.
Esperemos que sim, Marcos. Temos que manter o diálogo, ainda que desconfortável, aberto, pois somente assim chegaremos ao entendimento e reduziremos o sofrimento. Não esquente, também tenho minha cota de asperezas, não leve a mal.
Lembrei-me de você, Alexandre, ao ler o artigo: fui até meio grosseiro dia desses, mea culpa, e talvez o livro sustente teus pontos de vista melhor do que é possÃvel fazê-lo aqui nos minúsculos espaços de discussão. Enfim, parece que sempre cabe mais reflexão, não menos - pode até ser que o resultado seja o mesmo, mas será mais consitente.
Simpatizo com a coluna e o pensamento do autor analisado. O identitarismo tem teto porque a antipolÃtica é seu limite e calcanhar de Aquiles. Na incapacidade de construir consensos mÃnimos, é uma máquina de forjar partÃculas elementares que não dialogam entre si; e por isso chegam a lugar nenhum. Lacram, mas não logram êxito em fazer avançar as pautas que dizem defender, com barulho - basta ver a violência que se abate sobre os grupos vulneráveis. Excelente texto!
Claudio, prezado, nem toda polÃtica abertamente compensatória é "identitária" em sentido pejorativo, pelo que entendo, quanto mais um fracasso em termos de "consenso mÃnimo". P ex, há um "consenso mÃnimo" expresso na prática das corporações policiais de abordarem mais pretos do que brancos; também nas penas aplicadas, vide sentenças de tráfico X quatdes apreendidas: brancos tendem a ser "consensualmente" usuários. PolÃticas de esclarecimento policial são "identitarias", no mau sentido?
Claudio, prezado, nem toda polÃtica abertamente compensatória é "identitária" em sentido pejorativo, pelo que entendo.
Ótima a analogia com as partÃculas que não interagem, é bem por aÃ.
Excelente texto,Hélio! Vejo pelo prisma que o identitarismo não só não combate o racismo mas tende á sua multiplicação, a pergunta é, quem ganha com a fragmentação da sociedade, em especial da classe que vive da venda da força de trabalho? Com certeza não são os trabalhadores, mas aqueles que os querem fragilizados!
Meu caro, queremos chegar lá! Se pela estrada principal ou pelos "atalhos", vamos descobrindo no trajeto, temos disposição para isso!
Ah, meu "ou/ou" não ficou claro: entendo que a luta de classes É o enfrentamento direto, via polÃtica ou via tabefe. E que aquilo que se defende como "polÃtica unificatória", "não identitaria", é o contorno, a comida pela beirada. De todo modo, quero ouvir: vai que? Já botei o seu Yasha na fila.
Caro Benassi, como acredito que a luta de classes não é saci Pererê, fico a perguntar o que o amigo chama de enfrentamento direto, eu na minha ignorância acredito que comer pelas beiradas só engorda poucos, que vão se nutrir tanto, importando quase nada, com os que vão ficar com fome, tivemos uma derrota no macro, é verdade, porém a luta vai continuar, o tempo histórico, tão negligenciado pelos que acreditam no saci, já mostrou isso milhares de vezes !
Poi Zé, Celso, interessantÃssimo, isso: se o seu Yasha, nesse conjunto argumentativo, der conta de mostrar que a luta de classes, ou inexiste, ou tem saÃda melhor do que o enfrentamento direto, será uma grande coisa, né não? Exemplo flagrante: crasse mérdia opinando contra taxação de fundos exclusivos. Ora, ela é absolutamente distinta do verdadeiro rentista; somente no blá ultraliberal é que ela pode remotamente ser prejudicada. Sem luta, quem se beneficia?
Mounk está certo. Não deveria ser necessário escrever um livro sobre isso, ou mesmo discutir. Isso era o senso comum até muito pouco tempo atrás. Só idiotas não vem a relação entre o crescimento do identitarismo, que decolou como politicamente correto na década de 90 após a queda da URSS, e ascensão de Trump e Bolsonaro. O “nós contra eles” do amado lÃder petista. Na falta de um inimigo externo unificador a sociedade americana e ocidental vêm esfacelando a coesão no altar woke
Bem, a venda de cigarros diminuiu muito a partir dos 9O, e a Honda tomou praticamente todo o mercado de motocicletas no paÃs. Qual a relação causal? Politicamente correto como fenômeno paralelo à "democratização" soviética, daà decorrendo Bozo e TrAmp, sei não, parece um salto inferencial e tanto. Tipo pulo no abismo da Terra Prana. Evidentemente, posso estar errado, mas...
Parece que os autores, do livro e do artigo, dão preferência a uma teoria, ou a ideologias da extrema direita, em detrimento de fatos e da história das últimas décadas e séculos. Senão veja-se as distribuições de renda, de população carcerária, de polÃtica tributária, e por daà vai. Tão óbvia como a ideia de humanismo universal, é a sua mais completa ausência na vida real.
Poi Zé, caro Zé TarcÃsio, tenho estranhamentos com a argumentação. Mas, se entendi direito, não é uma explicação histórica, como uma "teoria do identitarismo", mas uma proposta de solução: para as questões derivadas das desigualdades, melhor combatê-las de outra forma que não as "maneiras identitarias".
Bom, se queria provar que Mounk está certo, conseguiu.
O humanismo saiu de moda, mas esse fato pode ter um caráter cÃclico, de modo que, daqui a algumas décadas, ele ressurja com força total.
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