Ruy Castro > Tudo virou MPB Voltar
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Meio estranha esta implicância com um "nome". Chamar de MPB o que tecnicamente é um chorinho altera alguma coisa? Ah! Se ao invés de MPB todo o gênero musical brasileiro fosse chamado de "bossa nova", garanto que o Ruy não reclamaria.
Globalizou-se o conceito, com todos os efeitos deletérios de idenfificação de ritmos , compositores e apreciadores. .
Interessante ponto de vista do Edu Lobo. Não conhecia essa informação, mas também entendo que muitos não gostam de serem imiscuÃdos e tornarem-se comuns no meio de tantos. O ego de cada um prefere ser visto como algo seguindo o seu caminho sem muitas denominações de tribos.
Popular, ou seja, que ñ é erudita. Na música de concerto há diferentes estilos, assim como na mpb: bossa, choro, baião, xote, vanerão, etc.
Sempre achei que MPB enquadrasse um tipo de música cheia de maneirismos e mensagens pra se ler nas entrelinhas, embaladas numa moldura de piano, baixo e bateria e um violão tipo bossa nova que não poderia se chamar de acompanhamento de música brasileira tÃpica (samba, baião, caipira)... Adoro Edu Lobo, e saber que ele detesta essa sigla me conforta, porque também acho muito reducionista.
Apesar de que você descreveu muito bem o que me vem à mente quando se fala em mpb.
Sempre achei que MPb fosse uma forma de dizer que aquela música não era música clássica, mas do dia-dia, das rádios.
É como rotulamos . Dar nome as coisas. Particularmente gosto de muitos estilos e desgosto do mesmo tanto. Gosto do que gosto independente de como chamam o estilo. A unanimidade é o funk. Muito ruim
Funk é MPB, então? Maravilha hein
A rotulação pode ser problemática quando abrange inúmeros matizes - caso da MPB. Mas tem sua utilidade didática e prática. O óbice desta denominação é o mesmo que o assim catalogado “jazz” tem mostrado ao longo do tempo: ali tudo cabe. Ou quase.
O mesmo se pode dizer do rock.
MPB são todas as músicas brasileira, ou sera que sertanejo é música popular inglesa? Não existe música mais popular que o sertanejo. Seria o mesmo que eu dizer que eu sou brasileiro e a partir daà ninguém mais no paÃs poderá se classificar como brasileiro. Inacreditável, o que é isso?
Tudo bem , sertanejo é MPB. Mas há que separar o sertanejo de Torres, João PacÃfico, Elpidio Santos e ,atualmente, Renato Teixeira, Almir Sater e outros que compõe em alto nÃvel, das ditas universitárias , sofrência e outras breguices impostas pelas gravadoras.
MPB não é apenas qualquer música popular brasileira. Ela é mais seletiva em termos de qualidade artÃstica. Tá certo, é um termo meio genérico mas tem um sentido, sim. Para entender só escutando os pioneiros desse movimento.
O problema não é a MPB, uma denominaçao cultural já definitiva. O problema é Edu Lobo que embora seja um gênio da música brasileira não emplacou no mainstream tendo apenas alguns sucessos isolados. Virou uma espécie de Pedro Cardoso reclamando contra tudo e todos e ressentido com o jejum do ostracismo. E agora piorou sua situação pois corre o risco de ser vaiado em algum show individual depois de perpetrar essa de pseudo iconoclasta em plena senilidade.
Uau José Fernando, pegou na veia !
Pois é, quem se recusa a ser estereotipado é ranzinza!
O mainstream tem importância para quem se importa com ele.
E para a música e letra de mau gosto atual, é MPB? Sou obrigado a ouvir nos supermercados e lojas em geral de onde moro pseudomúsica neosertaneja, duplas que gritam mas não cantam, letras sem sentido, e, manipulam a moçadinha alienada com som se platéria cantando o mau gosto, elogiando o machismo e até depreciando mulheres.
Raymundo De Lima Lima, Concordo, e um lixo só .
Francamente, não sei se se pode chamar música esta imundÃcie que toca hoje no Brasil, com rarÃssimas excessoes.
Em um paÃs que produz uma imensa diversidade cultural, incluso aà a diversidade rÃtmica, a sigla MPB colou no mundo simbólico das gentes como resolvendo a questão de identificação para músicas que inclusive, passeiam por mais de um rÃtmo em uma mesma composição. Como não há um dono para a referida sigla, como no caso do twitter que virou X, seguimos com ela, a MPB . Exemplo disso é a música Amazônia do ep ÃFRICATUPI de Juba Machado, que na introdução é calma canção, para depois animada cabula.
Tinha uma visão um pouco distinta. Nara Leão, ao reunir elementos rÃtmicos e harmônicos da bossa nova ao samba de Nelson Cavaquinho e Cartola e ao baião de Luiz Gonzaga, teria sido a iniciadora da MPB em seus dois primeiros discos, ambos de 1964. Essa tendência havia sido sugerida já em 1960, quando Carlos Lyra se aproximou dos sambistas no Centro Popular de Cultura (ele fez as músicas da comédia "A mais-valia vai acabar, seu Edgar", de Vianinha). Nara arrematou a coisa com seus discos. Confere?
No começo, chamava-se esse tipo de música de MPM (Música Popular Moderna). Mas, quando Nara Leão subiu o morro pra se unir a Cartola, Nelson Cavaquinho e Zé Keti, fundiu a cuca da intelligentsia porque não fazia sentido dizer que Nara, num passe de mágica, havia se tornado antiga (adjetivo que os pseudocrÃticos atribuÃam ao samba de morro).
Edu Lobo esteve presente já no primeiro elepê de Nara com "Canção da terra", um baião estilizado, dotado de harmonia sofisticada, em parceria com Ruy Guerra. Ele daria impulso à MPB com as músicas feitas para "Arena conta Zumbi", texto de Augusto Boal e Gianfrancesco Guarnieri, que estreia no ano seguinte. Sobre os musicais polÃticos daquelas décadas, recomendo cabotinamente o livro "Com os séculos nos olhos: teatro musical e polÃtico no Brasil". Viva Edu, que é dos maiores.
Por volta dessa época, creio que em 1965, surgiram os festivais de música popular que os promotores convencionaram chamar de Festivais de MPB. Edu Lobo, em parceria com José Carlos Capinam, venceu o festival da TV Record em 1967 com "Ponteio" e ficou rotulado como compositor desse gênero de música. No entanto, penso que é bobagem dele ter esse tipo de preocupação. Ao lado de Tom Jobim e de Baden Powell, ele forma a grande trÃade de nossa música.
Para mim Chico Buarque sempre foi MPB. Desde quando a Banda é um samba?
O pior de tudo é ser misturado com sertanejo universitário.
Mas viva o que se consolidou sob o rótulo MPB. E viva longos anos o grande Edu Lobo.
Quando ouço a música de Edu Lobo eu não ouço MPB; eu ouço MEL, Música do Edu Lobo. :) O mesmo vale para artistas Ãmpares como Caetano, Chico, Gil, Tom, João, Milton, Donato, Caymi e tantos outros. Cada um tem e e é o seu estilo.
Obrigado, Ruy. Eu desconfiava disso, por causa do "P" de popular, mas não desconfiava dos interesses mercadologicos. Foste Esclarecedor.
Perfeita sua observação, Ruy. Exatamente ontem, dia 3, um aluno meu aqui na UFCG defendeu TCC sobre música brega. E na pesquisa documental encontra os anos 1960 e 1970, com isso que hoje concebe-se como crise identitária da MPB, dada a separação Jovem Guarda, Tropicalismo, entre outros. Essa entrevista de Edu Lobo, confesso, nos desorientou um pouco na reta final do TCC. Mas é isso: a hegemonia determinante da indústria cultural que define tudo, menos o brega, pois esse, é o público quem define.
E assim somos usados em tudo que interessa ao mercado, seja do que for o mercado. MPB pra mim é: Manipulação Pragmática dos Bobos.
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