Mirian Goldenberg > No Brasil, as mulheres são cuidadoras invisíveis Voltar
Comente este texto
Leia Mais
Inicialmente, a obrigação de cuidar do idoso é dos filhos. Havendo mais de um filho, a obrigação é proporcional. Se não houver filhos, ou estes não tiverem condições/disponibilidade para cuidar do idoso, chama-se os netos. Se os netos estiverem indisponÃveis, chama-se os irmãos do idoso. O Estatuto do Idoso também traz a necessidade do cuidado moral, afetivo. A pessoa pode ajudar financeiramente, mas não ter contato com o idoso também caracteriza abandono afetivo. (1/2)
Em muitos casos há necessidade de um cuidador e se não houver possibilidades de pagar um, deve ser feita por um familiar: a companhia, o acompanhamento e o cuidado com remédios. Se outros familiares não tiverem tempo para ajudar no cuidado com o idoso, eles podem ajudar financeiramente. (2/2)
A Constituição Federal de 1988 prevê no art. 229 é objetiva: estabelece que assim como os pais têm o dever de cuidar dos filhos enquanto menores, os filhos maiores devem amparar os pais na sua velhice. E disciplina, ainda, em seu art. 230 diz que a famÃlia, a sociedade e o Estado têm o dever de amparar as pessoas idosas, garantindo sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade e bem-estar e garantindo-lhes o direito à vida.
Relatos muito tristes, Mirian, e mais comuns do que podemos supor. Porém, as mulheres também precisam acordar e perceber que não é sua obrigação aceitar esse lugar e passar a exigir a divisão de tarefas, entender que o cuidado é responsabilidade de todos. Se nós mulheres nos colocarmos apenas como vÃtimas, não conseguiremos ser agentes na mudança. E essa transformação é urgente, as mulheres precisam recusar esse papel de únicas responsáveis!
Vimos que a lei é o instrumento do abandono diante de um cenário de desumanidade. As instituições psiquiátricas, públicas, foram por muito tempo moradias (depósito) para as pessoas em sofrimento psÃquico. As misérias afetivas, justificadas como loucura pelas famÃlias, são dignas de serem observadas, e é nosso dever civilizatório Mirian, denunciar esses abusos.
A violência mais comum contra o idoso é a negligência, quando os responsáveis deixam de oferecer a ele cuidados básicos, como higiene, saúde, medicamentos, proteção contra frio ou calor. Uma outra forma extrema de negligência é o abandono, quando há ausência ou omissão dos familiares ou responsáveis, governamentais ou institucionais, de prestarem socorro a um idoso que precisa de proteção. (1/2)
Há a violência fÃsica que é usada para obrigar os idosos a fazerem o que não desejam, machucando, incapacitando ou até a morte. A violência psicológica é a mais sutil delas. minando a autoestima ou o bem-estar do idoso com xingamentos, sustos, constrangimento ou impedimento de que vejam amigos e familiares. Por último, há a violência patrimonial, que é a exploração imprópria ou ilegal dos dos idosos ou o uso não consentido de seus bens e recursos financeiros. (2/2)
O cara tem 43 anos e se comporta como um adolescente. Pobre mulher que é mãe de um tipo desses...
Muito triste
Todas histórias muito tristes. Não consigo compreender como um filho (ou filha) pode ser tão ingrato. É revoltante saber que palavras tão duras e injustas são ditas por um filho (ou filha) a um pai ou uma mãe. Muita ingratidão, falta de reconhecimento, falta de respeito.
Nós, mulheres, temos grande responsabilidade na criação de filhos parasitas, pouco solidários e alheios à realidade dos idosos. Temos muito ainda a aprender nas estratégias de educação.
Para o IBGE, a maioria dos domicÃlios no Brasil é chefiada por mulheres, mais de 51% deles têm liderança feminina, mas grande parte delas além de terem suas ocupações profissionais, acabam cuidando dos filhos, dos lares e de outros parentes. Dados do Bolsa FamÃlia apontam o protagonismo feminino como um dos traços do programa, pois uma ampla maioria dos lares tem uma mulher como responsável familiar. Nos pagamentos de março, 81,2% dos benefÃcios concedidos estavam em nome de mulheres.
Complicado Miriam. Como dizia meu saudoso pai: "são os dramas da vida"
Triste e cruel realidade
Até quando as mulheres vão ficar nesse lugar de pobres coitadas, sofredoras, cuidadoras, mártires? Das que são abusadas, manipuladas, traÃdas? Das que têm que dar conta de tudo e de todos? São as que não contam, não se levam em conta, não fazem a sua conta.
Existem várias formas de cuidar. A financeira também é importante e necessária.
Minha mãe, uma senhora de 86 é cuidada por três filhOS, nos somamos, nos organizamos pra que ela esteja sempre bem cuidada. Ela nos criou mostrando a importância das tarefas domésticas. Nós três fazemos xixi sentados, porque éramos responsáveis pela limpeza dos banheiros. Nós três cozinhamos e arrumamos a casa desde de pequenos. Não tivemos a sexualidade alterada por isso. A herança do nosso pai foi pro nome da nossa mãe. Nossa mãe nunca nos PROTEGEU das dificuldades, nos ensinou a ENFRENTÃ-LAS
O melhor comentário, cheio de sabedoria e uma lição de vida para todos nós.
Parabéns
Oi Mirian! Sempre achei que ter filhos não é uma tarefa pra todos. Educar filhos requer muito, muita dedicação, muito amor, muita disciplina, muita paciência, muita presença….se faltar alguma coisa você corre o risco de criar monstrinhos. Essa médica foi incompentente e pelo jeito é uma professora na matéria ciclo da invisibilidade feminina. Talvez ela precise disso para viver. Infelizmente.
Mirian, que histórias tristes. Fui também "designada" a cuidar de meus pais (2 AVCs e mal de alzheimer, respectivamente) e esquecida nesse empenho por minha única irmã e seu marido. Há 13 anos recuperei minha vida, com muita terapia competente. Mas o mal que sofri nunca sairá de minha pele.
Precisamos cuidar de quem cuida
Eu tenho 73 anos, nunca vi em toda minha vida, um filho homem cuidar dos pais idosos, sempre filhas, tudo cai sempre nas costas das mulheres.Quanto aos filhos, na correria da tal vida moderna, pouco tempo sobra pra atenção com os velhos!
FamÃlias têm usado a interdição do idoso por meio de uma medida judicial que o impossibilita de exercer determinados atos da vida civil para protegê-lo, pois se fosse deixado a própria sorte poderia se prejudicar. Mas, há casos, que mostram que a interdição tem sido usada para tirar-lhe tudo que tem e jogá-lo num local qualquer, embora a interdição só seja admitida quando ele não consegue exercer sua vontade, ou seja, não possua o discernimento necessário - um laudo médico é exigido.
Muito triste e cruel
"O homem acorda da anestesia. Olha em volta na sala de recuperação. Há uma enfermeira ao lado. Ele pergunta se foi tudo bem. A enfermeira diz, sorrindo: tudo perfeito. Eu estava com medo desta operação. Por quê? Não havia risco nenhum. Comigo sempre há risco! Minha vida tem sido uma série de enganos. E confessa que os enganos começaram com seu nascimento". (O homem trocado). Vale ler, também, a Metamorfose de LuÃs Fernando VerÃssimo que faz uma barata despertar transfigurada num ser humano.
Muitos enganos
Tem hora que dá vontade de ser igual aqueles yogues do Nepal ,não ter nada ter só o suficiente para comer no dia . Se você tiver um mÃsero centavo na conta ,alguém vai tentar te dar um golpe pra ficar com o que tem . Filho então nem se conte ,é um bando de sangue suga ,querem tudo na mão ,não te dão obrigado e acham que tudo é sua obrigação,que você tem a obrigação de dar tudo e um pouco mais pra esses malandros . Todo meu respeito e solidariedade as mulheres .
Bem, se sujeita quem quer. Gente esperta pra tirar proveito à sua volta se baixar a guarda, nunca falta.
Não há nenhuma obrigação de transferir bens e dinheiro a filhos marmanjos em vida. Ouço histórias do tipo e fico impressionado com a desfaçatez de marmanjos que acham que os pais tem de os sustentar. Minha geração não foi criada assim, não entendo isso. Os pais erram sim quando fazem isso. Tenho filho deficiente intelectual, e não vai ser independente, me revolta ver essas histórias de gente folgada. As vezes se fingem de doentes.
Triste realidade
No Brasil, a popul. com +65 anos é maior que a popul. de Minas Gerais, aumentando a demanda por cuidadores por livre escolha, bem como por aqueles que se encontram forçados a cuidar dos seus. Seus parentes, muitas vezes, acreditam que eles têm o dever de cuidar deles, oferecer moradia e até abdicarem de administrar seus bens, aposentadorias e outras receitas. Há inúmeros casos de violência (fÃsica, psicológica, moral, patrimonial) contra idosos que é praticada no próprio seio familiar.
Em muitas famÃlias são as mulheres que fazem as engrenagens do grupo familiar funcionarem. De fato, muitas são maltratadas, machucadas e abandonadas pelos próprios filhos e cônjuges. sem receberem o devido valor, respeito e reconhecimento. É nesses momentos que elas descobrem quem está disposto a 'comer 1 kg de sal' com elas, quem pode ser chamado de famÃlia. Aprendi isso na minha famÃlia da forma mais dura: não é porque tem o mesmo sangue que é gentil, honesto e confiável...
É a pura verdade. E cuidar de idosos não proporciona a mesma satisfação de criar filhos, que vão ficando mais espertos e fortes com o tempo. Quando o pai ou mãe está lúcido, há pelo menos o prazer de continuar desfrutando daquela companhia por um tempo mais.
Busca
De que você precisa?
Fale com o Agora
Tire suas dúvidas, mande sua reclamação e fale com a redação.
Mirian Goldenberg > No Brasil, as mulheres são cuidadoras invisíveis Voltar
Comente este texto