Vera Iaconelli > Mulher branca no Brasil Voltar
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Coluna a altura da autora: horrÃvel
Não sou nem um pouquinho suspeito para declinar minha opinião sobre o vitimismo do negro. Já me identifiquei como tal. Tenho caracterÃsticas negroides. Tenho lugar de fala. A escravização sempre fez parte da humanidade. Todos os povos e culturas o fizeram. Com isso não quero minimizar ou justificar o que os europeus fizeram. É a velha história: Quem não tiver pecado que atire a primeira pedra. Colho só um exemplo. Recente. (continua)
(continuação) Basta lembrar o genocÃdio dos hutus sobre os watutsi, em Ruanda, agora, em 1994, que matou mais de 800 mil pessoas. Povo lindo, de espécimes de alta estatura, com dançar belÃssimo. Foram quase todos exterminados. Intrigas e picuinhas tribais. Ser branco ou cristão não é defeito. Somos todos da raça humana: temos o mesmo DNA. O repúdio à eugenia é uma via de mão dupla: vale para todos. Se os pretos ou os indÃgenas tivessem a hegemonia das armas fariam a mesma coisa que os brancos.
Freud, ateu por excelência, ferrenho crÃtico da BÃblia, taxando-a de "falso conforto", fundamenta toda a sua teoria psicanalÃtica em mitos gregos. Inclusive, o famigerado Complexo de Édipo é todo calcado na peça de teatro grega intitulada Édipo Rei, de Sófocles. Sem falar nos pilares de sua teoria, que é calcada no conflito entre Eros e Thanatos, outros mitos da cultura helênica. (continua)
(continuação) Assim, própria teoria de Freud é um tiro no pé. A sua hipótese de que "O Deus pessoal não passa de um pai transfigurado" revela que ele sofria desse mesmo mal: o fenômeno psÃquico do "Daddy issues". Era ressentido com o seu papai. Assim, começou a odiá-lo e, por tabela, odiar Deus.
Rodolpho, Freud sempre teve uma neura por Moisés. Já em 1914 escreveu um opúsculo sobre a estátua de Moisés de Michelangelo. Bem mais tarde, em 1939, é que escreveu a obra citada por vc. A Encyclopaedia Britannica , em tradução livre, percebeu isso: "Aqui, a ambivalência de Freud em relação à s suas raÃzes religiosas e à autoridade do seu pai pôde permear uma história altamente fantasiosa que revela mais sobre o seu autor do que sobre o seu tema ostensivo."
Sugiro a leitura de "Moisés de Michalangelo" do famigerado autor. A vantagem dele está em não se basear em lugares-comuns, o que servia para embasar suas conclusões. Mesmo ateu, para criticar, havia a necessidade de leituras e releituras da BÃblia. Para a nossa sorte, não havia Google no Século XIX.
Freud, que serve de anteparo à articulista para desferir achaques contra a famÃlia e o patriarcado, ele próprio era patriarcal e ressentido do patriarcalismo judaico-cristão. Sophie Freud declarou: "Após dez anos de casamento, ele se viu firmemente estabelecido como patriarca de sua grande famÃlia." (continua)
(continuação) O próprio confessou: "Não me cabe conceber nenhuma necessidade tão importante durante a infância de uma pessoa quanto a necessidade de sentir-se protegido por um pai." Neste momento tenho dificuldade em escrever... A morte do velho afetou-me profundamente... Com a sua mistura peculiar de profunda sabedoria e fantástica leveza, ele teve um efeito significativo na minha vida... Agora sinto-me bastante desenraizado."
e os comentários viraram olimpÃada da opressão
Os comentários, em diálogo, são as des- construções. E sim , não, talvez fazem parte.
Sim, enfrentar o narcisismo opressor, perverso, patológico, o narcisismo do macho branco aristocrata. No caso do individual, um bom divã pode nos ajudar. Freud não pretendia curar, mas alivar os sintomas. Lembrando que o sintoma é social.
parabens pelo texto
Muito bom o ponto destacado sobre a demonização do narcisismo. Algum narcisismo é fundamental para o constituição do Eu, que me diferencia do Outro.
A mulher preta e pobre no Brasil precisa ainda muito mais ser valorizada e lembrada..E a mulher branca e pobre existe no Brasil ??
Fanstastica Vera Iaconelli, como sempre
Por esta con fusa coluna, se entende que o narci sismo, que seria comum a todos, impõe aos diferentes algum tipo de discriminação, e sofreria quando atacado pela igualdade legal. O problema de forçar esta equalização é cair na armadilha de Orwell, de que alguns seriam mais iguais que outros. Como vimos, é a receita do fim.
Qual a visão dos "intelectuais" brasileiros sobre a migração em massa para reformas trabalhistas, polÃticas e principalmente étnicas? A migração em massa para reformas é um movimento democrático?
Tá cada vez mais difÃcil ler jornal, desde quê passaram a ter 90% de seu espaço reservado ao Mimimi.
“… É que Narciso acha feio o que não é espelho / E a mente apavora o que ainda não é mesmo velho / Nada do que não era antes quando não somos mutantes…”
Eu não acho, estava sendo falta de uma boa comédia de costumes
Zzzzzzzz...
A Vera falou sobre ser mulher branca. Outro dia estava pensando se pra mim, homem negro a vantagem de ser homem ganha da desvantagem de ser negro. Minha experiência diz que depende do bairro e da idade. Num bairro de pobres remediados/classe média baixa a vantagem ganha. Na favela, a polÃcia faz prevalecer a desvantagem pro jovem; pro idoso o jogo vira. Nos bairros ricos ser preto é ser confundido com porteiro, entregador etc. aA desvantagem ganha, não importa a idade.
Sobre qual opressão prevalece, sugiro visitar fila em dia de visita no presÃdio. Filas e filas de mulheres pretas vindo dar apoio em todos os sentidos aos homens pretos nas penitenciárias masculinas. Quantos homens pretos na fila para vê-las e apoiá-las nas penitenciárias femininas?
Obrigada pela análise precisa - e necessária!
" Só se pode viver perto de outro, e conhecer outra pessoa, sem perigo de ódio, se a gente tem amor. Qualquer amor já é um pouquinho de saúde, um descanso na loucura", Guimarães Rosa, Grande Sertão: Veredas
Além da cota narcÃsica individual, temos que enfrentar o narcisismo coletivo de classe, gênero e raça.
Enfrentar o narcisismo? Leia novamente o texto
Enfrentar o narcisismo? Leia o texto
É phoda
Uma mulher branca que abdica de metade dos seus bens, sucesso profissional e posição social em prol de uma mulher negra, já terá dado um importante passo. Nada impede que este gesto de abnegação, fundado no livre arbÃtrio, se opere. Quem sabe faz agora, não espera acontecer.
Mônica, fui atrás do sentido da expressão em inglês por você usada. É um neologismo woke. Bonito, expressivo. Mas nada a ver. Não expliquei nada à colunista, e nem ingressei na sua área de formação, o que ela também não fez, aliás. Apenas fiz uma observação lateral, adicional, e de eficácia social concreta. Há termo woke para isso? Mexplainningtome please
E ser tachada de "white savior"
Teoria desde que alguém faça.
Ninguém faz isso.
Bom senso e honestidade intelectual não exigem recurso financeiro, e mesmo assim você não quer dividir conosco, ou será por que não tem?
"Gesto de abnegação fundado no livre arbÃtrio." Prezado. A colunista é sempre coerente e honesta e nos entrega reflexões consistentes. Essa outra construção sobre abnegação e livre arbÃtrio foi delÃrio seu amigo. Não estamos falando de freiras em convento freudiano ou lacaniano, vai saber.
Não sou mulher branca, Nasemar. Então me falta o lugar da fala, e, a fortiori, o da doação. Mas me parece coerente partir para uma ação concreta, transferindo metade dos bens para uma mulher negra, repartindo com ele clientes e a coluna da folha, e integrando-a no seu meio social. Conquista-se assim a libertação e se dá um exemplo.
Você já fez isso?
E por falar em "mansplaining"...
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