O problema de um governo de "coalizão", eufemismo que empana o clientelismo fisiológico que rege as relações entre os poderes, é que o núcleo duro desconhece e ignora totalmente a variável ambiental, no fundo tem a mesma visão míope do desenvolvimento a qualquer preço, da patrimônio natural nada mais ser do que um almoxarifado à disposição, então a brava e digna Marina é fritada em fogo alto, só se mantém no MMA pra coisa não degringolar de vez.

O trabalho de Marina Silva deve e merece ser louvado, mas o edi to rial desconsidera ser ela parte do governo e quando a este se refere é sempre desdourando o atual presidente.

E o "milagre de Natal" não veio para os editoriais da FSP: ainda que na defesa de uma boa causa (a ambiental), a referência derrisória a Lula lá está, impávida e incólume. E tenho dúvidas se o editorial denunciaria do mesmo modo a "manada fóssil" se não identificasse nela o atual governo brasileiro...

O 1% mais rico da população emite a mesma quantidade do que os 66% mais pobres. Os mais pobres são os mais vulneráveis com os efeitos do aquecimento global, inundações, secas, insegurança alimentar e por aí vai. Portanto, combatendo as desigualdades estamos combatendo as mudanças climáticas. É isso que o presidente Lula vem fazendo dentro e fora do Brasil, apesar de panfletos lobistas como a folha omitirem sistematicamente o belo trabalho do maior líder do planeta.

"O pior cego é aquele que quer ver". (Millôr Fernandes).