Coutinho, meu caro, só sei que a vida, sem ambições não-monetárias e sem sonhos, é uma Herda.

Como de hábito, a incursão do Coutinho na seara política é desastrosa. Como bom "Liberal", espécie que não existe no Brasil, tem como dever detonar o "comunismo" de todas as maneiras, em cada ocasião que ele acha que surgiu. E tome o discurso sobre o mal causado pelo regime! Por que é que ele não usa sua verve para falar sobre as perspectivas do capitalismo vitorioso? Talvez porque este não traga esperanças, só um materialismo vulgar e predatório. O lugar sem Esperança é o Inferno!

"O poeta municipal/ discute com o poeta estadual/ qual deles é capaz de bater o poeta federal./ Enquanto isso o poeta federal tiro ouro do nariz." Drummond de Andrade.

É provável que sem a tomada do poder do Lenin na Rússia, Marx e Engels fossem conhecidos apenas pelos interessados em história econômica. Nesse sentido, o comunismo é antes de tudo o Leninismo. Não por acaso a China é governada pelo PC, ideia de Lenin, mesmo tendo restaurado o capitalismo.

O colunista provavelmente considera Quentin Tarantino um stalinista porque reescreveu a História em Bastardos Inglórios e em Os Oito Odiados. Francamente .....

Sem dúvidas, a esquerda vive a melancolia de 1989, derrotada pela realidade como em todas as outras situações do passado (França por exemplo). Hoje, vive nessa amargura de opr1m1dos e opr3ssores, g9nero, fem1nismo, cotas e tantas outras pautas que não resolvem porém arrastam todos ao abismo com aquela carga forte de ment1ra e narrativa criada, reescrita ao estilo de 5tálin e M6o. Até quando?

A mim me parece que a distinção entre esquerda reformista (social democracia) vs esquerda revolucionária (comunismo) se ajusta, em certa medida, aos reclamos de Little Couto, sendo esta uma das razões pela qual Bobbio manteve a díade direita/esquerda no pós-1989. Sobre reescrever a história, bom, não somente Stalin e a esquerda-radical o faz, mas todos os movimentos que se não conformam com sua derrota, v.g., Trump, Bolsonaro et caterva.

O Companheiro JP tem essa mania de querer que nossas opiniões, ações e escritas sejam baseadas na realidade. Na era das redes sociais e da mídia polarizada, o que vale é a Narrativa. Nela, moldamos como queremos, e quem escrever o contrário faz discurso de ódio. Garantimos os formadores de opinião a um custo de, digamos dezesseis bilhões. Quem criticar, é contra a educação. O Companheiro precisa entender a Democracia Relativa. Ele, como os livros, estão ultrapassados. O alfaiate foi cancelado.

A esquerda hoje tem a chance de se reinventar na defesa da democracia e nos seus mecanismos de reduzir a desigualdade. Creio que é o que vai acontecer.

JPC pretende dar lições de historia mas está enganado. No início, o PCI apoiou a intervenção soviética na Hungria, mas depois começou a mudar a sua posição e em janeiro de 1957, o líder do PCI, Palmiro Togliatti, fez um discurso crítico à intervenção soviética.

parece que a razão de viver de alguns é procurar fantasmas, denunciar assombrações nao conseguem entrar no seculoXXI.

Qualquer passado é indelével, claro, ficou lá, mas uma reflexão sobre ele, hoje, pode lhe dar outro significado. Contando Calligaris tratou disso em muitos textos, belissimamente sempre, como em "Pentimentos"

Temos sim uma utopia para chamar de nossa neste século 21: a da estrema direita. Não nos iludamos: teremos muitos e sérios problemas por causa disto: No Brasil, nos EUA, na Rússia, na Argentina, etc (incluindo aí o fundamentalismo muçulmano e judeu).

Chamar a reescrita (ficcional) de Moretti de "desonesta" sai dos limites do respeito que deve haver entre os discordantes, não? Não tenha medo (e portanto não perca o respeito diante deles) nem daqueles que têm uma utopia e uma melancolia diferente da sua, Coutinho. Esse me parece o liberalismo.

Tudo bem Coutinho... mas há um grande exagero para provar seu argumento. O filme não é sobre isso. A reescrita do passado apenas numa informação escrita, colocadas aos créditos. O filme é sobre fazer cinema fora de certas fórmula. Essa é a proposta principal, e nela. Moreti é o alfaiate que já voou e continua voando.

Neoliberal bolorento querendo falar sobre a esquerda é de dá pena...não entende nada porque nunca leu nada sobre...E ele se engana em falar que a esquerda só vende esperança e a ainda distorce a história...quem faz isso com mestria é a direita xucra como os historiadores do brasil paralelo...como prova que o colunista não entende nada sobre a esquerda ...ele foi tentar explicar não sei o quê assistindo filme? Kkkkk filho vai ler livros .....

Ao citar Rosa Luxemburgo, J P C esqueceu de citar Karl Liebknecht, também assassinado pelos Freikorps

É impressão minha ou os comentários são mais lúcidos do que os argumentos de vários articulistas da Folha?

Os comunistas reescrevem o passado, os "liberais" ficam cegos a ele. Parece que os intelectuais atuais só tem dois assuntos: identitarismo e Israel. Deveriam refletir mais do por que a extrema direita cresce tanto. Talvez não o façam para não confrontar uma verdade incoveniente.

Em geral J P C é brilhante, embora há dias, deixou passar o macarthismo implicito da inquirição da reitora de Harvard pelo Congresso Americano. Começou mal o artigo, confundindo comunismo e bolchevismo e stalinismo. Imperdoável num intelectual como ele. Se redime apontando uma crítica, onde a Esquerda deveria refletir em lugar de sumariamente condenar. A bandeira da Esquerda sempre foi a Esperança. E o bolchevismo a enterrou. O desafio de J P C, é como resgatá-la.

Na foto dos dois monarcas, em elegantes uniformes, faltou apenas Clóvis Bornay, o vencedor hor concours dos bailes de carnaval do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, na categoria luxo.

Caro Coutinho, Mesmo desconhecendo a história, ao final do filme, tive absoluta certeza da paródia histórica. Elementos de linguagem e ironia deixam claro que aquela reescrita da história expressa uma inconformidade do autor do filme (tanto o personagem como o cineasta). Não tenho dúvida de que ele concordará com você que reescrever a história é ato espúrio stalinista. No entanto, sinto muito se você não pode enxergar o lirismo e a poesia na escolha de Moretti ao terminar o filme assim.

Lendo Coutinho e Demétrio, especialmente suas críticas à ideologia empregada por autores de esquerda - embora o stalinismo não seja de esquerda - na elaboração de um texto historiografico, fico me imaginando se os liberais/conservadores realmente acreditam que a escrita da história é neutra. Suas interpretações do passado não são igualmente influenciadas pela maneira que o presente é por eles entendido? Ctz, ainda mais se tratando dosliberais, que tentam vislumbrar mercado até na Babilônia.

O articulista poderia brindar-nos com um novo ânimo também para a direita mundial pela qual tanto baba, aquela que ainda não foi engolida pela ultra, de figuras impolutas como Trump, Órban, Meloni, Milei et caterva. Cresça mais seu Coutinho.

O autor pudicamente evita citar a reação do PC brasileiro (clandestino) e seus simpatizantes não clandestinos que apoiaram a invasão da então Tchecoslováquia com o mesmo argumento do personagem do filme: Moscou nunca erra. E Moretti se contradiz, porque modificar o passado em função de exigências do presente (politicas ou humanas) é clássica manobra estalinista.

Sou inculto mas vejo nesses textos enormes cheios de datas, informações e referências um desejo irresistível de demonstrar erudição.

"Decadence avec elegance"

"Ela é burrinha, comentou o menino. – Sei disso, respondi um pouco trágica. – Está procurando outro caminho, olha como ela hesita. – Sei, é assim mesmo. – Parece que esperança não tem olhos, mãe, é guiada pelas antenas. – Sei, continuei mais infeliz ainda. Ali ficamos, não sei quanto tempo olhando. Vigiando-a como se vigiava na Grécia ou em Roma o começo de fogo do lar para que não apagasse. – Ela se esqueceu de que pode voar, mãe, e pensa que só pode andar devagar assim". (Clarice Lispector)

Já era de esquerda quando a União Soviética se dissolveu, não me senti derrotado. Ao contrário, fiquei feliz. Trotsky quando foi morto não vi em manchetes, não era nascido ou muito novo. Krushev conheci como personagem histórico. Moretti não tem quinze anos mais que tenho. Ele tem compromisso 'mesmo' com os erros desses caras? Eu não tenho. Miro a China. E pergunto ao Coutinho, porquê ela está ausente de uma discussão sobre as obras do 'comunismo' ?