Mirian Goldenberg > Por que você não toma antidepressivo? Voltar
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Quando surgem fissuras na sua autoimagem acompanhadas de um grande medo, eis aà um convite poderoso para desapegar-se de quem você acreditava ser e da sua velha visão de mundo. Rubem Alves disse que 'não haverá borboletas se a vida não passar por longas e silenciosas metamorfoses'. Assim sendo, um novo você está pronto para emergir do casulo, quando a borboleta está prestes a se libertar da crisálida. Entretanto, sem crisálida não há borboleta...
Longas, dramáticas e misteriosas metamorfoses
O sentimento de inutilidade é acompanhado pelo sentimento de estar separado dos outros e separado da vida. Tudo está entrelaçado, mas insistimos em nos ver como um grupo a parte: os imperfeitos. É um ciclo vicioso: quanto mais nos sentimos assim, mais separados e vulneráveis estaremos. E por trás do medo de ter os defeitos revelados está um medo mais primitivo de que haja algo errado na vida, de que algo ruim está para acontecer. (1/2)
Impotência existencial
Nossa reação a esses medos pode ser culpar, e até odiar, aquilo que consideramos ser a causa do problema: nós mesmos, as outras pessoas, a própria vida. Mas quando direcionamos nossa aversão para fora, lá no fundo de nós mesmos não aceitamos as nossas vulnerabilidades nem as nossas imperfeições. (2/2)
A sensação de que há algo errado conosco é como caminhar sempre com algum desconforto. Quando nos enxergamos pelas lentes da insuficiência pessoal, ficamos prisioneiros numa hipnose ou transe de indignidade, incapazes de perceber as verdadeiras causas da nossa dor. Mas graças à meditação podemos nos libertar do sofrimento do “Tem alguma coisa errada comigo”, para então caminhar naturalmente ou com menos desconfortos.
Meditar é investir num “mergulho profundo” abaixo da superfÃcie da nossa mente, onde topamos com 'coisas' belas, feias e neutras. Levamos tempo para nos aclimatar e aprender a respirar com facilidade nesse infinito universo interior, mas aos poucos vamos encontrar dentro de nós nosso verdadeiro lar.
Miriam, se o psicanalista mergulhar nas suas angústias existenciais, serão dois a se afogarem. Ele não mergulha, escuta, faz uma escuta diferenciada, visa uma outra realidade, a realidade psÃquica.
Ou se faz análise ou se faz terapia. São coisas bem distintas. A análise se faz com um psicanalista, a terapia com um psicólogo. O analista trabalha com o inconsciente, pela via do significante. O psicólogo com o consciente, aconselhando, sugerindo, apontando caminhos. As linhas adotadas são as mais variadas, já a psicanálise é uma só.
Numa sociedade pós-moderna agitada, estressante e competitiva, que promove a indignidade, o autojulgamento e o distanciamento de si pelo foco no que está lá do lado de fora, a maioria das pessoas tenta responder aos desafios sem se dar conta do clima interno: nublado, tempestades, céu limpo, trovões e pancadas de chuva, rajadas de vento, poucas nuvens etc. Para elas, parece que as sensações de deficiência e de insuficiência estão sempre à espreita. (1/2)
Basta um pequeno incidente – realizações de alguém, ser criticada, se envolver numa discussão, cometer uma falha no trabalho – para elas sentirem que não estão bem. Daà a necessidade delas despertarem novamente para a felicidade e a liberdade fundamentais que são seus direitos de nascença (budistas chamam de natureza de buda) por meio da meditação. (2/2)
Tenho certeza que você toma muitos chicabons! Sou seu fã! Sempre que leio sua coluna me lembro do belÃssimo filme Gênio Indomável. E é estranho, porque na minha cabeça, você é um hÃbrido de Will e Sean. Uma mente muito interessante! Grande abraço.
Todos os dias
Às vezes quando levo um tapa da realidade recorro a frase sobre a tempestade para resgatar a minha imparcialidade: 'Tentar acalmar a tempestade é impossÃvel, mas acalmar a si mesmo permite notar que se a tempestade começou então em algum momento ela cessará'. Só depois noto o hiato entre a realidade e a expectativa criada pela minha mente. Aliás, aprendi que quanto maior o hiato maior o sofrimento que pode vir junto...
Tenho levado alguns tapas da realidade
A mente tem uma ideia, talvez agradável, e ela quer efetivar essa idealização, que é uma projeção de seu desejo. É normal que a mente humana crie um 'vir a ser', bem como que isso surja da negação do que acabou de acontecer - os deverias. Mas ao findar o esforço para 'vir a ser', surge a plenitude do ser; que não se trata de aceitação ou resignação. Porém, o 'vir a ser' depende de tempo, espaço e esforço para tentar se sobrepor aos fatos...
É sempre bom ler seus textos. Você se mostra como a pessoa que é de fato, sem picuinhas e sem medo de se mostrar como alguém que tem fraquezas, frustrações e traumas, ao contrário das influencers que querem nos ensinar tudo e de tudo, mas que no fundo não sabem nada. Você contando sobre seus caminhos e descaminhos ensina muitas coisas, principalmente sobre a empatia, a humildade e a compaixão.
Que lindo Ronaldo, fiquei muito feliz
Uma vez li um artigo que dizia mais ou menos o seguinte: " voce acha que tem problemas, esta desanimada, etc.,etc? Lembre-se que um bilhão de chineses não sabem disso e se soubessem não dariam a minima atenção"
É a terapia do consolo.
E quanto custa uma consulta com analista?
Marina, é bom se ocupar dos outros, assim você evita de se ocupar com você, com suas questões. É sempre o outro que necessita. A bela alma.
Antonio Ferreira da Costa Neto Ferreira, desculpe-me, eu li seu comentário e sem querer enviei o meu como resposta ao seu.
Felizmente nunca precisei de antidepressivo e muito menos de analistas,, mas quando estou muito preocupada /deprimida com a situacao do mundo ( guerras sem necessidade) eu procuro ajudar quem precisa, por ex. ouvir minha amiga que vive deprimida por uma situação que ela não pode ( ou não tem forças ) para resolver, vou visitar abrigos de idosos, de animais ou faço pão. Para mim funciona muito bem.
Miriam, sempre que vejo a “chamada” para o seu texto, acesso imediatamente, certo de que alguma coisa boa vem. E sempre vem. Concordo com você: temos que extrair de nós mesmos a força para vencer os obstáculos que a vida nos coloca. Faço esse exercÃcio com meu filho e tem ido bem. Muito obrigado.
É preciso muita coragem Sergio, coragem
Cuidado com a autocobrança, como todo ser limitado, precisamos de ajuda.
Vejo alguns comentários contundente na defesa aguerrida dos antidepressivos. Corri para reler e treler o texto. Ainda que a leitura sugira certa ode à recursos internos e, vivas se/quando os encontra, não há nenhum ataque aos antidepressivos. Muito menos à medicações de forma geral. A autora inclusive cita um que tomou. Fascinante este tempo que ganha-se pedras por celebração de autoconhecimento sem render homenagens à Farmacêutica. A partir de hoje está proibido não reverenciar esta indústria.
Adorei o comentário e fiquei muito feliz de saber que você compreendeu o propósito da coluna.
Antidepressivos são uma ferramenta importante, inclusive, para dar conta de uma análise.
Pelo contrário, meu caro. O medicamento silencia o que precisa ser escutado em uma análise.
"Em Busca de Sentido" é um relato poderoso e comovente que oferece perspectivas profundas sobre a natureza da existência humana e a importância de encontrar significado, mesmo nas circunstâncias mais difÃceis.
É o livro que me salvou da depressão
adoro tudo o q vc publica!!
Fico muito feliz Michele
Oi, Miriam, me identifiquei muito... somos muito parecidas, inclusive na decisão de não tomar antidepressivos. Obrigada pelo seu texto. Se seu analista te ensinou a palavra "acabou", você me ensinou que eu fiz minhas escolhas e "tá tudo bem".
Amei Edileuza, temos a liberdade de escolher como enfrentar nossas dores e traumas
Lembrei da música do Titãs AA UU. Principalmente a parte "Estou ficando louco de tanto pensar".
Verdade
Nossa, quanta semelhança com a minha esposa. Tenho de fazer um mea culpa! Ou seria meia culpa?
Sem culpa
Ou sem culpa
vc é uma das mulheres mais inspiradoras do brasil, adoro tudo o q vc publica!!
Fiquei emocionada com seu carinho
Fiquei emocionada Camila, muito obrigada pelo varinho
Não é brinquedo, não. O tal "paradoxo da escolha" - neste mundo cada vez mais instável, precário e inseguro -, faz eco ao "zeitgeist" que Arendt denominara 'sombrio'. Onde "as piores pessoas perderam o medo e as melhores a esperança". Quem sequer teve tempo suficiente ou necessário para criar couro de jacaré, levantar a poeira e dar a volta por cima é tragicamente vulnerável. Daà que se jogam - da primeira janela ou do último navio -, metafórica, literal ou "anfetanimicamente". Tst tst ts
Muito bom! Mas o tst tst tst é cruel!
Criar couro de jacaré
Alberto A Neto, comentário profundo, obrigada.
Sugere que a culpa é do outro. Não, não é e nunca foi. A culpa e a responsabilidade são sempre nossas.
Sim, não dá para jogar tudo no outro, como se não fossemos parte do jogo, como se dele não participássemos. Assim saÃmos ilesos, nada a questionar, pensar, refletir.
Por que você não toma um chicabom? :)
Eu tomo muito
Cara Mirian belÃssimo texto,parabéns.
Muito obrigada Tadeu
Parabéns. Descobrir o eu, como eu sou é difÃcil mas libertador.
Mirian o teu acabou desse magnÃfico texto para muitos é um re.começo. Que nunca acabem teus assuntos para tuas colunasÂ…Parabéns!
Recomeço mesmo, com coragem
Querida Mirian! Como é libertador para o corpo e a mente o acabou definitivo. É a saÃda de uma situação claustrofóbica para a deliciosa sensação de seguir por outros caminhos ainda não descobertos. Respirar novos ares, sentir alÃvio na alma e vontade de experimentar novas emoções. Adorei o seu acabou. Siga suas intuições e desbrave seu mundo. Tem muitas coisas boas esperando por você. Basta você estar aberta e livre para ir ao encontro delas. Abraço fraterno querida Mirian.
Amei sua mensagem tão sensÃvel e carinhosa, querida Gaya
Querida Gaya, preciso colocar em prática o Acabou. Urgentemente
Um dos medos com medicamentos psicotrópicos é o risco de dependência. Mas pelo tempo (medidos por vezes em décadas) que a terapia psicanalÃtica leva para alguns pacientes, não haverá também o mesmo risco?
Não existe terapia psicanalÃtica. A análise leva o paciente a ter um outro posicionamento diante da vida. Isso leva tempo, com um direcionamento, é o paciente que tem que chegar lá. Não se trata de aconselhamentos. Já a terapia, que são várias, é com a psicologia.
Um desses caminhos te leva à responsabilização da sua própria vida. Adivinha qual deles é?
Devemos fazer o que gostamos ,por isso a colunista seja chamada de. robozinho .Tenho sessenta e dois anos e não paro. também .
Não paro nem para dormir
Dra. Mirian Goldenberg, bom dia! Eu fico esperando sua coluna às quartas-feiras na FSP com a mesma ansiedade que a Silvia Telles esperava a noite do sábado para passá-la em Copacabana! Tenho uma irmã em Cristo, Igreja Presbiteriana do Brasil, (*não somos homofóbicos, fascistas, nazistas, nem cremos que a Terra seja plana) que fez análise por tempos. Não tem filhos! Certa vez falei para ela: vc é uma mulher bonita ( e muito cheirosa),bem sucedida na vida, inteligente
Nossa, amei o fico esperando a sua coluna com a mesma ansiedadeÂ…
tem uma boa leitura da vida, um bom apartamento, num bairro maravilhoso de porto alegre. Interessante que até o Rei Salomão em toda a sua glória, poder e esplendor era um homem infeliz! É uma angústia que pulsa e lateja em nosso peito sem saber de onde ela vem! Eu acho a sra. uma mulher que tem grande importância para a Sociedade. A sra. não é um problema é uma solução! Grande beijo ‹!
Muito corajosa. Mas, eu concordo com o comentário de alguém aqui: pode induzir pessoas que usam antidepressivos a pararem. " Em busca de sentido" é excelente, porém, ele fala tanto em singularidade e, ao mesmo tempo, coloca uma máxima ao leitor, a que você cita.
O artigo presta um desserviço para aqueles que tanto se beneficiam do uso de antidepressivos, que não trata conflitos ou desilusões amorosas, mas sim doenças, depressão e ansiedade, que afligem milhões de brasileiros.
Correto.
Nele, não há tempo para olharmos as singularidades das pessoas e seus sofrimentos. Como diz o lema: Time is money. Diante da falta de oportunidades, as "pÃlulas mágicas" são prescritas indiscriminadamente, a fim de manter o sistema funcional e pragmático sempre "vivo". A psiquiatria , nesse sentido, é uma engrenagem imprescindÃvel para o "bem-estar" social, lamentavelmente.
Verdadeiro admirável mundo novo.
Dentre os motivos, o mais proeminente é, certamente, o acesso - material e educacional. Não podemos nos esquecer que muitas pessoas não detém conhecimento necessário para elaboração de suas angústias, medos, tristezas, traumas etc, tampouco condições de custear um bom tratamento (há muita desinformação, também). Outro ponto fundamental diz respeito ao sistema capitalista e sua máquina centrÃfuga de subjetividades (Cont.).
Um texto; um universo. Sem dúvida, a questão da saúde mental deve ser tratada com muita responsabilidade. No caso dos tratamentos (causas e sintomas, uma galáxia) desde minha leitura do precioso livro "Por que a Psicanálise", Elisabeth Roudinesco, tendo a pensar/concordar que são vários os motivos que levam as pessoas, em geral, a fazerem uso de antidepressivos, quando poderiam fazer um bom trabalho psicoterapêutico/análise (Cont.).
Mirian, sugiro o uso terapêutico de um psicodélico, como a IbogaÃna, Ayahuasca, Psilocibina, etc O seu colega da FSP, Marcelo Leite, é profundo conhecedor sobre o tema e, certamente, saberá indicar um profissional médico que possa conduzir o tratamento. Os resultados têm sido surpreendes. Também sou médico e um apaixonado pelo tema.
Tenho lido muito sobre o tema Eraldo
Todos deveria ler Em busca de sentido, de Frankl. Bela indicação.
Meu livro de cabeceira
A minha opinião, não pretende desestimular a busca pelo conhecimento, mas fica claro com esta matéria, que quanto mais conhecimento conseguimos, mais depressivo ficamos. Passamos a ver pouco sentido na vida, quando ganhamos consciência das injustiças para com a gente e, para com os outros que se quer conhecemos...
Outra bela opção seria fazer a sessão Imersão da série 20 - Cura Profunda - do app de terapia digital CÃngulo.
Parabéns. Isto chama-se sabedoria. Sabendo que seu processo é contÃnuo e nunca termina.
Nunca termina mesmo
MIrian, só gostaria de colocar uma ressalva: esse é o seu caso individual, ponto. Infelizmente pessoas que precisam de medicamentos psicotrópicos, ao ler o seu artigo, podem concluir que parar de tomar remédio é questão de esforço e conquista, e definitivamente não é regra. Sou psicóloga há 27 anos e posso atestar isso. Pode-se comparar o que vc afirmou com "vencer" o câncer por esforço. Então quem não o "vence" "não fez todo o trabalho necessário"? Não é simples assim, em nenhum dos casos.
Mulher! Que reflexão, que depoimento! Obrigada por esse texto. Estou em busca que conquistar minha autonomia, e teu texto me estimulou ainda mais! Abraços!
Fico feliz Priscila. Autonomia é o principal valor dos nonagenários que tenho pesquisado
Mirian, seu texto me foi muito útil. Ver a experiência do outro, semelhante a minha própria revigorou a minha manhã. O "acabou" me tocou enormemente. Muito obrigado. Bom dia para você!
Bom dia, Caio. Fico muito feliz
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