Mirian Goldenberg > A arte de fazer a pergunta certa Voltar
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Mirian, este seu artigo me fez reler alguns trechos do livro RuÃdo do Daniel Kahneman. Lá ele diz que qualquer avaliação está sujeita tanto ao viés quanto ao ruÃdo e que se deve evitar ambos ao proferir decisões. Mas, para produzir boas perguntas, terÃamos que nos preocupar apenas com os vieses, uma vez que a variabilidade seria desejável?
Não li o livro RuÃdo, mas achei muito interessante a reflexão. Vou ler. Muito obrigada pela dica
Na maioria das vezes não queremos lidar com erros, por isso desconsideramos que nem todos são iguais, uma vez que as consequências de alguns deles podem ser muito piores que de outros. Erros podem nos tornar mais sábios. A grande virtude de um erro, seja acidental ou intencional, é a sua capacidade de perfurar bolhas de falsas crenças e abrir novas perspectivas. Como tal, devemos tomar os erros como portais de descoberta que vão além dos nossos canais normais de observação. (4/4)
A maioria das conquistas inovadoras na ciência, tecnologia, economia e artes representam caminhos longos e sinuosos de equÃvocos e falsos julgamentos. Na verdade, a nossa própria existência como humanos depende do mecanismo de erro da mutação aleatória; não existirÃamos se nosso processo evolutivo não tivesse incluÃdo alguns contratempos e falsas reviravoltas. (3/4)
Pense na última vez que você tentou algo novo, seja aprendendo um idioma, aprendendo um novo esporte ou abrindo uma empresa. Você cometeu erros ao longo do caminho? Esses erros ajudaram ou atrapalharam seu progresso em direção ao seu objetivo? O caminho do insight à descoberta raramente é uma linha reta. (2/4)
Não é uma linha reta, é bastante cheia de nós
Em Erros IncrÃveis, Paul Schoemaker faz considerações interessantes e perspicazes sobre erros. Se você já viajou de avião, usou eletricidade proveniente de uma usina nuclear ou tomou um antibiótico, você foi beneficiado por um erro incrÃvel. Cada uma dessas inovações resultou de um ou dois insights brilhantes e de muitos e muitos anos de respostas erradas, becos sem saÃda e passos em falso. Erros costumam ser a fonte de novos insights, permitindo até elaborar boas perguntas. (1/4)
Verdade, apesar da sensação de fracasso
Por certo, para dominar a arte de fazer boas perguntas teremos que cometer diferentes tipos de erro, bem como tirar proveito dos próprios desacertos tanto na reelaboração das questões originais quanto no redirecionamento do processo. No entanto, vivemos numa cultura que não gosta de erros, pois na escolinha aprendemos a vê-los de forma negativa, quando podÃamos tirar deles as lições aprendidas. Dizem-nos que errar é humano, mas a realidade é outra...
Curiosamente, muitas vezes aprendemos muito com os nossos fracassos – e em alguns casos, talvez até mais do que aprendemos com os nossos sucessos. O fracasso é uma parte necessária e valiosa do processo de aprendizagem. Pode não parecer bom no momento, mas é através dos nossos erros que aprendemos, crescemos e adquirimos conhecimento. Então, em vez de encararmos erros ou malfeitos com preconceito, podemos abraçá-los e usá-los como uma oportunidade para aprender e melhorar.
O método socrático é usado para demonstrar a alguém que está errado ou, ao menos, impreciso fazendo com que concorde com afirmações que, por sua vez, contrariam o pensamento original. Sócrates acreditava que o primeiro passo para o conhecimento era reconhecer a própria IGNORÂNCIA. Igualmente, esse método não está tão focado em comprovar o seu próprio ponto, mas em "desprovar" o ponto da outra pessoa com uma série de questões (elenchus) que resultarão em aporia (confusão).(2/2)
Desaprender
O questionamento socrático auxilia na elaboração de boas perguntas. É um método baseado no diálogo e nas perguntas reflexivas que nos permite meditar sobre determinados pressupostos, explorar conceitos complexos e desenvolver o pensamento crÃtico. Esta ferramenta foi desenvolvida por Sócrates para questionar seus alunos sobre suas crenças, sendo empregada no Direito, na psicoterapia, na prática administrativa e em outras áreas do conhecimento. (1/2)
Uso muito na vida e nas pesquisas
A grande maioria das perguntas certas que o Einstein fez, algumas também conseguiu responder adequadamente, foi quando estava divagando sobre o universo. Talvez seja um caminho.
Divagar sobre o universo, sem preocupação com as respostas
Ignorância e fracasso são fundamentais para sucesso na ciência, diz o neurocientista Stuart Firestein no livro Ignorância: como ela Impulsiona a Ciência. Nele, Firestein explica que quanto mais sabemos sobre algum assunto, maior nossa capacidade de fazer boas perguntas, porque conseguimos ir além do óbvio e superficial. Mas embora o conhecimento seja um grande tema, a ignorância é ainda maior. E é mais interessante já que mantém acesa a chama da curiosidade. (1/2)
Firestein acha que há diversidade infinita, não uma verdade única. E mesmo que haja uma verdade absoluta, claramente estamos longe dela. E então por que devemos pensar dessa maneira? Então, acho melhor considerar ciência como algo em aberto, em vez de direcionado para uma grande verdade.(2/2b)
Para Firestein: perguntas são mais relevantes que respostas. Uma boa pergunta é capaz de suscitar diversas camadas de respostas, inspirar décadas de buscas de soluções, criar campos inteiramente novos de investigação e provocar mudanças num pensamento já entranhado. Respostas, por outro lado, frequentemente põem fim ao processo. (2/2c)
Firestein não gosta das metáforas que comparam a ciência com cebolas, quebra-cabeças ou icebergs. Pra ele, fazer ciência é perseguir um gato preto num quarto escuro - Eu prefiro esta imagem porque as outras imagens dão a impressão de que existe alguma verdade final totalizante. Alguma solução definitiva que descobriremos algum dia e que será o fim de tudo.(2/2a)
Mirian, Um texto inspirador. Passei-o a minha filha de 18 anos e recém aprovada no vestibular para medicina. Obrigado.
Fico muito feliz
Matéria maravilhosa! A Mirian me causa uma grande inveja. Sou homem, mas gostaria que toda mulher fosse determinada assim.
Toda mulher é meio Leila Diniz
Mais admirável é uma boa pergunta do que uma resposta certa.
Verdade
O livro que determinou o rumo da minha vida pessoal e espiritual foi A Primeira e Última Liberdade - J. Krishnamurti. Eu tinha acabado de fazer 16 anos e lembro que Krishnaji enaltecia a importância de fazer a pergunta correta: "Ao fazermos a nós mesmos a pergunta correta, como resultado de profunda e inteligente investigação, então, visto que é correta, a pergunta contém sua própria resposta. Não precisamos perguntar a ninguém: já temos a resposta".
No próprio problema já está a solução
Na graduação em Informática lembro do professor de Algoritmos citar a frase de J. Krishnamurti: "No próprio problema está a solução". Muitos colegas logo olharam para mim, pois eu sempre tinha um livro do Krishnaji a tiracolo. Com essa frase o pensador indiano destacava a importância de compreender o problema, indo além do que já conhecÃamos, nossas opiniões, valores, preconceitos e expectativas.
Lindo isso, ao fazer a pergunta certa já temos a resposta que precisamos
Para Krishnaji importava fazer perguntas; não só agora, porém sempre, pois duvidar é necessário, e nunca aceitar coisa alguma. Fazer perguntas é importante, e talvez mais ainda fazer a pergunta correta. Fazer a pergunta correta implica que a pessoa deve estar perfeitamente cônscia dos problemas da vida – não em termos de “gostar” e “não gostar”, porém o campo inteiro da vida. Fazer tal pergunta denota grande HUMILDADE, não a HUMILDADE da vaidade, mas a HUMILDADE daquele que deseja saber.
É mais confortável suportar uma escravidão cega que trabalhar para se libertar. Mas, como se libertar da escravidão se muitas pessoas sequer têm a percepção de que são escravas? Ao tempo que tantas outras não se enxergam como escravagistas?
Essa é a questão
Miriam, obrigada, não li nenhum livro da famosa filósofa e feminista, minha mãe que não teve oportunidade nem de terminar o curso primário, ensinou as duas filhas adolescentes a importância da independência financeira da mulher através do trabalho e estudo, ela dizia"primeiro ganhem o seu sustento,sejam independentes e depois, se quiserem, casem e tenham ou não filhos"
Verdade Marina
Segundo sexo? Tenho não. Me inclua fora disso.
Cara, vá ler a coluna do pondé!
Apesar de ser homem, passei por situações parecidas com a sua. Caso queira a amizade de um jovem senhor de 56 anos, retorne com uma mensagem.
Ih! Olha o cara! Cheio de más intenções.
Homens também sofrem
Os textos da Miriam são sempre muito relevantes!!!
Cheira à naftalina.
Fico muito feliz Rodrigo
mirian goldenberg eu te amo entenda
Que lindo querida Camila
Isso mostra que a Mirian exige de si mesma, evidenciado na queixa dela sobre "ainda não ter descoberto a arte de fazer a pergunta certa". Lembrei daquela atleta que teve uma excelente performance, mas para ela ainda podia ser melhor. Todos nós sabemos que a perfeição não existe, embora seja cobrada em certas profissões. Logo, para nãos sofrer muito a pessoa precisa definir indicadores de performance para si mesma que sejam razoáveis. Nem medÃocres nem fenomenais, mas que entreguem o resultado.
Quero mostrar e transformar a realidade dos mais velhos
É a angústia de relevância
Parabéns, múltiplos,pela carreira. Segundo sexo, li e não gostei. Talvez por eu não pertencer a nenhum
Sr. Joaquim: quem não sabe fundamentar, apela para razões subjetivas. Tudo que sou na vida devo ao Santos F C: retornei aos estudos aos vinte anos, porque queria ser Presidente do Santos. Antes tinha apenas o primário e o Castro Alves em Cornélio Procópio me impediu de fazer o ginásio, embora tivesse feito Admissão, por não ter Registro de Nascimento.Não fui presidente do Santos, mas, Conselheira duas vezes...! Adoro o Santos !Aprenda a Fundamentar, o que, modéstia às favas, sei !
Na série B dói,
Que lindo exemplo de esforço e habilidade, Mirian. Para mim a pergunta certa é aquela que faço de forma natural, de coração, mesmo. Parabéns.
Adorei. A pergunta certa é a que faço com o coração
Arrasou. Também vi, não só minha mãe, mas também meu pai se lascarem na miséria. Me tornei escritora por falta de opção profissional. Não ganhei dinheiro com literatura, mas ganhei identidade. No mundo real, no Brasil em especial, a independência financeira é utopia, vive-se na guerra pela sobrevivência. Claro que há uma elite, sempre há. Sobre o envelhecimento, é um tema precioso para mim, cuidei dos meus pais, ela se foi aos 94 e ele aos 102.
Verdade Cida, sempre na luta para sobreviver
Se tivesse lido esse livro aos 20 anos, teria empenhado mais em minha profissão. Não teria sido apenas uma professora de rede estadual. Me deu prazer, orgulho, mas não independência financeira. Isso , eu lamento!
Ser professora da rede pública básica é um grande desafio. Não lamento por também ter sido. O problema do baixo salário não é da mulher, mas do Brasil.
Foi o caminho da minha liberdade
Mirian, nessa manhã fizemos transplante de flores palmas no jardim. Devido a muitas mudas, a floração se espalhou. Palmas, Mirian, no plural pela relevância do cuidado e respeito às Ciências Sociais. À todas às Mirians, Palmas de todos os jeitos e todas as cores.
Que lindo Carlos. Amei
Seu texto foi removido porque infringe as regras de uso do site.
Pode ser. Mas há algo em Simone que vai além de qualquer sistema. Sua liberdade teve um preço que ela pagou com muita coragem e sabedoria. E não estava sozinha, tinha um grande homem ao seu lado.
Que alma linda! Você é uma inspiração pra mim.
Menos, muito menos. Não precisa exagerar.
Que lindo, fiquei emocionada Luz
O importante Mirian é jamais deixar de fazer perguntas....
Mas fico querendo encontrar as perguntas certas
Verdade Eduardo, jamais
Parabéns a jornalista, uma mulher de valor como mostram suas credenciais e que se destaca pelo estudo e cultura em vez de futilidades .
Maria Bethania Malato, assino embaixo.
Sou antropóloga e pesquisadora Maria Bethania e estudo há mais de trinta anos o envelhecimento e a felicidade
Um dos grandes desafios da área de humanas está em conseguir encontrar pepitas de ciência em meio à s toneladas de opiniões. Nesse ponto, como a colunista citou Einstein, um fÃsico tem mais facilidade em separar ciência do falatório pseudo-cientÃfico.
Li seu livro no mestrado que concluà em 2023, aos 52 anos, leitura fluida que dialoga com o leitor. Sua pesquisa é muito relevante para nós, mulheres livres e envelhecentes.
Fico muito feliz Iara
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